segunda-feira, 20 de agosto de 2012

UMA LENDA MAÇÔNICA DO TEMPO



Como em um passe de mágica, o tempo começou a se mover, tudo ao seu redor começou a girar, e o pedreiro se viu dentro de um grande vórtice, onde o tempo caminhava para trás. Logo, em seguida, percebeu que estava em sua consciência o poder que fazia mover o tempo. Foi quando de repente, o tempo parou, tudo a seu redor eram trevas, havia silêncio, apenas uma voz inaudível falava em diálogo mudo em sua consciência. A voz do silêncio era sua única companhia. Naquele momento o silêncio lhe falava de um caminho que devia seguir e, que nela faria muitas viagens.
Gira mais uma vez o tempo, agora começa a se movimentar para frente, um vórtice lento se forma, mais tudo era escuridão. De repente, uma voz poderosa rasga o silêncio em meio a escuridão, dizendo: “Faça-se a Luz”, e um novo ritmo se estabeleceu. No meio de sons de batidas a voz disse: Sic trasit  gloria  Mundi”, e a luz rompeu as trevas de sua consciência.
Em meio a um cataclisma emocional, atordoado pelo barulho e ferido pela luz, veio a surpresa.
Entre os raios de luz que ofuscavam seus olhos, reconhecia amigos e cada um lhe apontava uma aguçada espada. E a voz que habitava o oriente brandou dizendo: “Não vos assusteis. Estas espadas a vós apontadas, significam que estão prontas a vos defender, mas também zelarão pela lei, caso vos falteis para com ela”.
Nesse momento, o tempo avançava novamente e tudo ao seu redor começava a girar, e ele viaja mais uma vez no tempo e, quando o tempo parou, lá estava ele se vendo como um Aprendiz nos mistérios da Edificação. Tinha no peito um grande orgulho e, uma motivação que transparecia no seu semblante. Faceiro, orgulhoso incansável de seu ofício, com braço firme, cheio de força, desferia o malho sobre o cinzel que apontava a pedra bruta.
Ao seu lado, incansável, o seu Mestre que lhe ensinava com satisfação todos os segredos do ofício, do empunhar do cinzel ao traçar da régua. Tudo tinha que ser justo e perfeito. O Mestre era rigoroso e tinha consciência da necessidade de agir como tal, porém era brando, paciente e muito tolerante.
O Mestre ensinava seu ofício com habilidade e sabedoria, transmitindo confiança e motivação a seus aprendizes. Ensinava que do conhecimento nasce a perfeição e, desta advém o equilíbrio. Ensinava, ainda, que a pedra teria que ser bem escolhida para poder ser bem trabalhada. Suas dimensões bem definidas e suas arestas bem aparadas, pois, a beleza da construção do edifício dependia desse trabalho. Era preciso conhecer, muito bem cada detalhe, do empunhar do cinzel ao golpe do maço, pois um desvio do cinzel ou uso errado da força, a pedra semidesbastada se tornaria bruta novamente. Na execução desse trabalho, ensinava que o corpo, a mente e razão deveriam tornar-se uma só entidade. O Mestre ensinava, ainda, que a majestade e a resistência do edifício está na dependência das bases onde foi construído. Somente uma base sólida é capaz de substituir à ação do tempo.
Assim, destacava que apenas um bom pedreiro constrói com perfeição e, que só um bom Aprendiz chega a se tornar um bom Mestre, porque só ensina aquele que, bem aprende, quer e tem competência.
Era uma grande escola, ali se ensinava verdadeiramente a Maçonaria.
Por  Moacir José Outeiro Pinto

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O RUÍDO DA MAÇANETA

Poema escrito na década de 60.
Gióia Júnior



Não há mais bela música
que o ruído da maçaneta da porta,
quando meu filho volta para casa.

Volta da rua, da vasta noite,
da madrugada de estranhas vozes,
e o ruído da maçaneta, e o gemer do trinco,
o bater da porta que, novamente, se fecha,
o tilintar inconfundível do molho de chaves,
são um doce acalanto, uma suave cantiga de ninar.

Só assim fecho os olhos,
posso, afinal, dormir e descansar.
Oh! A longa espera, a negra ausência,
as histórias de acidentes e assaltos,
que só a noite, como ninguém, sabe contar!
Oh! Os presságios e os pesadelos,
o eco dos passos nas calçadas,
a voz dos bêbados na rua,
e o longo apito do guarda, medindo a madrugada,
e os cães uivando na distância,
e o grito lancinante da ambulância!
E o coração, descompassado,
a pressentir e a martelar,
na arritmia do relógio do meu quarto,
esquadrinhando a noite e seus mistérios.

Nisso, na sala que se cala,
estala a gargalhada jovem da maçaneta
que canta a festiva cantiga do retorno.
E sua voz engole a noite imensa,
com todos os ruídos secundários.

Oh! Os símbolos do trinco
e os clarins da porta que se escancarava,
e os guizos das muitas chaves que se abraçam
e o festival dos passos que ganham a escada!

Nem as vozes da orquestra, e o tilintar de copos,
e a mansa canção da chuva no telhado,
podem, sequer, se comparar
ao som da maçaneta que sorri, quando meu filho volta.
Que ele retorne sempre, são e salvo,
marinheiro depois da tempestade, a sorrir e a cantar.
E que, na porta, a maçaneta cante
a festiva canção do seu retorno,
que soa, para mim, como suave cantiga de ninar.

Só assim, só assim, meu coração se aquieta,
posso, afinal, dormir e descansar.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

“PAI, COMEÇA O COMEÇO!”


Quando eu era criança e pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai e pedia: - “pai, começa o começo!”. O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim. Mas, outras vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.

Meu pai faleceu há muito tempo (e há anos, muitos, aliás) não sou mais criança. Mesmo assim, sinto grande desejo de tê-lo ainda ao meu lado para, pelo menos, “começar o começo” de tantas cascas duras que encontro pelo caminho. Hoje, minhas “tangerinas” são outras.

Preciso “descascar” as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário que é a construção do casamento, os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos realizados e felizes, ou então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.

Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis... Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo papai quando lhe pedia para “começar o começo” era o que me dava a certeza que conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a fruta.

O carinho e a atenção que eu recebia do meu pai me levaram a pedir ajuda a Deus, meu Pai do Céu, que nunca morre e sempre está ao meu lado. Meu pai terreno me ensinou que Deus, o Pai do Céu, é eterno e que Seu amor é a garantia das nossas vitórias.

Quando a vida parecer muito grossa e difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir a Deus: “Pai, começa o começo!”. Ele não só “começará o começo”, mas resolverá toda a situação para você.

Não sei que tipo de dificuldade eu e você estamos enfrentando ou encontraremos pela frente neste ano. Sei apenas que vou me garantir no Amor Eterno de Deus para pedir, sempre que for preciso: “Pai, começa o começo!”. (Autor desconhecido)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

FICCIONAIS - Escritores revelam o ato de forjar seus mundos

A FELICIDADE É UMA VIAGEM, NÃO UM DESTINO

Por muito tempo, eu pensei que a minha vida fosse se tornar uma vida de verdade.     
Mas sempre havia um obstáculo no caminho, algo a ser ultrapassado antes de começar a viver, um trabalho não terminado, uma conta a ser paga. aí sim, a vida de verdade começaria.

Por fim, cheguei à conclusão de que esses obstáculos eram a minha vida de verdade.         
Essa perspectiva tem me ajudado a ver que não existe um caminho para a felicidade.         
A felicidade é o caminho! Assim, aproveite todos os momentos que você tem.         
E aproveite-os mais se você tem alguém especial para compartilhar, especial o suficiente para passar seu tempo; e lembre-se que o tempo não espera ninguém.         
Portanto, pare de esperar até que você termine a faculdade; até que você volte para a faculdade; até que você perca 5 kg; até que você ganhe 5 kg; até que seus filhos tenham saído de casa; até que você se case; até que você se divorcie; até sexta à noite até segunda de manhã; até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova; até que seu carro ou sua casa tenham sido pagos; até o próximo verão, outono, inverno; até que você esteja aposentado; até que a sua música toque; até que você tenha terminado seu drink; até que você esteja sóbrio de novo; até que você morra; e decida que não há hora melhor para ser feliz do que agora mesmo...  
Lembre-se: felicidade é uma viagem, não um destino.

Atribuido a Henfil - Henrique de Souza Filho (5 de fevereiro de 1944, Ribeirão das Neves, Minas Gerais - 4 de janeiro de 1988, Rio de Janeiro) foi um cartunista, jornalista e escritor brasileiro.