VERSOS ÍNTIMOS
Vês ! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera !
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga é a mesma que apedreja
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga
Escarra nessa boca que te beija
VANDALISMO
Meu coração tem catedrais imensas, 
Templos de priscas e longínquas datas, 
Onde um nume de amor, em serenatas, 
Canta a aleluia virginal das crenças.
Na ogiva fúlgida e nas colunatas 
Vertem lustrais irradiações intensas 
Cintilações de lâmpadas suspensas 
E as ametistas e os florões e as pratas.
Com os velhos Templários medievais 
Entrei um dia nessas catedrais 
E nesses templos claros e risonhos...
E erguendo os gládios e brandindo as hastas, 
No desespero dos iconoclastas 
           Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos! 

 
 
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