segunda-feira, 26 de abril de 2010

TODAS AS DORES DA VIDA


CRÔNICA: DOUGLAS MENEZES

Reli, outro dia, um texto do jornalista Cláudio Abramo, intitulado Inventário da Infância Perdida, onde o autor expõe a decadência e a amargura por que passa o ser humano a partir dos quarenta anos. Publicada há cerca de quinze anos, essa crônica nos traz uma preocupação que, na verdade, se torna fonte de angústia, ao longo da existência.
Ousei, em sala de aula, trabalhar o escrito citado. Senti, entretanto, não haver empatia por parte dos alunos, adolescentes com outras preocupações. Uma aluna questionou: “Que texto depressivo!”. Peixe fora d’água eu estava. Filosofia vã em plena era digital. Mas resolvi comentar aqui o porquê do autor ser tão pessimista, tão desconstrutivo no tocante à maturidade e à velhice. E fiquei a pensar: realmente, em parte, o autor tem razão quando questiona a visão romântica de que a infância é um doce paraíso de pureza e sonho. Consagrados autores brasileiros desconstruíram a concepção idílica da primeira idade. A aurora da vida foi para Sérgio de o Ateneu uma dolorosa experiência de descobertas nocivas: a constatação da hipocrisia, da falsidade, da ganância e apenas o domínio da aparência sobre a essência. O grande mago Machado de Assis já observava isso: a total descrença no ser humano. José Lins do Rego, no Romance Doidinho realiza uma Intertextualidade com o livro de Raul Pompéia, analisa e desmistifica essa infância cheia de luz e amor. Não-raro, o sonho de um futuro promissor, o quando crescer vou ser isto ou aquilo, torna-se uma sucessão de mediocridades e de vida comum. Afinal, não são muitos os famosos do mundo. Não caberia fama, prestígio a todas as crianças sonhadoras. A existência, então, impõe-se como algo que se aproxima mais do personagem da música de Raul Seixas às avessas: a gente se senta num trono de apartamento esperando a morte chegar. E, mais das vezes, a busca pelos aspectos místicos, por algum tipo de religião, transforma-se, aí sim, num bálsamo, num alento, numa espécie de redenção de fim de vida. Na verdade, diante das frustrações óbvias, as pessoas se enganam, talvez, com qualquer consolo, desde que esse algo dê tranquilidade e coloque a ilusão de que valeu a pena.
Todavia, dói saber que ter o a carro do ano, morar na zona sul do Recife, ou aposentar-se com proventos maiores, isto não foi o bastante. Ou tenha sido tão-somente uma fuga, uma satisfação por não ter conseguido dar um maior sentido à vida. E as conquistas materiais alimentam um discurso já não suficiente.
Por isso, o texto de Cláudio Abramo é pedagógico e,embora amargo, encerra a concepção de que somos nada ou talvez tudo, dependendo de como encaramos as dificuldades da existência. Mostra-nos,inclusive, o falso conceito de que a maturidade traz equilíbrio e sensação de dever cumprido.O vulcão jogando labaredas imensas. Apenas não é visto. Só o sofrido cristão sabe. Então, essa pretensa felicidade é mais uma utopia humana, que jogamos para os filhos e netos. Se dói ou não, alguém ou muitos pensam assim. E, por certo, não estão totalmente sem razão. Há suicidas que dedicaram a vida a vender felicidade aos outros, em livros e palestras, indicando a fórmula de ser feliz.
Mas, enfim, você, leitor, pode perguntar: E você? Eu vejo tudo com um misto de otimismo velado e um pessimismo calcado no que a realidade nos mostra. Deixando sempre uma ponta futurista que acredita num mundo melhor.
Mas talvez ainda a pergunta que não quer calar. E você? Eu... eu, por enquanto escrevo pela madrugada. Escrevo para não morrer.

DOUGLAS MENEZES é professor, escritor e membro da Academia Cabense de Letras.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A HARPA



Por Cruz e Souza

Prende, arrebata, enleva, atrai, consola
A harpa tangida por convulsos dedos,
Vivem nela mistérios e segredos,
É berceuse, é balada, é barcarola.
Harmonia nervosa que desola,
Vento noturno dentre os arvoredos
A erguer fantasmas e secretos medos,
Nas suas cordas um soluço rola...
Tu'alma é como esta harpa peregrina
Que tem sabor de música divina
E só pelos eleitos é tangida.
Harpa dos céus que pelos céus murmura
E que enche os céus da música mais pura,
Como de uma saudade indefinida.



Cruz e Sousa (1861 - 1898)
João da Cruz e Souza nasceu em Desterro, hoje Florinaopolis, Santa Catarina. Seu pai e sua mãe, negros puros, eram escravos alforriados pelo marechal Guilherme Xavier de Sousa. Ao que tudo indica o marechal gostava muito dessa família pois o menino João da Cruz recebeu, além de educação refinada, adquirida no Liceu Provincial de Santa Catarina, o sobrenome Sousa.

De um lado, encontram-se aspectos noturnos, herdados do Romantismo como por exemplo o culto da noite, certo satanismo, pessimismo, angústia morte etc. Já de outro, percebe-se uma certa preocupação formal, como o gosto pelo soneto, o uso de vocábulos refinados, a força das imagens etc. Em relação a sua obra, pode-se dizer ainda que ela tem um caráter evolutivo, pois trata de temas até certo ponto pessoais como por exemplo o sofrimento do negro e evolui para a angústia do ser humano.

Poemas:
Inefável
Vida Obscura
Tristeza do Infinito
Música da Morte
Acrobata da Dor
Sinfonias do Ocaso
Dilacerações
Flor do Mar
Dança do Ventre
Velhas Tristezas
Encarnação
Braços
Siderações
Antífona

domingo, 18 de abril de 2010

VINTE CONSELHOS DAS UNIVERSIDADES DE MEDICINA

Harvard e Cambridge publicaram recentemente um compêndio com 20 Conselhos saudáveis para melhorar a qualidade de vida de forma prática e habitual: 01- UM COPO DE SUCO DE LARANJA diariamente para aumentar o ferro e repor a vitamina C. 02- SALPICAR CANELA NO CAFÉ (mantém baixo o colesterol e estáveis os níveis de açúcar no sangue). 03- TROCAR O PÃOZINHO TRADICIONAL PELO PÃO INTEGRAL O pão integral tem 4 vezes mais fibra, 3 vezes mais zinco e quase 2 vezes mais ferro que tem o pão branco. 04- MASTIGAR OS VEGETAIS POR MAIS TEMPO. Isto aumenta a quantidade de químicos anticancerígenos liberados no corpo. Mastigar libera sinigrina. E quanto menos se cozinham os vegetais, melhor efeito preventivo tem. 05- ADOTAR A REGRA DOS 80%: servir-se menos 20% da comida que costuma comer, evita transtornos gastrintestinais, prolonga a vida e reduz o risco de diabetes e ataques de coração. 06- LARANJA O FUTURO ESTÁ NA LARANJA, QUE REDUZ EM 30% o risco de câncer de pulmão. 07- FAZER REFEIÇÕES COLORIDAS COMO O ARCO-ÍRIS. Comer DIARIAMENTE, uma variedade de vermelho, laranja, amarelo, verde, roxo e branco em frutas e vegetais, cria uma melhor mistura de antioxidantes, vitaminas e minerais. 08- COMER PIZZA, MACARRONADA OU QUALQUER OUTRA COISA COM MOLHO DE TOMATE. Mas escolha as pizzas de massa fininha. O Licopeno, um antioxidante dos tomates pode inibir e ainda reverter o crescimento dos tumores; e ademais é melhor absorvido pelo corpo quando os tomates estão em molhos para massas ou para pizza . 09- LIMPAR SUA ESCOVA DE DENTES E TROCÁ-LA REGULARMENTE . As escovas podem espalhar gripes e resfriados e outros germes. Assim, é recomendado lavá-las com água quente pelo menos quatro vezes à semana (aproveite o banho no chuveiro), sobretudo após doenças, quando devem ser mantidas separadas de outras escovas. 10- REALIZAR ATIVIDADES QUE ESTIMULEM A MENTE E FORTALEÇAM SUA MEMÓRIA... Faça alguns testes ou quebra-cabeças, palavras-cruzadas, aprenda um idioma, alguma habilidade nova... Leia um livro e memorize parágrafos; escreva, estude, aprenda. Sua mente agradece e seus amigos também, pois é interessante conversar com alguém que tem assunto. 11- USAR FIO DENTAL E NÃO MASTIGAR CHICLETES . Acreditem ou não, uma pesquisa deu como resultado que as pessoas que mastigam chicletes têm mais possibilidade de sofrer de arteriosclerose, pois tem os vasos sanguíneos mais estreitos, o que pode preceder a um ataque do coração. Usar fio dental pode acrescentar seis anos a sua idade biológica porque remove as bactérias que atacam aos dentes e o corpo. 12- RIR. Uma boa gargalhada é um 'mini-workout', um pequeno exercício físico: 100 a 200 gargalhadas equivalem a 10 minutos de corrida. Baixa o estresse e acorda células naturais de defesa e os anticorpos. 13- NÃO DESCASCAR COM ANTECIPAÇÃO. Os vegetais ou frutas, sempre frescos, devem ser cortados e descascados na hora em que forem consumidos. Isso aumenta os níveis de nutrientes contra o câncer. Sucos de fruta têm que ser tomados assim que são preparados. 14- LIGAR PARA SEUS PARENTES/PAIS DE VEZ EM QUANDO. Um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard concluiu que 91% das pessoas que não mantém um laço afetivo com seus entes queridos, particularmente com a mãe, desenvolvem alta pressão, alcoolismo ou doenças cardíacas em idade temporã . 15- DESFRUTAR DE UMA XÍCARA DE CHÁ. O chá comum contém menos níveis de antioxidantes que o chá verde, e beber só uma xícara diária desta infusão diminui o risco de doenças coronárias. Cientistas israelenses também concluíram que beber chá aumenta a sobrevida depois de ataques ao coração. 16- TER UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO. As pessoas que não têm animais domésticos sofrem mais de estresse e visitam o médico regularmente, dizem os cientistas da Cambridge University. Os mascotes fazem você sentir-se otimista, relaxado e isso baixa a pressão do sangue. Os cães são os melhores, mas até um peixinho dourado pode causar um bom resultado. 17- COLOCAR TOMATE OU VERDURA FRESCAS NO SANDUÍCHE. Uma porção de tomate por dia baixa o risco de doença coronária em 30%, segundo cientistas da Harvard Medical School; vantagens outras são conseguidas atráves de verduras frescas. 18- REORGANIZAR A GELADEIRA . As verduras em qualquer lugar de sua geladeira perdem substâncias nutritivas, porque a luz artificial do equipamento destrói os flavonóides que combatem o câncer que todo vegetal tem. Por isso, é melhor usar á área reservada a ela, aquela caixa bem embaixo ou guardar em um tape ware escuro e bem fechado. 19- COMER COMO UM PASSARINHO. A semente de girassol e as sementes de sésamo nas saladas e cereais são nutrientes e antioxidantes. E comer nozes entre as refeições reduz o risco de diabetes. 2 0 - UMA BANANA POR DIA QUASE DISPENSA O MÉDICO, VEJAMOS: " Pesquisa da Universidade de Bekeley”. A banana previne a anemia, a tensão arterial alta, melhora a capacidade mental, cura ressacas, alivia azia, acalma o sistema nervoso, alivia TPM, reduz risco de infarto, e tantas outras coisas mais, então, é ou não é um remédio natural contra várias doenças? Por último, um mix de pequenas dicas para alongar a vida: -comer chocolate. Duas barras por semana estendem um ano a vida. O amargo é fonte de ferro, magnésio e potássio.. - PENSAR POSITIVAMENTE. Pessoas otimistas podem viver até 12 anos mais que os pessimistas, que, além disso, pegam gripes e resfriados mais facilmente, são menos queridos e mais amargos. - SER SOCIÁVEL. Pessoas com fortes laços sociais ou redes de amigos têm vidas mais saudáveis que as pessoas solitárias ou que só têm contato com a família. - CONHECER A SI MESMO. Os verdadeiros crentes e aqueles que priorizam o 'ser' sobre o 'ter' têm 35% de probabilidade de viver mais tempo, e de ter qualidade de vida... Não parece tão sacrificante, não é verdade? Uma vez incorporados, os conselhos, facilmente tornam-se hábitos... É exatamente o que diz certa frase de Sêneca: "Escolha a melhor forma de viver e o costume a tornará agradável" "Crie bons hábitos e torne-se escravo deles, como costumamos ser dos maus hábitos".

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A REINVENÇÃO DO LIVRO

quinta-feira, 15 de abril de 2010

FORA DE CONTROLE

Documentário inspirado no filme "UMA VERDADE INCONVENIENTE" produzido para a disciplina "ESTUDOS SOCIAIS E AMBIENTAIS" por Cyntia Saraiva.

LEMBRANÇAS DO CABO

Por Valeria Saraiva
Cabo, 18/07/1997


Terra de grandes paixões
De grandes ilusões
Terra que Pinzon chamou de
Santa Maria De La Consolación.
Terra, onde o tempo deixa cada vez mais bela a natureza.
Paisagens que o temo não destruiu,
Histórias que o tempo construiu
Com sangue em Pirapama próximo ao rio.
Um grito abafado com fogo e dor,
Uma história contada por um povo, que aqui morou,

Se a queimadura já cicatrizou
Não desperte Xaréu o vulcão da dor.
Paiva há de se queimar também,
Ou então Gaibu com seu mangue quase nu,
Menos nu do que Suape que perdeu um belo cobertor de mangue.
Mas ainda assim é grande, o amor dos pescadores por essa praia.
E os turistas admiram todo o complexo até o que não tem nexo
Mas há de ser bonito e fotogênico.

O reboliço mexe com o nexo da poesia,
mas há de Pirapama ser um dia,
dos mais belos rios de Pernambuco.
Sabe-se que está poluído,
Mas sabe-se que de sua barragem parte uma bela paisagem
Que se quebra entre rochas e lixos.

O Cabo tem história em Nazaré, o castelo, o farol, a igreja e o convento
Tem um forte em Gaibu que se escondeu com o tempo.
Escondeu-se na memória e quem esqueceu, agora lembrou.
O Cabo também tem gente que muito o amou.

Valéria Cristina Saraiva Lins é poetisa com foco nas contextualizações estereotipadas pelos reflexos intrínsecos, próprios da alma.

SESSÃO NOSTALGIA

Gene Tierney(1920-1991) Alguns de seus principais filmes: Laura *** (Preminger, 1944) O diabo disse não ** (Lubitsch, 1943) Tempestade sobre Washington * (Preminger, 1962) A volta de Frank James * (Lang, 1940) Sombras do mal * (Dassin, 1950) Amar foi minha ruína * (Stahal, 1945) Precisam ser [re]vistos: Caminho áspero (Ford, 1941) Paixão oriental (Hathaway, 1942) O fio da navalha (Goulding, 1946) O fantasma apaixonado (Mankiewicz, 1947) Passos na noite (Preminger, 1950) Desde cedo, demonstrou interesse pela carreira de atriz, representando muitas vezes para os pais e amigos. Ao retornar da Europa, passou a freqüentar a Broadway, conseguindo papéis em algumas peças. Ganhou destaque imediato por sua beleza física e, rapidamente, deu o salto para o cinema. Foi Darryl F. Zanuck, produtor da 20th Century Fox, quem a levou para Hollywood, onde estreou em 1940 no filme "A Volta de Frank James", ao lado de Henry Fonda. No ano seguinte, estrelou cinco filmes, dando início a uma carreira de sucesso. Em 1943, com o filme "O Céu Pode Esperar", teve a crítica a seus pés. O ano de 1944 foi, no entanto, o de sua consagração como atriz e estrela. Foi o ano de "Laura", onde fez o papel de uma mulher cobiçada por três homens. Em 1946, teve sua única indicação ao Oscar de Melhor Atriz, por sua excelente atuação em "Amar Foi Minha Ruina", de 1945, perdendo a estatueta para Joan Crawford por sua magnífica atuação em "Alma em Suplício".

terça-feira, 13 de abril de 2010

FLIPORTO 2010

A FLIPORTO 2010 muda de enreço e não mais acontecrá em Porto de Galinhas, mas, em Olinda, a Marim dos Caetés. A informação nos foi passada pelo Instituto Maximiano Campos, responsável pela realização do mais importante evento literário de Pernambuco. A Fliporto acontecerá de 12 a 15 de Novembro.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

BUDISMO MODERNO

Augusto dos Anjos Tome, Dr., esta tesoura e... corte Minha singularíssima pessoa. Que importa a mim que a bicharia roa Todo o meu coração depois da morte?! Ah! Um urubu pousou na minha sorte! Também, das diatomáceas da lagoa A criptógama cápsula se esbroa Ao contrato de bronca destra forte! Dissolva-se, portanto, minha vida Igualmente a uma célula caída Na aberração de um óvulo infecundo; Mas o agregado abstrato das saudades Fique batendo nas perpétuas grades Do último verso que eu fizer no mundo! SAUDADE... Hoje que a mágoa me apunhala o seio, E o coração me rasga atroz, imensa, Eu a bendigo da descrença em meio, Porque eu hoje só vivo da descrença. À noite quando em funda soledade Minh'alma se recolhe tristemente, Pra iluminar-me a alma descontente, Se acende o círio triste da Saudade. E assim afeito às mágoas e ao tormento, E à dor e ao sofrimento eterno afeito, Para dar vida à dor e ao sofrimento, Da saudade na campa enegrecida Guardo a lembrança que me sangra o peito, Mas que, no entanto me alimenta a vida. Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho de Pau d'Arco, Estado da Paraíba, a 20 de Abril de 1884, e morreu de tuberculose na cidade mineira de Leopoldina, no dia 12 de novembro de 1914, poucos meses depois de ter assumido o cargo de diretor de um grupo escolar. Estimulado pelo pai, que lhe incutiu bem cedo o gosto da leitura e dos estudos, descobriu no campo, em contato com a natureza, os primeiros sinais de uma vocação intelectual profundamente marcada pelos poetas do Romantismo e, mais tarde, influenciada pela Escola do Recife e pelo "Cientificismo", muito forte à época. Cientificismo este que "perpassará" a sua linguagem. Com a publicação de Eu, em 1912, Augusto promove uma "ruptura" com os padrões da poesia Parnasiana, porque ousa falar em "escarro", "vermes", "podridão", "putrefação", numa época em que a literatura dos "poetas de plantão" era conhecida como "Literatura Sorriso". O MEMORIAL AUGUSTO DOS ANJOS é um local onde os visitantes mergulham no ambiente em que o poeta passou a infância e parte da fase adulta. Instalado na casa onde morou a ama de leite de Augusto, o memorial conta com painéis, videoteca, biblioteca com vários livros sobre a obra do poeta paraibano e edições do livro Eu, documentos e raridades. Localização: município de Sapé, terra natal de Augusto, a cerca de 50 Km de João Pessoa. Visitação de terça a domingo, das 7 às 11h e das 13h às 17h.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ACADEMIA CABENSE DE LETRAS

Palestra Com O Jornalista Mário Hélio, membro da Academia Cabense de Letras Tema: 100 anos com e sem Joaquim Nabuco Próxima sexta, 9 de abril de 2010 - às 19 horas Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho Realização: ACADEMIA CABENSE DE LETRAS

quarta-feira, 7 de abril de 2010

PARTE, E TU VERÁS

Parte, e tu verás Como as coisas que eram, não são mais E o amor dos que te esperam Parece ter ficado para trás E tudo o que te deram Se desfaz. Parte, e tu verás Como se quedam mudos os que ficam Como se petrificam Os adeuses que ficaram a te acenar no cais E como momentos que passaram apenas Parecem tempos imemoriais. Parte, e tu verás Como o que era real, resta impreciso Como é preciso ir por onde vais Com razão, sem razão, como é preciso Que andes por onde estás. Parte, e tu verás Como insensivelmente esquecerás Como a matéria de que é feito o tempo Se esgarça, se dilui, se liquefaz E qualquer novo sentimento Te compraz. Repara como um novo sofrimento Te dá paz Repara como vem o esquecimento E como o justificas E como mentes insensivelmente Porque és, porque estás. Ah, eterno limite do presente Ah, corpo, cárcere, onde faz O amor que parte e sente Saudade, e tenta, mas Para viver, subitamente, mente Que já não sabe mais Vida, o presente; morte, o ausente - Parte, e tu verás... (Vinicius de Moraes)

terça-feira, 6 de abril de 2010

ARROGÂNCIA

Tenório Telles Os fracos e ignorantes dissimulam a própria fragilidade e ausência de esclarecimento pelo uso da presunção e da arrogância. Quando não, extrapolam do poder de que estão investidos para impor suas vontades e interesses. A empáfia e a grosseria tornaram-se tão comuns que são encaradas socialmente como sinais de força e autoridade. Esse tipo de conduta contaminou as relações entre os indivíduos. Neste tempo de inversão de valores, civilidade e tolerância são virtudes banidas do convívio social. Incomodou-me uma cena que testemunhei esses dias: num encontro com algumas autoridades e convidados, em meio ao diálogo surgiu uma divergência de ponto de vista entre o representante de um órgão público e seu superior. Para surpresa dos presentes, o funcionário foi desautorizado publicamente e instado a se calar. Nervoso e constrangido pediu desculpas a seu chefe. O mal-estar era evidente. Humilhado, retratou-se, quando deveria ter sido o contrário. Assistimos diariamente a exemplos como este de incivilidade e falta de cortesia e respeito pelo outro. O pior é que as pessoas que, normalmente, agem assim não são nenhum exemplo de correção. Pus-me a refletir sobre o porquê de pessoas agirem dessa maneira: se seria ausência de formação, de valores morais, autodefesa! A explicação mais convincente encontrei nos argumentos do escritor Eder Siegel: “A arrogância sempre é o véu que está na iminência de ser despido para efetivamente mostrar a ignorância tal como é: nua, crua e feia de doer”. De fato, atitudes assim são sintomáticas desse mal que assola o nosso tempo: soberba, grosseria e o uso da força como solução para as divergências e conflitos. O pior de tudo isso é que a arrogância é apenas um dos passos do caminho que leva à violência, à brutalidade e à destruição dos outros. As palavras do sábio romano Plínio, o velho, são mais que esclarecedoras: “Pasma ver até onde pode chegar a arrogância do coração humano estimulada pelo menor êxito”. Acredito ser a arrogância uma das consequências da falta de sabedoria. Um espírito esclarecido e nobre é incapaz de fazer uso desses expedientes para convencer ou dissuadir os outros dos seus argumentos. Até porque tem consciência das suas fragilidades e de seus limites. Os seres humanos elevados usam a força da argumentação e do convencimento para fazer valer suas ideias e princípios. Em nossos dias, raros são os líderes políticos que agem com serenidade e sabedoria. Tampouco com honestidade. Aliás, a arrogância é o instrumento que usam para intimidar e, assim, acobertarem seus atos e aquilo que realmente são. A soberba é uma doença. Causa sofrimento a quem é atingido pelo seu veneno. As consequências, entretanto, desse mal atingem principalmente o seu portador. O arrogante é a maior vítima da arrogância: torna-se indiferente à dor que causa e, por acreditar está certo, não reflete sobre seus atos. Pelo contrário, compraz-se com a sua dureza. O arrogante torna-se um ser enfermo, descontrolado e megalomaníaco. Por se achar superior e melhor que os outros, acredita que todos devem aceitar suas grosserias. O destino desse tipo humano é a solidão e a loucura. É preciso ter cuidado com ele, pois impõe-se destruindo a autoestima alheia. O poder que detém é aparente, esgota-se na força momentânea que possui e não na sua autoridade. Como ensina a sabedoria judaica: “A arrogância é o reino – sem a coroa”. Não pude pedir permissão ao professor Tenório para publicar o texto, enviado por um amigo. Mas o texto vale a pena.