quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O CORDEL DE GERSON SANTOS

O Gerson Santos é um talentoso poeta que tem suas raízes nas ladeiras do Cabo de Santo Agostinho-PE. Sempre valorizando as tradições culturais da nossa terra e presente em todos os movimentos que sustentam essa magia do homem pernambucano. Seus cordéis estão espalhados por todo o Brasil e são marcos importantes nas mudanças fundamentais do ser cidadão, consciente, e sabedor pleno da existência do Grande Arquiteto do Universo. Parabéns meu irmão!!! ACESSE SEU BLOG www.gersonsantos.blogspot.com/ E FAÇA O SEU COMENTÁRIO.

domingo, 18 de novembro de 2007

A FAMÍLIA E AS DROGAS

Muitos pais, ao se perguntarem por que seus filhos se drogam, não notam que a procura da resposta tende a incluí-los. É comum, em famílias com estrutura geradora de patologias, que o fenômeno não seja percebido com facilidade. É necessário, muitas vezes, que o quadro se agrave para que os outros participantes do grupo familiar se dêem conta de sua inclusão na problemática. Em muitos grupos, e na grande maioria no de adolescentes, experimentam-se drogas, sem, entretanto, evoluírem para uma toxicomania. Até porque, nessa etapa da vida, as pressões do grupo e a necessidade de contestação sistemática como uma prática de liberdade levam rapazes e moças a experimentarem drogas. Isto não quer dizer que todos se tornarão dependentes, ou que venham de famílias, como diz Kalina, pré-aditivas.Na origem de qualquer drogação, estão a falta de amor e o abandono – a verdadeira origem dessa grave patologia. A utilização da droga, seja de qual espécie for, é sempre um sintoma que denuncia um grave comprometimento com a possibilidade de se lidar com a frustração. O acúmulo de frustrações, as quais desde a mais tenra infância atormentam uma pessoa, a leva a uma total intolerância com o seu viver, com o seu dia-a-dia. Essa vida insuportável é aliviada através da utilização de uma droga, possivelmente como vê ou via seus pais fazerem, muitas vezes de forma socialmente bem aceita, através de um Lexotan, um Rohipnol, um Whisky para relaxar. Ou seja, o efeito psicológico desejado é sempre o de um anestésico para a angústia, mesmo que o efeito físico-químico seja diverso. É comum que anúncios de bebidas e cigarros venham sempre associados a sucesso, dinheiro, felicidade no amor, através de belos homens ou mulheres. É a vida de sucesso, de felicidade plena, ou seja: sem frustrações – o ideal maníaco da felicidade eterna e ininterrupta! Contudo essa não é a forma como o ser humano vive: a angústia irrompe e com ela temos que nos haver – nem todos suportam isso, daí os anestésicos sob a forma do uso continuado de drogas, as mais diferentes. O adolescente é presa fácil desse tipo de apelo: ele também quer ter sucesso, aparecer como importante e crescido. São, contudo, as drogas ditas oficiais as que, na verdade, mais trazem problemas de internações no âmbito da saúde pública: o cigarro, na área de pneumologia, e a bebida, na saúde mental. Normalmente o adolescente começa bebendo, e os pais achando graça do porre do filho – já é homem, pode beber! Contudo, se fumar maconha, escandaliza a todos.Em muitas casas, em vez de biblioteca na sala, encontramos o bar, ou o bar como altar, onde se fomenta uma cultura do álcool – uma idolatria muitas vezes de funestas conseqüências. É extremamente corriqueiro e até de bom tom oferecer-se uma bebida, quase sempre alcoólica, para a visita que chega. A pergunta é feita, de preferência no diminutivo – quer uma cervejinha, um whiskyzinho, uma batidinha? –, forma que se usa para negar o conteúdo perigoso do álcool. Apesar de sabermos que comer e beber em conjunto sempre foi uma forma que os seres humanos utilizaram para reforçar os laços sociais e religiosos, é necessário também lembrar que, em certas condições, isso pode se tornar uma prática de finalidade oposta, ou seja, não de reforçar, mas de cortar os laços. Grupos de usuários geralmente mantêm-se fechados, inclusive procurando evitar a saída de qualquer membro, devido à intensa inveja que essa saída produz. Os laços com os de fora, com os caretas, não são desejáveis, até porque o grupo se fecha em torno de um discurso extremamente pobre, no qual a temática da droga e seus efeitos é preponderante.(Luiz Alberto Pinheiro de Freitas. Adolescência, Família e Drogas. P. 42-4)