segunda-feira, 11 de abril de 2011

O POETA VAI À LUTA

Por Celina de Holanda

Quando a palavra é muito pouco
para o amigo
e minhas mãos estão vazias,
sua urgência dói
como nervo exposto ao frio,
a dor, esticando o fio,
no espanto de vê-lo erguer-se
silencioso e partir
com sua lança tão frágil
vergando na ventania.


E ERA O ENGENHO BRILHANTE

E era Yayá, caseira
Do antigo engenho Brilhante,
Seca de corpo, viúva
Desse querer redondo
De esposa e mãe, Yayá
Só lágrimas por minha mãe
Morta ainda jovem e que amara
Noutras terras desde a infância
Na casa dos meus avós
João Batista Acyoli Wanderley Lins
E sua mulher Joana
A que chamavam Doninha
Dos Pais Barreto do Cabo
Unindo os Barreto aos Lins.

Lembrando o engenho Brilhante
Nos vidros da guilhotina
De suas janelas amplas,
Se passo lembro a menina,
De verde, só vejo as canas,
De vivo, só o cavalo
Pisoteia a estribaria,
Solta a energia no pasto
Enquanto aguarda seu dono
(meu Tio, depois meu sogro)
Doutor Manuel Clementino
Cavalcanti de Albuquerque,
Senhor do engenho Pantôrra,
Pela Europa viajando.

Fonte: Cadernos da Poesia Pernambucana 2
Edições Pirata – Geração 65
(Págs. 16 e 17)
Celina de Holanda Cavalcanti de Albuquerque é a Patrona da Academia Cabense de Letras.

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