sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo dia às 8 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão. E hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução. Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela. Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho. - Ah, eu adoro essas cortinas... - Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um pouco... - Isto não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo. Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem... Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem. - Simples assim? - Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em consequência, os sentimentos. Calmamente ela continuou: - Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de Lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica. Depois me pediu para anotar: COMO MANTER-SE JOVEM 1. Deixe fora os números que não são essenciais. Isto inclui a idade,o peso e a altura. Deixe que os médicos se preocupem com isso. 2. Mantenha só os amigos divertidos. Os depressivos puxam para baixo. (Lembre-se disto se for um desses depressivos!) 3. Aprenda sempre: Aprenda mais sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja. Não deixe que o cérebro se torne preguiçoso. 'Uma mente preguiçosa é oficina do Alemão.' E o nome do Alemão é Alzheimer! 4. Aprecie mais as pequenas coisas. 5. Ria muitas vezes, durante muito tempo e alto. Ria até lhe faltar o ar. E se tiver um amigo que o faça rir, passe muito e muito tempo com ele ou ela! 6. Quando as lágrimas aparecerem, aguente, sofra e ultrapasse. A única pessoa que fica conosco toda a nossa vida somos nós próprios. VIVA enquanto estiver vivo. 7. Rodeie-se das coisas que ama: Quer seja a família, animais, plantas, hobbies, o que quer que seja. O seu lar é o seu refúgio. 8. Tome cuidado com a sua saúde: Se é boa, mantenha-a. Se é instável, melhore-a. Se não consegue melhorá-la , procure ajuda. 9. Não faça viagens de culpa. Faça uma viagem ao centro comercial, até a um país diferente, mas NÃO para onde haja culpa 10. Diga às pessoas que ama que as ama a cada oportunidade. "Nada vale a pena se não tocarmos o coração das pessoas."

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

FELICIDADE

Paulo Alexandre da Silva Felicidade é nós nos olharmos com ternura Sem nos importarmos com a amargura Que a cidade nos traz E depois do olhar: Nós dois que estamos em eterno "cio" Sentirmos o cheiro do amor Mesmo que este - como disse o poeta: Seja infinito enquanto durar! E como disse o profeta: Devemos atender o chamamento do Amor! Dê-me as suas mãos, Pouco importa a extensão do infinito desse amor; E que em nossos caminhos Existam pedras e espinhos Ou sejam agrestes escalpados. Porém, na profundíssima penetração Daquilo que eu tenho que mais gostas Naquilo que tu tens que mais gosto. É na chegada do clímax, Do gozo maior, "Estrelas mudam de lugar, chegam mais perto só pra ver"... Felicidade é isso aí e nada mais. Março de 1986, foi editado o nº 04 do Alternativo Poético SÓ(L) DE VERSOS. Além da participação do poeta Paulo Alexandre da Silva, participaram também os poetas: Ronaldo Menezes, Rinaldo Almeida, Genilson Marcelino, Dita, Jeová de Morais, Tereza Soares, Vera Rocha, Valdir Soares, Antonino Júnior e Natanael Lima Jr.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

POESIA PREMIADA EM 2010 – CANTO AO CEARÁ

XII Prêmio Ideal Clube de Literatura Poesia selecionada para coletânea do XII Prêmio Ideal Clube de Literatura. Obra lançada no dia 21 de janeiro de 2010. Seu título é: CANTO AO CEARÁ. Poesia que escrevi para minha terra natal, embora seja da opinião que todo cidadão é cidadão do mundo. As relações de cada um com o planeta é formada por ondas concêntricas, que formam um todo. Primeiro a casa em que se morou, depois o bairro, a cidade, o Estado, o País, O Continente, o Planeta... Sem nenhum excluir a importância do outro. Cada local tem a sua devida importância subjetiva e objetivamente igual importância. Tentei unir o pensamento moderno do poeta com o estilo de cordel numa lingugem clássica. Gonçalves Dias em sua “Canção de Exílio”, através de sua terra, homenageou o Brasil. Camões, com “Os Lusíadas”, cantou todas as conquistas dos portugueses. Homero com a “Ilíada” eternizou a história do povo grego. Depois de muitas andanças pelo Estado do Ceará e continuo peregrinando, escrevi um canto ao meu Estado natal. Inspirado, sobretudo, pela cultura e pelas paisagens. Se gostar divulgue. Se quiser e puder, comente! Que os que não forem cearenses consigam ver o Ceará pela lente da minha poesia, os que forem cearenses, caso não gostem, minhas desculpas. Boa leitura e espero agradar:

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

ANARQUISMO - A Ilusão do Sufrágio Universal

Abaixo o proselitismo... mas o anarquismo ficou na memória coletiva como bagunça, ausência de ordem. Os próprios seguidores confundiram as coisas. Muita gente não sabe que o significado real é ausência de governo. Quando vemos o quadro político brasileiro através do prisma do pensamento anarquista, temos bastante a refletir. Vejam o que Mikhail Bakunin ( 1814 – 1876), o russo que foi um dos pilares do movimento, escreveu, lá no século XIX: A Ilusão do Sufrágio Universal "Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a Natureza Humana” que modernidade!!!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

EU VI

Vera Rocha Eu vi um país quedar-se em descrença Tal qual árvore gigante ao golpe de machado. Eu vi grossas lágrimas rolarem No rosto de seres famintos, Tal qual água nas cachoeiras. Eu vi um pai desolado, amargurado, Revoltado, desempregado... Igual a milhares em romaria. Eu vi uma mãe esquálida de peitos Em pele, sem leite para amamentar Seu rebento que gemia, Tal qual o seio de um rio estorricado Pela seca impiedosa. Eu vi um pivete arrancar A carteira de um cidadão, Tal qual homens de poder Arrancam da sociedade a esperança E a ilusão. Vera Rocha é membro da Academia Cabense de Letras

INSTANTE MÁGICO

Frederico Menezes Por que marcas meu peito com o aço da solidão e os teus olhos chovem por dentro de mim, como a tormenta no Pacífico? Se me invades e, tomando cada canto da alma, da sala, dos sonhos, insistes em ficar, por que não me falas com frequência? Interrogo a tudo o que me cerca e nem a vida me responde e nem teu silêncio me diz, e nem a própria dor conforta; pareceu um instante mágico; por um momento acreditei no tempo... Tu ao alcance das mãos, sem barreiras, sem muros, sem inibições. Foi rápido este instante, relâmpago, fugaz, que como um lapso de tempo, me encantou. • Frederico Menezes é membro da Academia Cabense de Letras.

RÉU

Nelino Azevedo Quero estar preso em mim hermeticamente fechado habitando meus mundos domesticando meus pesadelos desfazendo e tecendo minhas ilusões como um eterno Sísifo. Sou meu próprio deus mas perdi a fé -talvez nunca a tive Sou apenas um ateu de mim mesmo enjaulado em mim mesmo engessado nas fardas da minha própria voz fisgado pelo anzol da desesperança. Sou réu nesse mundaréu de deuses e re(i)ses sem nenhuma razão e sem nenhuma utopia mas com a única certeza de que a humanidade é a mãe de todos os males. *Nelino Azevedo é o presidente da Academia Cabense de Letras.

TUDO BEM

Tereza Soares* Não quiseste meu semblante Não tiveste Não tiveste minha indumentária de dor Não sofreste Não saíste do teu lago encantado Não partiste Não pisaste a grama com medo de estragar a flor Não lamento Estava tudo certo, embora errado Agora bem Curvo e reto Ondulado. *Tereza Helena Soares é membro da Academia Cabense de Letras

COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ

Antonino Oliveira Júnior* A minha paixão por você é coisa antiga. Desde pequeno. Cresci com essa paixão alimentando esse amor dentro do coração. Muitas vezes, viajei e meus olhos se encantaram com mais diversos tipos de beleza. E cheguei a ser infiel, por alguns momentos. Mas foram apenas aqueles momentos de fraqueza humana De volta, já perto de você, o amor antigo, sincero, definitivo, sempre reacendeu, preservando nossa história de amor. Uma história conturbada, eu sei, mas, de amor, do mais puro amor. Doía muito e ainda dói, quando alguém machuca você. Às vezes eu gostaria de ser um cara possessivo, daqueles que transformam amor em propriedade individual e intransferível, para que você só tivesse olhos para mim e que só eu pudesse curtir você, ao adormecer e despertar. Mas, ao contrário, sempre fui muito liberal e nada egoísta, ao ponto de aceitar você ser cortejada, tocada e usada por tanta gente que nem lhe merecia. E quantas brigas tivemos! Como sofri esses anos todos, alimentando o ciúme que senti, todas as vezes em que em que davas ouvido e atenção a quem se aproximava de você apenas para usar e jogar fora. Mas também tivemos muitas alegrias juntos. No segredo de nossos encontros, de nossa intimidade afetiva, soubemos curtir como ninguém essa paixão. Em cada banco de praça, em cada rua estreita, em cada beco ladeiroso, em cada momento de sua história, o nosso amor se fez presente. Velha, mal tratada e vilipendiada, você olha triste para mim, como quem pede socorro e chora. E eu choro com você. Sinto raiva de quem lhe magoa e queria abraçar você todinha, colocar no meu colo e dizer baixinho ao seu ouvido: -Ah! Minha cidade, como é grande o meu amor por você! *Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras.

PARA NÃO NOS ESQUECERMOS

Douglas Menezes Na década de oitenta do século passado, um grupo de jovens aqui do cabo de Santo Agostinho fundou um folheto poético chamado “Para não nos Esquecermos”. Natanael Júnior, Paulo Cultura, de saudosa memória, Antonino Júnior, Frederico Menezes, Gerson Santos, Jeová, entre outros, faziam parte desse trabalho, cuja tentativa maior era resgatar o fazer poético da cidade de Santo Agostinho e avivar a memória dos cabenses para a necessidade de se perpetuar o bem imaterial do município através da arte. Foi uma angustiante busca de se produzir uma “Cantiga para não morrer”, como bem diz o grande poeta Ferreira Gullar. E embora de vida efêmera, a publicação foi um grito, uma chamada de atenção, um incentivo para que não deixássemos de falar, de ter voz, de mostrar à ditadura, principalmente a nível da cidade, que nós estávamos vivos, que tínhamos corações e mentes e, sobretudo, sensibilidade. Fazíamos parte do grupo e não lembramos bem quem colocou o título tão sugestivo. O certo é que, a partir daquela edição, alguns companheiros não pararam mais de produzir literatura, embora uns tivessem feito um hiato e depois retornado à produção. Parte deles lançou livros, que hoje são antológicos dentro do fazer literário da cidade do Cabo. Natanael Júnior conseguiu a façanha de publicar um livro pelas Edições Piratas, um dos movimentos mais significativos do século vinte na cultura pernambucana. Podemos mesmo dizer que a década de oitenta fez surgir boa parte da hoje Academia Cabense de Letras. Aqueles sonhadores não pleiteavam fama, glória literária, mas apenas um espaço para poder cantar o que a alma implorava.E lembremos: isto ainda na ditadura militar, onde a liberdade de expressão se mantinha cerceada. Aqueles jovens escritores confirmaram, também, a visão de que se podia fazer cultura sem a tutela do poder público, à época, como hoje, insensível aos bens imateriais de uma comunidade. Mostraram que é possível dizer “as coisas” sem o carimbo oficial” que, muitas vezes, tiram a chance do artista ser realmente livre para realizar seu trabalho. Sua arte sobrevivia da necessidade de produzir esteticamente e de fazer história,deixando claro que a cidade é o povo, com o seu cotidiano sofrido, com sua tradição natural. As pessoas simples é que fazem a historiografia de um lugar, pois o poder é passageiro e muitos dos governantes são jogados apenas no lixo dos anos que se passam. “Para não nos Esquecermos” teve vida curta, foi sucedido pelo bem mais elaborado “Sol de Versos”, mas, embora quase esquecido, deixou semente e marcou nossa existência. Guardamos suas edições como a um tesouro que não tem preço. Em seu último e eterno número a frase emblemática, que resume o espírito romântico, rebelde, histórico e identificador com a cidade: “Tem Arte e Artistas nas Ladeiras do Cabo de Santo Agostinho”.Lição que os novos deveriam assimilar, pois assusta como, a passos largos, perdemos a identidade e o humanismo. Tornamo-nos cosmopolitas e ricos economicamente, mas estamos esquecendo de beber a água da fonte da espiritualidade que é a cultura. E antes que seja muito tarde, façamos o retorno sem deixar de avançar. Toquemos o presente buscando inspiração no passado “para não nos esquecermos”. - JANEIRO DE 2010 *DOUGLAS MENEZES é professor e membro da Academia Cabense de Letras

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

OFICINA GRATUITA DE XAXADO

No Teatro Barreto Jr, dia 23 de Janeiro, sábado, a partir das 9 horas da manhã, Oficina de Xaxado, inscrições grátis no local, promovida pelo Ponto de Cultura Bacamarte: Tiro da Paz, em convênio com a Fundarpe. O Ponto de Cultura é coordenado pelo poeta e artista plástico Ivan Marinho, que também integra o grupo de Bacamarteiros do Cabo de Santo Agostinho.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

LIBERDADE PARA SONHAR

Ao longo da vida, passamos a ter conhecimento da fidelidade à obrigação e à perseverança de objetivos nos óbices e nas tristezas. Toda pessoa que empunha essa bandeira é como alguém lutando em vão, nadando contra a correnteza do rio feroz, com suas ondas e abismos que muitas vezes nos dominam completamente. A maioria dos homens se rende frente a essa opressão e é jogado para fora ou para o fundo dessas correntezas. Somente em algumas ocasiões encontramos o coração resistente e os braços fortes que lutam com garra para atingir a vitória final. A Maçonaria mantém uma campanha permanente contra a ignorância, a intolerância, os preconceitos, a corrupção, a tirania e os erros. Às vezes, na estrada em direção ao horizonte de lucidez, nos defrontamos com a indiferença dos nossos próprios irmãos e do mundo dito profano. Porém, acreditamos em Deus que é o Grande Arquiteto do Universo e que o mesmo tem um interesse pessoal por cada um de nós; a quem ele deu uma alma imortal, dotada do livre arbítrio, cuja ânsia natural e instintiva pelo bem será devidamente recompensada. Consciente da nossa pequenez frente ao plano divino, mas seguros dos nossos sonhos é que devemos ter e demonstrar a fé, pois a verdadeira luz certamente brilhará para elucidação e felicidade de todos. João Sávio Sampaio Saraiva é membro da Academia Cabense de Letras e da Academia Maçônica de Letras de Olinda.
Zilda Arns é um exemplo de liderança e determinação. Ela é fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança, e suas ações ajudam a salvar milhares de crianças todos os anos, até mesmo fora do Brasil. Sai ano, entra ano e, na época do Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, sempre vem à tona a discussão dos direitos e conquistas do sexo feminino. Por vezes, somos levados a crer que essas conquistas e discussões são recentes, mas exemplos de grandes mulheres provam o contrário. Médica pediatra e sanitarista, a doutora Zilda Arns Neumann é um deles. Sua história se confunde com a da Pastoral da Criança, uma das mais importantes e reconhecidas ONGs brasileiras, que por meio do acompanhamento de crianças e gestantes ajudou a diminuir a mortalidade infantil em todo o país. Nascida em 1934, em Santa Catarina, até hoje Zilda Arns guarda o sotaque alemão típico daquela região. Indicada no ano passado ao Prêmio Nobel da Paz (será novamente este ano), a doutora Zilda, ou dona Zilda — como é chamada em algumas comunidades —, é uma líder nata, que inspira tranqüilidade, firmeza e doçura. Viúva, ela tem cinco filhos, oito netos e é irmã de algumas das maiores personalidades da vida religiosa brasileira: dom Paulo Evaristo Arns e dom Crisóstomo. E foi junto com o irmão dom Paulo que, em 1982, ela teve a idéia de que a Igreja poderia ajudar a reverter a situação da mortalidade infantil no Brasil. Em pouco tempo e com o apoio da Unicef, nascia a Pastoral da Criança, no município de Florestópolis, no Paraná, onde o índice de mortalidade chegava a 127 mortes a cada mil crianças nascidas vivas. Rapidamente, a Pastoral conseguiu ótimos resultados, reduzindo a mortalidade infantil para 28 por mil após um ano de atividades. E com o apoio da Igreja Católica, foi levada a todos os 27 estados do país. Hoje, Zilda coordena aproximadamente 155 mil voluntários, presentes em 32.743 comunidades dentro de bolsões de pobreza e miséria de 3.555 municípios brasileiros. Em 2001, a Pastoral registrou uma taxa de mortalidade infantil inferior a 13 mortes para cada mil crianças nascidas vivas. Só para se ter uma idéia da importância desse índice, a média nacional de mortalidade infantil no país é de 34,6 óbitos por mil crianças nascidas vivas, segundo o Unicef.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

IVAN MARINHO VENCE FESTIVAL DE POESIAS

O poeta e artista plástico alagoano Ivan Marinho de Barros Filho recebeu o prêmio de primeiro lugar no Festival de Poesias Jaci Bezerra. Com a poesia Barroquilhas, que alude à solidão indispensável à lida do poeta, perante o estado mágico da criação, ele venceu o festival, encerrado com a entrega da premiação, dia 6 de junho, no Museu da Imagem e do Som (Misa), em Maceió. Mais de 78 trabalhos foram avaliados e após quase um mês de avaliação, a comissão julgadora chegou ao resultado. Além de Ivan Marinho, venceram os poetas: Eder Rodrigues (2º lugar da comunidade geral), José Carlos Cavalcanti Silva (1º lugar dos estudantes) e Walney Rodrigues Menezes (2º lugar). O artista alagoano está radicado há 27 anos em Pernambuco. Nascido em Maceió, em abril de 1965, Ivan Marinho vive atualmente na cidade de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Formado em Educação Física, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o poeta tem larga experiência com gestão pública e, quando diretor do departamento de cultura do Cabo de Stº Agostinho, criou o Encontro Celina de Holanda de Poetas Recitadores, o Encontro Pernambucano de Coco de Roda e, atualmente coordena, na prefeitura do Recife, o Recitata, concurso nacional de poesia oral, que terá sua segunda versão no Festival Recifense de Literatura, em agosto. Sua paixão pela arte começou desde criança, quando ouvia os poemas recitados por seu avô André Teixeira Costa. "Minha afeição pela leitura de poemas nascera daqueles recitais íntimos com meu avô e se prolongou por toda vida", relembra o artista. "Sempre gostei de recitar e minhas primeiras apresentações públicas foram em comícios pelas eleições diretas e pela anistia política; cheguei a ser suspenso da UFPE por causa de poemas satíricos e do embate direto com o autoritarismo da época", acrescenta. Além de suas inúmeras poesias, o artista como o também alagoano, Jorge de Lima e o pernambucano Lula Cardoso Ayres, tem inúmeras obras de artes, com as quais conseguiu obter várias premiações. "Meu primeiro prêmio foi com pintura em 1984; em seguida com poesia no Festival Nacional de Arte Alternativa e posteriormente, recebi uma menção honrosa com pintura no Prêmio Bandepe – Valor Pernambucano", conta Ivan Marinho. O artista tem ainda lançado o livro Anti-horário, com prefácio de Alberto da Cunha Melo e posfácio de Erickson Luna. Participação no CD Vários Poemas e na coletânea Poesias e Prosas de Uma Terra de 500 anos, bem como na coletânea Marginal Recife, da prefeitura do Recife. Sua última publicação foi o cordel A Arte Contemporânea e a Bestalhice, uma sátira ao vale-tudo artístico que teve seu advento com o pós-modernismo."Esse cordel, polêmico, foi enriquecido com os comentários de Affonso Romano de Santanna e Allan Sales, o menestrel do Cariri, o mais profícuo cordelista de nossos tempos; são relações que nos ajudam a crer que estamos no caminho certo!", completa. Poesia vencedora Barroquilhas Por: Ivan Marinho de Barros Filho Nas madrugadas insones Sinto o tropel de chegada, Sem ordem, desarrumadas, De palavras, letras, nomes. Balançam, saltam, deslocam, Sem ritmo nem direção E da inquietação Algo parece que evocam. Todas de tanto maduras Encontram-se a se encaixar, Como que a despertar Do sonho que se inaugura. Então se cruza o ensejo Com o anseio ancestral, Nivelando ao animal O instintivo desejo. E preterindo o futuro Faz da noite a luz do dia E a esfera, por magia, Amolece o papel duro. Pois o papel do poeta É deixar claro o escuro. IVAN MARINHO é membro da Academia Cabense de Letras

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

AOS TRAMPOS E BARRANCOS... O AMADURECIMENTO

Durante uma era glacial, muito remota, quando o Globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem as condições do clima hostil. Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso. Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doiam muito……. Mas, essa não foi a melhor solução: afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram, voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos. Assim, aprendendo a amar, resistiram a longa era glacial. Sobreviveram. "Quanto mais nos ocupamos com a felicidade dos outros, maior passa a ser nosso senso de bem-estar. Cultivar um sentimento de proximidade e calor humano compassivo pelo outro, automaticamente coloca a nossa mente num estado de paz. Isto ajuda a remover quaisquer medos, preocupações ou inseguranças que possamos ter, e nos dá muita força para lutar com qualquer obstáculo que encontrarmos. Esta é a causa mais poderosa de sucesso na vida." Tenzin Gyatso, XIV Dalai Lama Prêmio Nobel da Paz de 1989

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

MÁRIO QUINTANA

CANÇÃO DE GAROA em cima do meu telhado pirulin lulin lulin, um anjo, todo molhado, soluça no seu flautim. o relógio vai bater: as molas rangem sem fim. o retrato na parede fica olhando para mim. e chove sem saber por quê... e tudo foi sempre assim! parece que vou sofrer: pirulin lulin lulin (Mario Quintana, Nariz de vidro)

QUE PROGRESSO É ESSE?

Quem viveu a infância e parte da juventude freqüentando a praia de Gaibu, com sua rústica paisagem, seu visual poético, seu silêncio só quebrado pelo canto das ondas e a conversa do vento, seu ambiente bucólico, com ainda vegetação intocável e seu arruado de casas de pescadores, nativos e alguns veranistas, não deixa de ficar, hoje, desapontado com o clima sufocante e o ar poluído do ex-paraíso. Como dói observar um amontoado de casas e apartamentos convivendo já com algumas favelas e o crescimento desordenado que compromete a qualidade de vida. Gaibu perdeu a total identidade, é mais uma vítima da insaciável exploração imobiliária e da falta de planejamento por parte do poder público. Infelizmente esse mal que aflige todo o país, terminou contaminando nosso cartão-postal. Lembro, e a memória não mente, as excursões a pé até a praia, passando pelo engenho Garapu, Boa Vista e a mata do Boto. O intenso cheiro de manga e caju, o aroma pesado e puro da selva, esfriando o clima, pureza que agora é quase só lembrança. Naquela época, os homens imaginavam que progresso seria devastar, lotear, fazer dinheiro a qualquer custo. Se mudou um pouco a consciência hoje, parece-me tarde, irremediavelmente tarde. Recordo, a gente pensava serem os usineiros a pior coisa do mundo como empresários. Não se podem negar o conservadorismo, o tratamento desumano para com os trabalhadores da palha da cana e a gananciosa visão escravocrata dos donos de usina.. Eu via,ainda menino, os caminhões passando pela rua da matriz, final de tarde, cheio de trabalhadores tristes, voltando de uma jornada estafante e sem dinheiro no bolso. Mas ali já havia uma luta para que um dia a vida melhorasse para aquele povo. Os usineiros não eram bons, porém deixavam a paisagem intacta, cheiro doce dos canaviais e das frutas. Mudaram os tempos.E com eles uma revolução necessária para que a região não estagnasse. Realmente um sopro de desenvolvimento que aqui chegou fez bem ao cabo de Santo Agostinho, a vida das pessoas mudou, com certeza para melhor. No entanto só se viu um lado. A cidade não foi planejada, sofreu por isso nossa maior riqueza ecológica: o litoral. Inevitável a explosão imobiliária. Loteamentos em profusão sem que se pensasse no desenvolvimento sustentável. A ignorância e o desejo de lucro impediram a convivência harmônica entre a natureza e o progresso. Dizer que se vive bem em Gaibu, é desconhecer as preocupações do mundo em relação ao meio ambiente hoje.É não enxergar a crescente violência, a falta de lazer cultural, as drogas, a poluição sonora, de quem acha que barulho é melodia e a devastação das matas, rios e córregos, apesar das vozes que protestam. É não sentir a ausência do nativo: expulso ou forçadamente adaptado ao novo momento. Gaibu que eu conheci, agora é tão-somente um pedaço de memória, é algo que a mente retém e que faz os olhos chorarem de saudade. Douglas Menezes é professor, escritor e membro da Academia Cabense de Letras.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

20 CONSELHOS FUNDAMENTAIS

As universidades de Harvard e Cambridge publicaram recentemente um compêndio com 20 conselhos saudáveis para melhorar a qualidade de vida de forma prática e habitual 1- um copo de suco de laranja diariamente para aumentar o ferro e repor a vitamina C. 2- salpicar canela no café (mantém baixo o colesterol e estáveis os níveis de açúcar no sangue). 3- trocar o pãozinho tradicional pelo pão integral que tem quase 4 vezes mais fibra, 3 vezes mais zinco e quase 2 vezes mais ferro que tem o pão branco. 4- mastigar os vegetais por mais tempo. Isto aumenta a quantidade de químicos anticancerígenos liberados no corpo. Mastigar libera sinigrina. E quanto menos se cozinham os vegetais, melhor efeito preventivo tem. 5- adotar a regra dos 80%: servir-se menos 20% da comida que ia ingerir evita transtornos gastrintestinais, prolonga a vida e reduz o risco de diabetes e ataques de coração. 6- o futuro está na laranja, que reduz em 30% o risco de câncer de pulmão. 7- fazer refeições coloridas como o arco-íris. Comer uma variedade de vermelho, laranja, amarelo, verde, roxo e branco em frutas e vegetais, cria uma melhor mistura de antioxidantes, vitaminas e minerais. 8- comer pizza. Mas escolha as de massa fininha. O Licopene, um antioxidante dos tomates pode inibir e ainda reverter o crescimento dos tumores; e ademais é melhor absorvido pelo corpo quando os tomates estão em molhos para massas ou para pizza. 9- limpar sua escova de dentes e trocá-la regularmente. As escovas podem espalhar gripes e resfriados e outros germes. Assim, é recomendado lavá-las com água quente pelo menos quatro vezes à semana (aproveite o banho no chuveiro), sobretudo após doenças quando devem ser mantidas separadas de outras escovas. (Após uma gripe ou uma dor de garganta higienizar a escova com água sanitária) 10- realizar atividades que estimulem a mente e fortaleçam sua memória... Faça alguns testes ou quebra-cabeças, palavras-cruzadas, aprenda um idioma, alguma habilidade nova... Leia um livro e memorize parágrafos. 11- usar fio dental e não mastigar chicletes. Acreditem ou não, uma pesquisa deu como resultado que as pessoas que mastigam chicletes têm mais possibilidade de sofrer de arteriosclerose, pois tem os vasos sanguíneos mais estreitos, o que pode preceder a um ataque do coração. Usar fio dental pode acrescentar seis anos a sua idade biológica porque remove as bactérias que atacam aos dentes e o corpo. 12- rir. Uma boa gargalhada é um 'mini-workout', um pequeno exercício físico: 100 a 200 gargalhadas equivalem a 10 minutos de corrida. Baixa o estresse e acorda células naturais de defesa e os anticorpos. 13- não descascar com antecipação. Os vegetais ou frutas, sempre frescos, devem ser cortados e descascados na hora em que forem consumidos. Isso aumenta os níveis de nutrientes contra o câncer. 14- ligar para seus parentes/pais de vez em quando. Um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard concluiu que 91% das pessoas que não mantém um laço afetivo com seus entes queridos, particularmente com a mãe, desenvolvem alta pressão, alcoolismo ou doenças cardíacas em idade temporã. 15- desfrutar de uma xícara de chá. O chá comum contém menos níveis de antioxidantes que o chá verde, e beber só uma xícara diária desta infusão diminui o risco de doenças coronárias. Cientistas israelenses também concluíram que beber chá aumenta a sobrevida depois de ataques ao coração. 16- ter um animal de estimação. As pessoas que não têm animais domésticos sofrem mais de estresse e visitam o médico regularmente, dizem os cientistas da Cambridge University. Os mascotes fazem você sentir se otimista, relaxado e isso baixa a pressão do sangue. Os cães são os melhores, mas até um peixinho dourados pode causar um bom resultado. 17- colocar tomate ou verdura frescas no sanduíche. Uma porção de tomate por dia baixa o risco de doença coronária em 30%, segundo cientistas da Harvard Medical School. 18- reorganizar a geladeira. As verduras em qualquer lugar de sua geladeira perdem substâncias nutritivas, porque a luz artificial do equipamento destrói os flavonóides que combatem o câncer que todo vegetal tem. Por isso é melhor usar á área reservada a ela, aquela caixa bem embaixo. 19- comer como um passarinho. A semente de girassol e as sementes de sésamo nas saladas e cereais são nutrientes e antioxidantes. E comer nozes entre as refeições reduz o risco de diabetes. 20- e, por último, um mix de pequenas dicas para alongar a vida: -comer chocolate. Duas barras por semana estendem um ano a vida. O amargo éfonte de ferro, magnésio e potássio. - pensar positivamente. Pessoas otimistas podem viver até 12 anos mais que os pessimistas, que ademais pegam gripes e resfriados mais facilmente. - ser sociável. Pessoas com fortes laços sociais ou redes de amigos têm vidas mais saudáveis que as pessoas solitárias ou que só têm contato com a família. - conhecer a si mesmo. Os verdadeiros crentes e aqueles que priorizam o 'ser' sobre o 'ter' têm 35% de probabilidade de viver mais tempo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

SÓCRATES E A FOFOCA

Na Grécia antiga, Sócrates era um mestre reconhecido por sua sabedoria. Certo dia, o grande filósofo se encontrou com um conhecido que lhe disse: -- Sócrates, sabe o que acabo de ouvir sobre um de seus amigos? -- Um momento, respondeu Sócrates. Antes de me dizer, gostaria que você passasse por um pequeno teste. Chama-se "Teste dos 3 filtros". -- Três filtros? -- Sim, continuou Sócrates. Antes de me contar o que quer que seja sobre meu amigo, é bom pensar um pouco e filtrar o que vais me dizer. O primeiro filtro é o da Verdade. Estás completamente seguro de que o que me vai dizer é verdade? -- Bem... eu escutei um comentário.... -- Então, sem saber se é verdade, ainda assim quer me contar? Vamos ao segundo filtro, que é o da Bondade. Quer me contar algo de bom sobre meu amigo? -- Não, pelo contrário. -- Então, interrompeu Sócrates, queres me contar algo de ruim sobre ele, que não sabes se é verdade! Ora veja! Ainda podes passar no teste, pois ainda resta o terceiro filtro, que é o da Utilidade. O que queres me contar vai ser útil para mim? -- Não, na verdade não!. -- Portanto, concluiu Sócrates, se o que você quer me contar pode não ser verdade, não ser bom e pode não ser útil, então para que contar? Use este teste toda vez que alguém vier lhe falar a respeito de seus amigos próximos e queridos. A amizade é algo inviolável. Nunca perca um amigo por algum mal entendido ou por comentário sem fundamento.