quinta-feira, 30 de junho de 2011

SEXTA DE LETRAS


A Academia Cabense de Letras continua com o SEXTA DE LETRAS 2011, na próxima sexta, 1º de julho, a partir das 19 horas, na Câmara de Vereadores do Cabo.  O tema proposto será "OS IMPACTOS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO SOBRE A CULTURA REGIONAL", conduzido pelos acadêmicos Jairo Lima , Frederico Menezes e Ivam Marinho com a intervenção dos demais acadêmicos e debate aberto ao público.



O Projeto Sexta de Letras, da ACL Academia Cabense de Letras, acontece sempre na primeira sexta-feira de cada mês estando em sua segunda edição.

terça-feira, 28 de junho de 2011

CAMPANHA PUBLICITÁRIA NA CIDADE DE SÃO PAULO EM OUTDOORS:


·         "Crie filhos em vez de herdeiros."
·         "Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete."
·         "Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela."
·         "Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama."
·         "Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas."
·         "Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?"
·         "Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos."
·         "Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..."
·         "...e quem sabe assim você seja promovido a melhor ( amigo / pai / mãe / filho / filha / namorada / namorado / marido / esposa / irmão / irmã.. etc.) do mundo!"
·         "Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos."
E para terminar: "Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas e não o seu preço."

quarta-feira, 22 de junho de 2011

E O SERTÃO?

Por Valéria Saraiva em 13/01/1999

Homens que olham
Para os seus filhos e choram.
Lembram que o futuro está apagado e choram.
Nas covas vêem sepultados todos os sonhos.
Todos os fantasmas foram convidados para este enterro.

Nem uma gota d’água
Deus não manda mais
Nem uma gota d’água pra trazer a paz
Para este sertão.
Só quem se lembra é o cão.
Só o que não falta é a dor,
É a fome,
É a morte,
É o horror.
A família sofre junta
Reza pra vê se Deus ajuda

Mas no céu
As nuvens não se juntam.
Anoitece e amanhece ateu.
Só o cão do sertão se lembra.
Quando tu hás de lembrar meu Deus?!

terça-feira, 21 de junho de 2011

SEDE DA ACADEMIA CABENSE DE LETRAS



A Academia Cabense de Letras no esforço de poder inaugurar a sua Sede Social antes do dia 27 de Julho, ocasião em que a cidade comemora o Bicentenário de elevação da Paróquia à Vila do Cabo de Santo Agostinho, através do Alvará de 27 de Julho de 1811. A cidade está em festa pelos seus duzentos anos.  

"Lançando o olhar do espírito ao levante
- remota pátria mística da Lenda-
vejo singrar a Igara-açu farfante
que, do Brasil abriu a ignota senda"
(José Plech Fernandes)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

CRÔNICA DO INVERNO


DOUGLAS MENEZES



Tem dia assim. A gente amanhece peito apertado. Vontade de não ver ninguém. Uma tristeza de descrença. Melancolia de criança roubada de seu melhor brinquedo. Dor que vem não sei de onde, nem de qual motivo. Apenas se instala o inverno. Uma mágoa que é só sua, que a ninguém a gente dá direito de compartilhar. Porque “a dor é minha dor”. E é bom que fique aqui dentro o sentimento de que tudo foi em vão, pois a vida não merece a morbidez desse momento.

Explicar como? Tanto barulho, as pessoas rodopiando na praça, o som junino enchendo a gente de alegria, e esse caminhar alheio, esses ouvidos que não ouvem, essa voz que não quer falar. Aqui e ali, um sorriso formal, uma brincadeira de futebol dita sem graça, entusiasmo nenhum, apesar de ser campeão. Só a fala de Mateus pedindo a cacunda cansada consegue ser audível e o aniversário de Caio, sem graça e sem festa, apesar do menino bom e carinhoso.

Chuvisco frio, neve na alma. Um mundo que não se quis, mas um mundo possível é o que se tem. E aí se dorme depois, aos sobressaltos, pensando no que pode vir, na violência enraizada, no medo que ela atinja os seus e roube uma das razões dessa vivência, que no momento é glacial e quase sem vida.

Mas, enfim, chega o sono pesado, a morte de algumas horas. E a esperança de uma manhã que se não for de luz radiante, seja, pelo menos, o início de um nebuloso dia de sol.

13 de junho de 2011.
*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras

HOMENAGEM AO HISTORIADOR DA LIBERDADE


CONVITE

Sinta-se especialmente convidado pela escritora Fátima Quintas, para o lançamento do livro Amaro Quintas, O Historiador da Liberdade, na academia pernambucana de Letras, dia 21 de junho de 2011, às 19h00.
Conversa com Socorro Ferraz (UFPE) e Ivanildo Sampaio (Jornal do Commercio). Apresentação do Quarteto Vicente Fittipaldi, do Conservatório Pernambucano de Música.

O que: Lançamento do livro: Amaro Quintas, O Historiador da Liberdade.
Onde: Academia Pernambucana de Letras – Av. Rui barbosa, 1596, Graças, Recife - PE
Quando: dia 21 de junho de 2011

Convite em anexo.

Atenciosamente
Cássio Cavalcante
Secretário Geral da UBE-PE
Cadeira de Nº 01 da ARL

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O LIVRO DA LEI


A FELICIDADE E A VERDADEIRA AMIZADE

"Por raro que seja um verdadeiro amor, é mais rara ainda a  verdadeira amizade" (La Rochefoucauld)
Estamos todos para "aprender e ensinar", depende de nós essa regeneração do gênero humano, mesmo que digam ser uma utopia vamos em frente, cada um fazendo o seu trabalho de procurar entender e fazer com que entendam os ensinamentos Maçônicos.
O mestre também aprende e o discípulo também ensina, não se esqueçam disto, somos senhores e servos. A quem vamos servir e quem vamos comandar nos dirá se terá valido a pena ter mais uma vez existido. Tudo é uma questão de SABER e oportunidade.
" Nunca o sono te feche as pálpebras sem que antes hajas perguntado a ti mesmo:
- Que fiz eu? Que deixei de fazer neste dia?
Se praticaste o mal, recua; persevera se praticaste o bem" (Pitágoras)

TATU LITERÁRIO

Algumas farpas lançadas pelo escritor Lêdo Ivo, 86 anos

- É claro que a exuberância da paisagem atrapalha. Veja o problema amazônico: a paisagem no Brasil sai pelo ladrão. Isso se reflete na literatura brasileira. É uma literatura muito paisagística, muito  cosmética. É raro, no Brasil, um escritor do tipo de Machado de Assis, um “tatu literário", que sonda as almas. Uma das funções da literatura é o estudo da condição humana. Você não pode fazer uma literatura cosmética, só de fora. Você tem de fazer uma literatura “de dentro”. Isso falta ao Brasil! É um país que tem uma literatura muito desespiritualizada, uma literatura muito de superfície.

-  O calor excessivo não ajuda a reflexão. Os escritores europeus produzem, em geral, nos meses de frio. Baudelaire anseia pelo frio para escrever seus poemas! Aqui no Brasil, o calor atrapalha muito”.

- Não consigo passar da página três de nenhum livro de teoria literária, porque não sei em que língua são escritos.

- O sistema de difusão cultural no Brasil mudou. Já não temos críticos literários. Quando surgi, havia críticos como Antônio Cândido, Sérgio Buarque de Holanda, Álvaro Lins e Wilson Martins – que me reconheceram. Pude sair do anonimato e me tornar uma figura pública. Hoje, o ”juiz literário” do poeta é o repórter do segundo caderno.

- Antes, vinha gente de Minas Gerais para ver Olavo Bilac passar na avenida. Hoje, ninguém vem nem de Nova Iguaçu para ver um de nós passar pela avenida Presidente Wilson!” - Noto que os jovens poetas não têm o senso da tradição literária. Não leram Dante, não leram Skakespeare. Não é culpa deles apenas. É culpa do sistema educacional ! As escolas começaram a privilegiar o presente, como se o Brasil tivesse começado na Semana de Arte Moderna!

- Desde que, na ditadura militar, se substituiu o estudo da gramática pela chamada “comunicação e expressão”, as novas gerações começaram a falar muito mal. É uma linguagem padronizada – e, às vezes, de grunhidos…

Seu primeiro livro foi As Imaginações. Fez jornalismo e tradução. Da sua vasta obra, destacam-se títulos como Ninho de Cobras, A Noite Misteriosa, As Alianças, Ode ao Crepúsculo, A Ética da Aventura ou Confissões de um Poeta.
É membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em 1986 para a cadeira 10, sucedendo a Orígenes Lessa.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O MILAGRE DA VIDA

                                                            Albert Einstein

Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.


Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O AMOR


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa


TEU SEGREDO

Flores envenenadas na jarra.
Roxas azuis, encarnadas, atapetam o ar.
Que riqueza de hospital.
Nunca vi mais belas e mais perigosas.
É assim então o teu segredo.
Teu segredo é tão parecido contigo
que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco
como se o teu enigma fosse eu.
Assim como tu és o meu.


Clarice Lispector

ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS!


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pátio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

OLAVO BILAC


segunda-feira, 6 de junho de 2011

IDEALISMO

(Augusto dos Anjos)

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.

O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?!

Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
-Alavanca desviada do seu fulcro-

E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O PAPEL DA ESCOLA NA HUMANIZAÇÃO DAS PESSOAS

Nelino Azevedo de Mendonça

A importância de repensar o papel da escola enquanto instituição responsável pelos processos formativos destinados às maiorias sociais surge, atualmente, como uma condição fundamental para que se possa reorientá-la na direção dos interesses, anseios, desejos e realidade sociocultural das classes populares.


Tal necessidade se justifica pelo fato de a escola não responder, tanto na sua concepção quanto na sua organização, às expectativas que as classes populares da sociedade esperam dela, que é contribuir de forma substantiva para o seu êxito social. Essas questões devem ser consideradas para que se repense a escola no que diz respeito ao seu papel histórico, à sua meta educacional e à sua finalidade, enquanto ofertante de processos educacionais dirigidos às populações historicamente excluídas da sociedade.

Em conversa sobre o papel e o futuro da escola, Miguel Arroyo afirma que a escola básica se construiu de maneira muito descaracterizada, sempre foi uma escola para algo, uma escola para tirar os analfabetos do analfabetismo, ou para preparar o cidadão para a República, ou para o emprego, ou para o vestibular. A escola e a educação básica tiveram um caráter propedêutico, preparatório: preparatório para a próxima série, para o próximo nível, preparatório para a sobrevivência (2003, p. 128).

Por essa razão, a escola deve ser reconstruída na perspectiva de se transformar num ambiente formativo de processos socioeducacionais capazes de contribuir significativamente na formação humana dos sujeitos, de modo pleno e integral, e não se limitar a ser um espaço apenas para a escolaridade das pessoas. Reduzir a escola a uma agência de transmissão de saberes formais, preocupada exclusivamente com os conhecimentos instrumentais, que são aqueles organizados pelas diversas áreas de conhecimentos (matemática, língua portuguesa, geografia, história, entre outras), é desvirtuar a verdadeira função social, pedagógica e política da escola.

É certo que esses conhecimentos são fundamentais para a construção das competências e habilidades dos sujeitos, contudo, são insuficientes e limitados, quando se pretende a formação integral dos seres humanos. Para isso, a escola deve desenvolver a sua função socioeducativa, articulando os conhecimentos instrumentais com os conhecimentos educativos e os conhecimentos organizativos, como defende Souza. São conhecimentos educativos aqueles que vão possibilitar aos sujeitos a construção de sua identidade enquanto ser, enquanto pessoa que se constitui cidadão/cidadã com capacidades de viver/conviver no meio social; os conhecimentos organizativos vão contribuir para a ação/intervenção, individual e coletiva, na sociedade.

Os seres humanos constroem sua identidade pessoal e social em contextos históricos e culturais, a partir de processos relacionais consigo mesmos, com os outros e com o mundo. É nessa relação interativa e dialógica que os seres humanos se diferenciam dos outros animais e é, exatamente por isso, que a escola deve ser um espaço de confrontação e diálogo de saberes, sejam eles saberes formais, informais, particulares, populares, científicos. É através desse diálogo que novos saberes serão construídos. Mas esses novos saberes deverão ter um sentido, uma validade, uma importância subjetiva e objetiva para a vida das pessoas, para que cada cidadão e cada cidadã possam ter maior capacidade e poder de intervenção na sociedade e, consequentemente, torná-la menos desumanizante e mais humanizada.

Considerando o contexto e a perspectiva que se pretende para a escola, enquanto propulsora de processos educativos capazes de contribuir para o sucesso escolar e social das camadas populares da sociedade e de sua permanente humanização, Souza afirma que se a escola pretende garantir as finalidades da educação básica, precisa desenvolver uma “educação como processos e experiências de humanização do ser humano, incluindo, portanto, as questões do trabalho, da cidadania, do respeito aos outros e às outras, o desenvolvimento cultural de todas em todos os quadrantes da terra” (2004, p. 73).

Pode ser a partir desta proposição que se construam os fios que vão tecendo o caminho que rompa com o atual modelo educacional e faça surgir uma escola que em lugar de ter caráter meramente escolarizante, seja capaz de construir novas relações humanas e contribuir para os processos de humanização. Uma escola que compreenda que a construção das identidades pessoais e coletivas exige o reconhecimento e a valorização das culturas locais, regionais e universais; uma escola que assegure uma convivência democrática capaz de comportar as diversas formas de convivência de classe, de etnia, de gênero, de credo, de idade, de linguagem, de opção sexual, de ideologia. Mas, ao mesmo tempo, uma escola que rompa “radicalmente com as formas de dominação e exploração ideológicas e históricas da vida humana, como, também, despoluírem-se dos ranços preconceituosos e discriminatórios que pregam e impõem uma unidade que não admite nem reconhece a presença das diferenças”. (MENDONÇA, 2006, p. 111)

A superação desse modelo de escola exige, além de uma grande reestruturação do sistema econômico e social do país e de novas políticas sociais que estejam a favor das maiorias sociais excluídas dos direitos básicos e fundamentais, uma mudança de mentalidade que reconheça o ser humano como sendo a razão central de qualquer tipo de transformação e desenvolvimento social. De acordo com Lima, “a democracia, a solidariedade e o bem comum continuam a representar os maiores problemas da escola pública” (2006, p. 26), mas é exatamente porque o aperfeiçoamento social, a democracia, o bem comum e a solidariedade são os maiores bens na construção da humanização dos seres humanos.

Nelino Azevedo de Mendonça é professor universitário e presidente da ACL Academia Cabense de Letras.