segunda-feira, 31 de maio de 2010

CHOPP

Carlos Pena Filho



Na avenida Guararapes,

o Recife vai marchando.

O bairro de Santo Antonio,

tanto se foi transformando

que, agora, às cinco da tarde,

mais se assemelha a um festim,

nas mesas do Bar Savoy,

o refrão tem sido assim:

São trinta copos de chopp,

são trinta homens sentados,

trezentos desejos presos,

trinta mil sonhos frustrados.

Ah, mas se a gente pudesse

fazer o que tem vontade:

espiar o banho de uma,

a outra amar pela metade

e daquela que é mais linda

quebrar a rija vaidade.

Mas como a gente não pode

fazer o que tem vontade,

o jeito é mudar a vida

num diabólico festim.

Por isso no Bar Savoy,

o refrão é sempre assim:

São trinta copos de chopp,

são trinta homens sentados,

trezentos desejos presos,

trinta mil sonhos frustrados




sexta-feira, 21 de maio de 2010

OS ESCRAVOS




Numa iniciativa do Núcleo de Cultura e Cidadania da Secretaria de Educação de Jaboatão dos Guararapes, Antonino Oliveira Júnior esteve em 20/05 na Escola Luiz Gonzaga Maranhão, em Jaboatão-Centro, lançando seu mais recente trabalho "OS ESCRAVOS -Um poema para ser encenado", dentro do Gíro Literário, que acontece na rede municipal de ensino daquele município.

Na oportunidade, Antonino Oliveira Júnior falou sobre Joaquim Nabuco, tendo como base o texto do abolicionista:

"Não adianta a abolição se não destruirmos a obra da escravidão".

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Nesta sexta, primeira Prévia Fliportiana‏

CONFLUÊNCIA POÉTICA



PELAS RUAS DA CIDADE
Por Tereza Soares
(Dedicada ao meu velho-novo eterno amigo Fred Menezes)

Pelas ruas da cidade...eu encontro com uma pequena luz...luzinha infinita e cor...bonita e feliz de se ver...pelas ruas da cidade...eu encontro com um iluminador...um oculto amigo que me segreda coisas que eu já sei de cor...

Pelas ruas da cidade...eu vejo aquele semeador...há quem olhe e não veja...há quem veja e não sinta...há quem nem saiba sua dor...mas aquele ser para mim quase finda minha sagrada angústia...despertando o novo e o velho propósito...de ver o mundo melhor...



FREDERICO MENEZES RESPONDE:
(Pra você, amiga Tereza. Beijos molhados de luz, do seu irmão Fred)


Fui abraçado pelo vasto sorriso do futuro. Um lindo brilho da transcendência.

Ele me falou, em sua linguagem de estrelas, sobre o mundo que sonhamos.

Tinha olhos este sonho e cintilava como se daqui não fosse...


Tinha voz esta cintilação, que nascia do seu coração em festa

Tinha leveza esperança esta festa, que parece não se encaixar neste mundo...

Esta leveza estava vestida de mulher e vi que ela era tecida de névoa, sonhando pelas singelas ruas da minha cidade.

* Frederico Menezes e Tereza Soares são membros da Academia Cabense de Letras.

terça-feira, 18 de maio de 2010

"SER FELIZ OU TER RAZÃO?"

Para reflexão...

Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber: - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais... E ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!

MORAL DA HISTÓRIA:

Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais frequência: 'Quero ser feliz ou ter razão?' Outro pensamento parecido, diz o seguinte: 'Nunca se justifique. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam. Passe esta mensagem aos seus amigos, para ver se o mundo melhora... Eu já decidi... EU QUERO SER FELIZ e você?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

QUANDO LIBERDADE?

Vera Rocha Vendido qual cereal, para quem? Interroga alguém. Este é meu, não abro mão E começa a via crucis. Trabalho duro, Direitos nenhum... Chicotes nas costas a malhar Cresce a revolta e a angústia. E um dia a rebeldia chega A fuga é a solução. Noite escura tal qual pele e alma Tolhido pelo capataz, liberdade sumia Ali estendido, corpo retalhado pelo chicote Vi com os olhos d`alma Que agora era liberta Da matéria grosseira em que vivia. Voltaria pela misericórdia Divina A palmilhar esta esfera. Agora, pele branca e Senhor, Mas outra vez escravo. Quem diria! Não mais o chicote, não mais as correntes Não mais a submissão, liberdade aparente, Escravo hoje de si mesmo, de suas imperfeições Escravo! Por que não? Acaso não é o homem escravo: Do poder, do vício, do dinheiro Do egoísmo, da vaidade? Quando liberdade? Vera Rocha é professora da Rede Municipal de Ensino e membro da Academia Cabense de Letras.

TON SEVERO

Tereza Soares Dedicada ao poeta e amigo Ton Severo Em tom severo e doce ouço a voz da inquietança, em sua música suave se enriquecem meus sentidos, retirando-me sombrias lembranças de algozes meus antigos perpetuando-me o afeto que antes recolhemos em campos semeados de dor, mas sempre regados com amor. *Tereza Doares é membro da Academia Cabense de Letras

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CELINA DE HOLANDA


Jornalista e poeta, Celina de Holanda Cavalcanti de Albuquerque nasceu no município do Cabo, a 19/06/1915, tendo depois se transferido para o Recife, onde atuou na imprensa.

Publicou seus primeiros poemas nos suplementos literários do Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco e o primeiro livro (O Espelho e a Rosa) foi editado quando ela tinha 55 anos de idade.

Além de participar de várias coletâneas (Palavra de Mulher, A Cor da Onda por Dentro, Antologia Didática de Poetas Pernambucanos, entre outras), sua obra é composta pelos seguintes livros:

O Espelho e a Rosa (1970); A Mão Extrema (1976); Sobre Esta Cidade de Rios (1979); Roda D'água (1981); As Viagens (1984); Pantorra, o Engenho (1990); Viagens Gerais, de 1985, coletânea dos livros anteriores e mais os inéditos "Afogo e Faca" e "Tarefas de Ninguém".

Morreu no Recife, a 04 de junho de 1999.


O LIMITE

Vi os que lutam
contra a opressão
sendo opressores (não há
claros limites entre uns
e outros) e disse :
ai de nós
os que comemos juntos, se
não partilhamos (só alguns
têm certeza da comida
sinal forte de felicidade
para os que têm fome).
Ai de nós
por essa consciência de puros
sem nada para ser perdoado
como o Publicano e o Bom Ladrão.

LA LIMITE

J’ai vu ces que luttent
contre l’oppression
étant des oppresseurs (il n’y a pas de
claires limites
entre les uns
et les autres) et il a dit :
aie de nous
qui mangeons ensemble, si
nous ne partageons pas (à peine
quelques-uns
ont la certitude de la nourriture
signe fort de bonheur
pour ceux qui ont faim).
Aie de nous
pour cette conscience de purs
sans rien pour être pardonné
comme le Publicain et le bon Ladron.

(Da antologia bilingüe “Poésie du Brésil”, seleção de Lourdes Sarmento, edição Vericuetos, como nº 13 da revista literária francesa “Chemins Scabreux”, Paris, setembro de 1997.Traduções de Lucilo Varejão, Maria Nilda Miranda Pessoa e outros.)

Publicado em setembro de 2008

MERIDIANO

Vivemos a grande noite.
Cada amor em seu amor
se oculta.
Quem nos roubou a ternura
escondida? O corpo claro
e diurno?
Como os animais e as crianças
um dia a vida será só vida.

A PEDRA

Nesta mesa
o povo está sentado.
Não divaga.
Tudo o de que necessita
é perto e urgente.
Frio e direto, toma
a pedra que sou e quebra.
Vai construir o mundo.

"Não sei de muitas vozes poéticas femininas que se equiparem à sua, pela limpidez do sentimento reflexivo e pela discrição da palavra."
Carlos Drummond de Andrade

“Se apago esta paixão talvez me apague.”
Celina de Holanda

IVAN MARINHO PARTICIPA DE COLETÂNEA NACIONAL

O poeta Ivan Marinho, membro da Academia Cabense de Letras, foi selecionado e vai participar de uma coletânea nacional de poetas, em publicação da Editora Scortecci. Ivan Marinho é professor da rede pública de ensino, Presidente da Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo e coordena as atividades do Ponto de Cultura "Tiro da Paz". O poema selecionado é FRAGMENTO DO ACASO FRAGMENTO DO ACASO Ivan Marinho Sem gravidade flutuam Estilhaços de um espelho E cada parte reflete Um fragmento do acaso. Giram dando a impressão De serem um universo E são, de certo, mil vezes, A expressão original De uma parte perdida A se olhar eternamente Ali, imagem pra sempre, Como se fosse real. E menos se vê no mundo E no mundo só se vê. Entérica alegria Buscando a rima vazia De não ser, só parecer.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

PONTOS DE VISTA SOBRE O ENVELHECIMENTO


Por George Carlin

Você sabia que a única época da nossa vida em que gostamos de ficar velhos é quando somos crianças? Se Você tem menos de 10 anos, Você está tão excitado sobre envelhecer que pensa em frações.

Quantos anos Você tem? Tenho quatro e meio! Você nunca terá trinta e seis e meio. Você tem quatro e meio, indo para cinco! Este é o lance!

Quando Você chega à adolescência, ninguém mais o segura. Você pula para um número próximo, ou mesmo alguns à frente. 'Qual é sua idade?

'Eu vou fazer 16!' Você pode ter 13, mas (tá ligado?) vou fazer 16 !

E aí chega o maior dia da sua vida! Você completa 21! Até as palavras soam como uma cerimônia: VOCÊ ESTÁ FAZENDO 21. Uhuuuuuuu!

Mas então Você 'se torna' 30. Ooooh, que aconteceu agora? Isso faz Você soar como leite estragado! Êle 'se tornou azedo'; tivemos que jogá-lo fora. Não tem mais graça agora, Você é apenas um bolo azedo. O que está errado? O que mudou?

Você COMPLETA 21, Você 'SE TORNA' 30, aí Você está 'EMPURRANDO' 40. Putz! Pise no freio, tudo está derrapando! Antes que se dê conta, Você CHEGA aos 50 e seus sonhos se foram.

Mas, espere! Você ALCANÇA os 60. Você nem achava que poderia!

Assim, Você COMPLETA 21, Você 'SE TORNA' 30, 'EMPURRA' os 40, CHEGA aos 50 e ALCANÇA os 60.

Você pegou tanto embalo que BATE nos 70! Depois disso, a coisa é na base do dia-a-dia; 'Estarei BATENDO aí na 4ª.. feira!'

Você entra nos seus 80 e cada dia é um ciclo completo; Você bate no lanche, a tarde se torna 4:30; Você alcança o horário de ir para a cama. E não termina aqui. Entrado nos 90, V.. começa a dar marcha à ré; 'Eu TINHA exatos 92.'

Aí acontece uma coisa estranha. Se Você passa dos 100, Você se torna criança pequena outra vez. 'Eu tenho 100 e meio

Que todos Vocês cheguem a um saudável 100 e meio!!


COMO PERMANECER JOVEM

Livre-se de todos os números não essenciais. Isto inclui idade, peso e altura. Deixe os médicos se preocupar com eles. É para isso que Você os paga.

Mantenha apenas os amigos alegres. Os ranzinzas, os que só reclamam da vida só deprimem.

Continue aprendendo. Aprenda mais sobre o computador, ofícios, jardinagem, seja o que for, até radioamadorismo. Nunca deixe o cérebro inativo. 'Uma mente inativa é a oficina do diabo. Trabalhe, estude! E o nome de família do diabo é ALZHEIMER.

Aprecie as coisas simples.

Ria sempre, alto e bom som! Ria até perder o fôlego.

Lágrimas fazem parte. Suporte, queixe-se e vá adiante. As únicas pessoas que estão conosco a vida inteira somos nós mesmos. Mostre estar VIVO enquanto estiver vivo.

Cerque-se daquilo que ama, seja família, animais de estimação, coleções, música, plantas, hobbies, seja o que for. Seu lar é seu refúgio.

Cuide da sua saúde: se estiver boa, preserve-a. Se estiver instável, melhore-a. Se estiver além do que Você possa fazer, peça ajuda.

Não 'viaje' às suas culpas. Faça uma viagem ao shopping, até o município mais próximo ou a um país no exterior, mas NÃO para onde Você tiver enterrado as suas culpas.

Diga às pessoas a quem Você ama que Você as ama, a cada oportunidade.

E LEMBRE-SE SEMPRE:

A vida não é medida pela quantidade de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração.

Se você não mandar isso para pelo menos 8 pessoas- quem se importa? Mas compartilhe isto com alguém. Todos nós temos que viver a vida ao máximo a cada dia!


A jornada da vida não é para se chegar ao túmulo em segurança em um corpo bem preservado, mas sim para se escorregar para dentro meio de lado, totalmente gasto, berrando: "PUTA MERDA, QUE VIAGEM!"


George Denis Patrick Carlin (Nova Iorque, 12 de maio de 1937 — 22 de junho de 2008) foi um comediante, ator e autor norte-americano, pioneiro, com Lenny Bruce, no humor de crítica social. A sua mais polémica rotina chamava-se "Sete Palavras que não se podem dizer em Televisão", o que lhe causou, durante os anos setenta, vários dissabores, acabando preso em inúmeras vezes que levou o texto a palco.
Até meados da década de 1960, Carlin manteve uma imagem tradicional, com fato e cabelo curto. Depois, ao escrever novo ato, decidiu deixar crescer o cabelo e a barba, tornando-se um ícone da contracultura. Crítico acérrimo das religiões, ateu convicto, principalmente do sentido da culpa e do controle social, defendia valores seculares.
Aplaudido por vários colegas, como Lewis Black e Bill Maher, George Carlin chegou ainda a participar em vários filmes e séries de TV. Dublou ainda filmes de animação, como Carros e outros.
Morreu em um hospital de Los Angeles de paragem cardíaca, depois de, nos últimos 20 anos, ter passado já por um enfarte e duas cirurgias no coração. Sobrevive-lhe a sua segunda mulher e sua filha.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

JÁ NO SÉCULO XVII AS MULHERES ESCREVIAM ASSIM

Tenho amor, sem ter amores. Este mal que não tem cura, Este bem que me arrebata, Este rigor que me mata, Esta entendida loucura É mal e é bem que me apura; Se equivocando os rigores Da fortuna aos desfavores, É remédio em caso tal Dar por resposta ao meu mal: Tenho amor, sem ter amores. É fogo, é incêndio, é raio, Este, que em penosa calma, Sendo do meu peito alma, De minha vida é desmaio: E pois em moral ensaio Da dor padeço os rigores, Pergunta em tristes clamores A causa minha aflição, Respondeu o coração: Tenho amor, sem ter amores. Soror Madalena da Glória (1672-?)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O PENSAMENTO FILOSÓFICO DA MAÇONARIA


Não é costume da maçonaria discutir sua doutrina fora dos seus templos, porém, sintonizado com a necessidade de maior aproximação com o mundo que nos rodeia, ao qual todos nós pertencemos, levou-me a tomar a decisão de expor um pouco da nossa filosofia, do nosso pensamento.
Permitam-me, que num esforço de síntese, provavelmente superior à minha capacidade intelectual, possa trazer-lhes algumas considerações sobre nossa filosofia de pensamento, nosso simbolismo.
No inicio do século XVIII apareceu em Londres uma sociedade, provavelmente já existente antes (há passagens bíblicas superponíveis ao seu simbolismo), ao qual ninguém sabe dizer de onde vinha, o que era e o que procurava. Expandiu com incrível rapidez pela Europa Cristã, principalmente na França e Alemanha, chegando até a América. Homens de todas as classes sociais, étnicas e religiosas entraram para o seu circulo – chamavam-se, mutuamente, de Irmãos.
Esta sociedade, intitulada Associação dos Pedreiros Livres, atraiu a atenção dos governos; foi perseguida; foi excomungada por dois Pontífices; suas ações levantavam suspeitas odiosas. No entanto ela resistiu a todas estas tempestades, difundindo-se, cada vez mais, até chegar aos nossos dias.
Podemos dizer que basicamente existem três correntes de pensamento maçônico:
- Maçonaria inglesa, de cunho tradicionalista, observadora e seguidora dos rituais; mantém-se imutável nos seus três séculos de existência documentada. É estática e conservadora.
- Maçonaria francesa, embora originária da Britânica, sofreu alterações através dos tempos, ditadas pelas condições do meio em que se desenvolveu, adquirindo feição mais latina, tornando-se conhecida pela ação exercida por seus membros, como cidadãos, nas áreas política, social e religiosa. A maçonaria brasileira e dos demais países hispano-americanos são, filosoficamente, a ela filiados. Formada no meio hostil e intolerante à liberdade de pensamento, partiu para a luta que visava transformar estas condições adversas. São muito vivas e documentadas as lembranças de sua participação na Revolução Francesa, quando sobressaíram grandes maçons como Danton, Robespierre e Diderot; na independência de quase todos os países da América Latrina, com a participação efetiva de notáveis maçons, como Simon Bolívar, San Martim, Sucre e Francisco Miranda; na independência do Brasil e na proclamação da republica, para citar alguns irmãos da Ordem, como Dom Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Ledo, Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa, Floriano Peixoto, Quintino Bocaiúva, dentre outros.
- Maçonaria Alemã, voltada para os estudos filosóficos de alta indagação: Goethe, Kant e Fichte são exemplos de filósofos e literatos que honraram nossa Instituição com suas adesões.
A maçonaria resistiu à prova do tempo, enquanto muitas outras organizações, aparentemente similares, desapareceram. Isto aconteceu porque ela é, por principio, uma Instituição com propósitos universalistas. A “sociedade separada dos maçons” se distingue da “grande sociedade humana” porque ela se isola para impedir a visão unilateral da divisão de trabalho, atingindo, com isto, a síntese da cultura humana.
A Igreja se opõe a outras Igrejas, o Estado a outros Estados, a Maçonaria não; ela toca no santuário do espírito, o problema ético individual; ela atua sobre a república dos espíritos, administra o pluralismo de opiniões.
Esta Instituição exalta tudo o que une e aproxima as pessoas e repudia tudo aquilo que divide e as isola. Isto acontece porque ela aspira, por principio, fazer da humanidade uma grande família de Irmãos e para atingir este desiderato, se põe sempre a serviço dos movimentos moralizadores e dos bons costumes.
Ela prepara o terreno onde florescerão a justiça e a paz. Sua única arma é a espada da inteligência; sabe que o único modo de produzir, mesmo socialmente, uma mudança profunda e durável de uma sociedade, é trabalhar para modificar a sua mentalidade.
Os pilares que sustentam esta vontade indomável de transformar, primeiro o homem e, por corolário, todo o universo dos homens, são três palavras mágicas: liberdade, igualdade e fraternidade.
“O amor à liberdade foi-nos dado juntamente com a vida e dos presentes do céu, o de menos valor é a vida” afirmou Goethe, o famoso literato alemão e nosso Irmão de Ordem; afirmo eu, corroborado pelos registros da história, que em nenhuma parte do mundo, jamais houve um grito de liberdade para um povo que não houvesse sido apoiado pela Maçonaria.
A liberdade é a essência intima e supremo desejo do homem e os indivíduos, pela sua colaboração mútua, visam criar uma alma coletiva; embalados pelo sopro do vento que libera os grilhões do obscurantismo, “A filosofia verdadeira, no dizer do grande filósofo e irmão de Ordem, o alemão Fichte, considera o pensamento livre como a fonte de toda a verdade independente”.
No que diz respeito à igualdade, a maçonaria reconhece que todos os homens nascem iguais e as únicas distinções que admite são o mérito, o talento, a sabedoria, a virtude e o trabalho.
Para dizer o pensamento da Ordem sobre a fraternidade, peço licença para repetir o que disse outro maçom, o imortal Victor Hugo: “A civilização tem suas frases, estas frases são séculos. A lógica das frases, expressão da idéia Divina, se condensam na palavra Fraternidade”.

HELIO MOREIRA
Membro da Loja Maçônia Asilo da Acácia 1248
Academia Goiana de Letras, Academia Goiana Maçônica de Letras

terça-feira, 4 de maio de 2010

A SAGA DE UMA CAMINHADA HERÓICA

Antonino Oliveira Júnior Nasci no agreste, Pequenino, frágil, Mas corajoso. Ainda um pequeno filete, Recebi pisadas e ameaças diversas, Mas segui adiante, Tomando corpo, Criando brilho próprio, Encantando as cidades por onde passei. Segui meu curso Em busca de novos ares, Na ânsia de chegar ao litoral, De me entregar ao mar, Como todo aquele que deixa o árido Em busca do frescor tropical. A caminhada da felicidade Tornou-se dolorosa E chorei, Sofrendo as dores da tortura, Da falta de ar, da vida se esvaindo, Fugindo de mim. O chegar à cidade tornou-se um sofrer, Uma certeza que o mal estava a caminho: Espumas tóxicas, dejetos humanos, Lixo contaminado matando meus frutos... Que dor horrível! Os peixes, coitados, morrendo afogados... Que dor horrível! Pessoas morando pertinho de mim, Suspensas em varas, distantes da vida... Mas eu sigo a viagem, Mulheres guerreiras, pedaço homem, pedaço mulher, Lavando as roupas, cantando cantigas alegres Em rostos felizes que escondem a tristeza Da alma que teima viver diante da morte... Aqui, acolá, Crianças brincando em gritos e risos, Inocência, pureza, Sem ver a sujeira que eu carregava; Levo doenças, sofrimento e até a morte. A canoa vai, A canoa vem... O homem olha triste para mim E não entende... Sua vida está ali... A minha agonia É a fome dos seis, Dos sessenta, dos seiscentos. O peixe afogado, O pescador sem sorriso, As crianças com fome... Que dor horrível! A espuma amarela A cor da doença, Prenúncio de morte... E eu sigo a viagem, Quase não respiro E tento (em vão) limpar-me com lágrimas... O mangue!!!! Tenho que ali chegar vivo, Ajudar a nascer novas vidas De peixes, crustáceos, de plantas... Estou chegando, Muito fraco, ofegante, Mas chegando, Levando espumas amarelas, Esgotos humanos, Restos de fábricas... Reencontro mulheres guerreiras, Pretas da pele e do mangue; Mulher e mangue se abraçam... Estou feliz... Ainda que muito ferido e abatido, Levei a vida Ao mangue que resiste, À mulher que teima em viver; E vou um pouco mais além... Que alegria!!! Vejo o mar, Sinto a brisa tropical, Chego fraco, abatido, Ajoelho-me diante do mar Tão forte, tão imponente, tão envolvente... Estou chegando mais perto E volto a lembrança lá atrás... As casas suspensas em varas, O triste olhar do pescador, A espuma amarela, Os dejetos, Os peixes afogados, As mulheres guerreiras, O mangue tinhoso... Não há tempo para nada... Estou sendo tragado... Estou sendo engolido... Cheguei ao final, Estou maior, Virei infinito... Agora sou Mar... Antonino Oliveira Júnior é poeta, escritor e membro da Academia Cabense de Letras.

sábado, 1 de maio de 2010

DESCRIÇÃO DO MAÇOM


“A escola maçônica tem um objetivo. O objetivo está no objeto, e o objeto é o homem”

Competência – A nossa humilde pretensão é atender a inúmeros “Irmãos não maçons” que nos consultam diariamente sobre o meio de como poderiam “alcançar um lugar entre nós”.
A única autoridade competente para falar sobre a Ordem Maçônica é o Sereníssimo Grão Mestre, cujo poder se apóia sobre a opinião dos Maçons que o estabeleceram.
O que citamos neste trabalho, não exprime em realidade, senão opinião pessoal, observada em três décadas de atividades maçônicas e o somatório de impressões que cremos ser verdadeiras. Ficamos felizes pelo sentimento que provocou nossa Iniciação entre os Maçons, porque foi a simpatia que a ditou, e, se a curiosidade de inicio nos atraiu, foi ao reconhecimento, que se deveu nossa apreciação pela Sublime Ordem.
Maçonaria – Há uma tendência manifesta da opinião de muitos em conhecer a Maçonaria, a única instituição clara, positiva, que poderia tornar os homens melhores e assegurar a paz da Humanidade. Quando os homens caminharem sob sua bandeira, se estenderão mãos fraternas. Esse é o sinal de que chegou o momento para levar a questão para o seu verdadeiro terreno.
A Maçonaria é uma Ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz; impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um; proíbe no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política partidária ou religiosa; visa ainda, o aperfeiçoamento moral dos seus membros, bem como de toda a Humanidade. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.
A Maçonaria reproduz o que o espírito concebe e quer. Ela se exala doce e suave como o perfume; é rápida como o relâmpago, ou lenta como a nuvem; ela é alternativamente triste e melancólica como a noite; jovem e alegre como o dia; é caprichosa como a criança, consoladora como a mãe e protetora como o pai; é límpida como o amor e grandiosa como a Natureza. Quando ela está neste último termo, confunde-se com a prece, glorifica a Deus, e coloca no arrebatamento aquele mesmo que a produz ou a concebe. Não é compreendida senão quando nela Iniciamos. Não pede para ser aceita cegamente; ela apela para a discussão e a luz. Em lugar da fé cega, que anula a liberdade de pensar, ela afirma não haver fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade. À fé, é necessária uma base, e essa base é a inteligência perfeita do que se deve crer; para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.
O homem - É o homem um ser essencialmente sociável. Quantos, porém, não se queixam de só encontrar na sociedade frieza e indiferença?
Sob qualquer aspecto em que é considerado, o homem é cheio de imperfeições. Essas imperfeições físicas ou morais fazem de alguma sorte, parte integrante de sua individualidade.
O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei da justiça, de amor e de caridade em sua maior pureza. Interroga-se à consciência sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo se não violou essa lei; se não fez o mal e se fez todo o bem que podia; se negligenciou voluntariamente uma ocasião de ser útil; se ninguém tem o que reclamar dele, se fez a outrem tudo o que quereria que se fizesse para com ele. Tem fé no futuro; por isso, coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Tem fé em Deus, em Sua bondade, em Sua justiça e em Sua sabedoria; sabe que nada ocorre sem Sua permissão e se submete, em todas as coisas, à Sua vontade. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seu interesse à justiça.
Em Maçonaria “homem livre” é aquele que não é escravo, nem servo, nem criado, servidor ou assalariado, enfim, aquele que não exerce profissão servil. Todo trabalho honrado é respeitado, mas é uma das regras mais antigas da Maçonaria, não admitir em seu seio aqueles que se ocupam de trabalhos servis.
Filosoficamente, o homem não é livre quando vive à mercê dos preconceitos. O preconceito deturpa a razão, oprime a consciência, faz com que se tome o bem pelo mal. É a causa de todas as idolatrias e o germe de todo o despotismo. O homem tende a libertar-se de todas as servidões, provenham elas da opressão ou de seus próprios vícios.
O que é Maçom? – Os Maçons só devem admitir nas suas lojas homens maiores de idade, de ilibada reputação, gente de honra, leais e discretos, dignos em todos os níveis de serem bons irmãos, e aptos a reconhecerem os limites do domínio do homem e o infinito poder do Eterno.
Os maçons regulares, também ditos tradicionais, são aqueles que trabalham nas suas Lojas sob invocação de Deus, Grande Arquiteto do Universo, sobre o livro sagrado, o esquadro e o compasso, para aí trabalhar segundo o rito, com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e os Regulamento Gerais da Obediência. Tomam as suas obrigações sobre juramento, a fim de dar o caráter solene e sagrado indispensável à sua perenidade.
Maçom é um homem instruído, de boa conduta, que não permite nenhuma má paixão vibrar em seu coração e também não admite em seu cérebro sequer uma idéia de injustiça ou de maldade, que procura sempre a Verdade e, por sua conduta ou honradez, se mostra um exemplo. O maçom é um estudioso que não se cansa de aprender, respeita todas as opiniões. É contrário a todas as opressões, ao humilde dá sua mão. Seus pensamentos acerca da Humanidade são puros e elevados.
O verdadeiro maçom é um homem de bem; pode-se reconhecê-lo por suas palavras e suas ações. Deus não se serve do mentiroso para ensinar a verdade.
Seus pensamentos e ações fazem aumentar a consideração, a simpatia, a confiança e o amor, mantendo a benevolência, porque só se colhe o que se semeia. O que pensa dos outros, eles pensam dele. Cumpre-lhe, pois, enviar os pensamentos que deseja que lhes devolvam.
O objetivo final de todo Maçom é alcançar a perfeição, da qual a criatura é capaz; o resultado dessa perfeição é o gozo da felicidade suprema, que lhe é a consequência, e a qual chega, mais ou menos prontamente segundo o uso que fazem de seus diferentes graus de adiantamento. Em qualquer causa atua como justo, embora suas ações sejam discretas.
Os maçons não são homens excepcionais. São homens comuns em um mundo em movimento. Homens com aspirações como quaisquer outros. Diferem por uma poderosa vontade, e uma vontade vigorosa é a mais poderosa de todas as forças, e agindo harmonicamente na ação direta sobre as pessoas que os cercam para alcançar um objetivo único: o progresso universal. Muitos, enganados pelo orgulho, supõem que têm uma vontade muito forte, porém, o homem calmo e comedido em todas as ocasiões da vida, por muito violentas que sejam, é o que demonstra possuir uma vontade poderosa. Isso se prende a que, sobre a Terra, vêem-se sempre mais máscaras do que rostos, e que os olhos ali estão obscurecidos pela vaidade, pela cobiça, pela farsa, interesse pessoal e todas as más paixões.
Considera o lar, um Templo. O maçom é um homem que se realiza através da compreensão, da tolerância, da prática das virtudes; homens que chegaram à conclusão de que a Fraternidade entre os homens começa com o homem na fraternidade.
Para um maçom “regular” a sociedade só será mais perfeita se isso decorrer do processo de aperfeiçoamento individual; cada qual é juiz de si próprio, e de sua consciência.
Para ser maçom não basta uma auto proclamação. É necessário que “os seus Irmãos o reconheçam como tal”, isto é, é essencial que se tenha sido Iniciado, por outros maçons, cumprido com as suas obrigações de maçom, esotéricas, simbólicas e as materiais, e que se integre numa Loja regular. Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor à Pátria, a submissão às leis e o respeito pelas autoridades constituídas; consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas. Os Maçons devem-se, mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio, indispensáveis a um perfeito controle de si próprio.
Enfim, compete-lhes ser atencioso para com os fracos, desesperados e injustiçados; levantar-lhes o moral e mostrar-lhes a vida sob um aspecto mais risonho excitando-lhes o ânimo.
Valdemar Sansão – M.’. M.’.

PS – Os interessados que se julgarem aptos, por favor, se apresentem, pois a Maçonaria necessita de tais homens. Esperemos por encontrá-los.