quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Carta de Anita Leocádia Prestes ao Globo

A redação de "O Globo" Tendo em vista matéria publicada em “O Globo” de hoje (p.4), intitulada “Comissão aprovará novas indenizações” e na qualidade de filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benario Prestes, devo esclarecer o seguinte: Luiz Carlos Prestes sempre se opôs à sua reintegração no Exército brasileiro, tendo duas vezes se demitido e uma vez sido expulso do mesmo. Também nunca aceitou receber qualquer indenização governamental; assim, recusou pensão que lhe fora concedida pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Sr. Saturnino Braga. A reintegração do meu pai ao Exército no posto de coronel e a concessão de pensão à família constitui, portanto, um desrespeito à sua vontade e à sua memória. Por essa razão, recusei a parte de sua pensão que me caberia. Da mesma forma, não considerei justo receber a indenização de cem mil reais que me foi concedida pela Comissão de Anistia, quantia que doei publicamente ao Instituto Nacional do Câncer. Considerando o direito, que a legislação brasileira me confere, de defesa da memória do meu pai, espero que esta carta seja publicada com o mesmo destaque da matéria referida. Atenciosamente, Anita Leocádia Prestes Obs.: Não custa lembrar Rui Barbosa, há quase 100 anos: "De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto"

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CMSB

XXXIX Assembléia Geral da CMSB: conheça a programação Conforme anteriormente já anunciado, o mundo maçônico estará, no período de 10 a 15 de julho próximo, com as atenções voltadas para a cidade de Belém capital do estado do Pará. É que ali se realizará a XXXIX Assembléia Geral da Confederação da Maçonaria do Brasil (CMSB), com a participação de delegações das Grandes Lojas de todos os estados do Brasil e de representantes de Potências Maçônicas do exterior. Veja-se trechos da mensagem de boas vindas emitida pelo Irmão José Nazareno Nogueira Lima, Grão-Mestre da Grande Loja anfitriã. "Estamos extremamente orgulhosos e contentes em receber a Família Maçônica de todos os Estados Brasileiros e de vários Países do Mundo para abrilhantarem a XXXIX Assembléia Geral Ordinária da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – CMSB, que se realizará entre os dias 10 a 15 de julho de 2010, na cidade de Belém, promovida pela Grande Loja Maçônica do Estado do Pará. Vem que o Pará te espera e o Grande Arquiteto do Universos te cobrirá com as luzes de sua sabedoria e nos protegerá durante a realização desse verdadeiro encontro da irmandade maçônica". Conheça a programação geral: 10 DE JULHO – SÁBADO 19h Solenidade de Abertura – Centro de Convenções Hangar Traje: Maçom: Maçônico Convidados: Passeio completo 22h Coquetel de Confraternização Local: Hangar 1º Piso DIA 11 DE JULHO – DOMINGO GRÃOS-MESTRES 8h30 1ª Sessão Plenária – Sessão Preparatória 10h50 2ª Sessão Plenária. SEMINÁRIO DOS SECRETÁRIOS DE RELAÇÕES EXTERIORES 8h30 1ª Sessão Plenária. 10h50 2ª Sessão Plenária EVENTOS PARALELOS Palestras 8h30 Tema: Amazônia sem desmatamentos e queimadas: um horizonte possível? Palestrante: Doutor Alfredo Kingo Oyama Homma –Universidade Federal de Viçosa (MG) 9h30 Tema: “Família – Apertando laços e desatando nós” Palestrante: Dr. Alberto Almeida - Médico 10h50 Tema: Ritualística. Palestrante: PGM.'. Washington Lucena Rodrigues – Grande Loja do Estado do Pará DIA 12 DE JULHO – SEGUNDA-FEIRA GRÃOS-MESTRES 8h30 3ª Sessão Plenária 10h50 4ª Sessão Plenária (Continuação) 14h 5ª Sessão Plenária SEMINÁRIO DOS SECRETÁRIOS DE RELAÇÕES EXTERIORES 8h30 3ª Sessão Plenária. 10h50 4ª Sessão Plenária APRESENTAÇÃO E DEBATES – TESES 8h30 Início dos Trabalhos 10h50 Continuação dos Trabalhos EVENTOS PARALELOS Palestras 8h30 Tema: Cidadania e Maturidade Social Palestrante: Ir.'. Túlio Roberto Cei. – Grande Loja do Estado do Pará 9h30 Tema: Segurança Nacional da Amazônia Palestrante: Gal. Ex. Augusto Heleno 10h50 Tema: A Ética Maçônica na Sociedade Contemporânea. Palestrante: Ir.'. Océlio Moraes – Grande Loja do Estado do Pará DIA 14 DE JULHO – QUARTA-FEIRA GRÃOS-MESTRES 8h30 6ª Sessão Plenária 10h50 7ª Sessão Plenária 14h30 8ª Sessão Plenária SEMINÁRIO DOS SECRETÁRIOS DE RELAÇÕES EXTERIORES 8h30 5ª Sessão Plenária. 10h50 6ª Sessão Plenária. APRESENTAÇÃO E DEBATES – TESES 8h30 Inicio dos Trabalhos 10h50 Continuação dos Trabalhos EVENTOS PARALELOS Palestras 8h30 Tema: A Família e Sociedade Palestrante: Dra. Célia Filocreão – (Promotora de Justiça) 9h30 Tema: Maçonaria Ontem e Hoje Palestrante: PGM.'.-Ir.'. Alberto Godin Hermes – Grande Loja do Estado do Pará 10h50 Tema: Questões Jurídicas nas Atividades Maçônicas Palestrante: I.'. Ademar de Souza Freitas – Juiz Federal de Mato Grosso do Sul DIA 15 DE JULHO – QUINTA-FEIRA GRÃOS-MESTRES 8h30 9ª Sessão Plenária 10h50 10ª Sessão Plenária SEMINÁRIO DOS SECRETÁRIOS DE RELAÇÕES EXTERIORES 8h30 3ª Sessão Plenária. 10h50 4ª Sessão Plenária (Continuação). APRESENTAÇÃO E DEBATES – TESES 8h30 Apreciação e votação do Relatório do Seminário dos Grandes Secretários de Relações Exteriores. EVENTOS PARALELOS Palestras 8h30 Tema: Reinserção da Maçonaria no Poder Palestrante: Ir.'. Ricardo Albuquerque – Grande Loja do Estado do Pará 9h30 Tema: Inicio da Maçonaria e do Rito Escocês Palestrante: PGM.'. Wilson Filomêno – Grande Loja de Santa Catarina Salas dos Eventos no Centro Convenções Hangar: 1. Sessões plenárias dos Grãos-Mestres: Sala “Pará” 2. Seminários dos Secretários de Relações Exteriores: “Salão Marajó II” 3. Palestras: Auditório 4. Debates de Teses: Salão Marejó” Programação Social DIA 11 DE JULHO – DOMINGO 15h Encontro de damas maçônicas Local: Estação das Docas. 19h Recepção das delegações visitantes, por Lojas da Grande Loja anfitriã. DIA 12 DE JULHO – SEGUNDA-FEIRA 12h Reunião das Esposas dos Grãos – Mestres. Local: Magal das Garças 20h Peça: Ver de Ver-o-Peso Local: Teatro da Paz DIA 13 DE JULHO – TERÇA-FEIRA 8h30 City Tour: -Cultural -Histórico -Ecológico 13h Almoço - Crurrascaria Noite Livre – Sugestões: Estação da Docas, Casa das Onze Janelas, Mangal das Garças, Parque da Residência. DIA 14 DE JULHO – QUARTA-FEIRA 19h Jantar típico Local: Assembléia Paraense Traje: Esporte Fino DIA 15 DE JULHO – QUINTA-FEIRA 9h Tour de compras para damas maçônicas Tarde Livre 19h Baile de Encerramento Local: Assembléia Paraense. Traje: Passeio Completo

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

RESTOS DO CARNAVAL

Clarice Lispector Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu. No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz. E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim. Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice. Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira. Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma. Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - a idéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola. Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa. Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava. Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria. Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa. in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

UMA NOVA CONSCIÊNCIA CRISTÃ

Frederico Menezes Aproxima - se o Encontro histórico. O evento sobre uma Nova Consciencia Cristã, que será realizado na Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho, na sexta - feira e no sábado, após o carnaval, será um momento marcante pelos objetivos e o significado que carrega. Já passou da hora das religiões deixarem de ser razão de conflitos e violencia no mundo. É uma brutal incoerencia que se agrida e se mate em nome dos caminhos do Amor. Muitos se afastaram de Deus porque não aceitaram (com justa razão) que os seguidores dos diversos seguimentos religiosos brigassem pela "posse" de Deus. Muitas transformações vem ocorrendo na humanidade e as religiões, com sua tarefa sagrada, devem buscar as expressões mais belas e límpidas da tolerância e do respeito entre elas. Quanto possível, tenho ressaltado a necessidade da vivencia dos sublimes postulados religiosos para que o materialismo, o real adversário da verdade, seja enfrentado. A Humanidade está doente e não é por falta de religiões, e sim, por ausência de exemplos vividos. São religiosos de todas as correntes que se apresentam angustiados e deprimidos, sem encontrarem o sentido da vida. Face a força do materialismo, há os que buscam na religião o progresso material, numa relação superficial para com a finalidade da existencia. Por tudo isso, aonde surgir encontros que possam projetar a possibilidade de se criar canais de diálogos entre seguidores dos diversos credos, deve-se aproveitar a oportunidade. Este Encontro terá a participação do respeitado Frei Aloisio Fragoso, do querido Pastor Erivaldo Alves, da igreja Batista e nossa participação como espírita. Vamos trocar ideias à respeito dos que nos une e como fazer para realizarmos,juntos, algo pela divina mensagem do Evangelho. Como nos tornarmos agentes transformadores da realidade à nossa volta ? Quais os caminhos para potencializar o que nos une? É mais fácil quebrar uma vara que um feixe. Quem puder, venha somar conosco nesse encontro, criando uma atmosfera de esperança e legítima fraternidade.Após o evento, voltaremos a tratar do assunto comentando como trancorreu. *Frederico Menezes é um dos palestrantes do Seminário Cristão e membro da ACADEMIA CABENSE DE LETRAS.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

GERALDO VANDRÉ

ARUEIRA Geraldo Vandré Vim de longe Vou mais longe Quem tem fé vai me esperar Escrevendo numa conta Pra junto a gente cobrar No dia que já vem vindo Que esse mundo vai virar. Noite e dia Vem de longe Branco e preto A trabalhar E o dono Senhor de tudo Sentado mandando dar E a gente fazendo conta Pro dia que vai chegar. Marinheiro, marinheiro Quero ver você no mar Eu também sou marinheiro Eu também sei governar Madeira de dar em doido Vai descer até quebrar É a volta do cipó de Arueira No lombo de quem mandou dar. Eu procuro um amor que ainda não encontrei diferente de todos que amei Nos seus olhos quero descobrir uma razão para viver e as feridas dessa vida eu quero esquecer Pode ser que eu a encontre numa fila de cinema numa esquina ou numa mesa de bar Procuro um amor que seja bom pra mim vou procurar, eu vou até o fim E eu vou tratá-la bem pra que ela não tenha medo quando começar a conhecer os meus segredos Eu procuro um amor uma razão para viver e as feridas dessa vida eu quero esquecer Pode ser que eu gagueje sem saber o que falar mas eu disfarço e não saio sem ela de lá Procuro um amor que seja bom pra mim vou procurar, eu vou até o fim!!! Ah, se pudessemos contar as voltas que a vida dá pra que agente possa encontrar um grande amor, é como se pudessemos contar todas estrelas do céu, os grãos de areia desse mar, ainda sim, pobre coração o dos apaixonados que cruzam o deserto em busca de um oásis em flor. Arriscando tudo por uma miragem, pois sabem que há uma fonte oculta nas areias, bem aventurados os que dela bebem, porque para sempre serão consolados. Somente por amor agente põe a mão no fogo da paixão e deixa se queimar, somente por amor, movemos terra e céus, rasgando sete véus, saltamos do abismo sem olhar pra trás, somente por amor a vida se refaz. Somente por amor agente põe a mão no fogo da paixão e deixa se queimar, somente por amor, movemos terra e céus, rasgando sete véus, saltamos do abismo sem olhar pra trás, somente por amor, e a vida se refaz e a morte não é mais pra nós. Pra não dizer que eu não falei das flores (Caminhando) "Esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer" (Geraldo Vandré) Requiêm para Matraga(Geraldo Vandré) Vim aqui só pra dizer Ninguém há de me calar Se alguém tem que morrer Que seja pra melhorar Tanta vida pra viver Tanta vida a se acabar Com tanto pra se fazer Com tanto pra se salvar Você que não me entendeu Não perde por esperar (Geraldo Vandré) Na Terra Como no Céu (Geraldo Vandré) Não viemos por teu pranto nem viemos pra chorar Viemos ao teu encontro e estamos no teu altar Por seguir nosso caminho que é também teu caminhar na força do teu carinho esperamos nos salvar na terra como no céu no sertão como no mar nas serras ou nas planuras esperamos nos salvar estando sempre a altura dos teus caminhos de dar reparte entre nós Senhor diante do teu altar a comida e a riqueza que fizemos por ganhar não deixa a gente passar pela fome em tua mesa não viemos por teu pranto nem viemos pra chorar (Geraldo Vandré) Fica Mal com Deus (Geraldo Vandré) Fica mal com Deus Quem não sabe dar Fica mal comigo Quem não sabe amar (2X) Pelos meus caminhos vou Vou como quem vai chegar Quem quiser comigo ir Tem que vir do amor Tem que ter pra dar Fica mal com Deus Quem não sabe dar Fica mal comigo Quem não sabe amar (2X) Vida que não tem valor Homem que não sabe dar Deus que se descuide dele E um jeito a gente ajeita Dele se acabar Fica mal com Deus Quem não sabe dar Fica mal comigo Quem não sabe amar (2X) (Geraldo Vandré)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CINE SANTO ANTÔNIO: NOSSO CINE PARADISE

DOUGLAS MENEZES Acabou já há alguns anos. Duas décadas talvez, que cinema de interior e subúrbio não existe mais. Mas é parte da história do Cabo e alguns maduros de outras gerações lembram muito bem dele. A sirene convocava meia hora antes para a sessão diária. Depois a dez minutos mais um toque e um terceiro no início da exibição. Era sim que nossa única sala de espetáculo chamava o povo para o pouco lazer do Cabo, industrial, porém ainda muito provinciano. As filas se faziam imensas, como se a cidade inteira, hipnotizada buscasse o único instrumento de sonho aqui disponível: O Cine Santo Antônio, da Rua da Matriz. O poder mágico do cinema transportava pobres e remediados, único espaço do município destinado à sétima arte. Acanhado, sem conforto. calor intenso, ventiladores que faziam mais barulho que vento. Equipamento vez em quando falhando, mas era a nossa única “válvula de escape”, nossa catarse. A identificação com os heróis de meninos, jovens e adultos. Heróis que jamais seríamos nos fastiosos dia a dia de décadas passadas. Para os meninos pouco importava a baixa qualidade da exibição ou as sofríveis atuações dos atores de filmes classe C. O que valia era a imitação, dia seguinte, daqueles “artistas” derrotando os “bandidos”: Hércules, Maciste, Sansão, Ursus, entre outros. A gritaria ensurdecedora. A empatia total, com a vitória do bem ,sempre. Televisão para poucos. Tempo românticos. Não só aventuras extravagantes, mas filmes épicos, que o lado sisudo da cidade fazia questão de assistir novamente. Os Dez Mandamentos, Ben-Hur, El-Cid, Os Reis dos Reis. Pai levou o filho, que dormia em meio à exibição. Filho depois gostou de cinema até hoje. Soldado vendia amendoim torrado e cozinhado, pastilha, chiclete. Lá dentro, no ambiente cheio de calor, às vezes com muita gente em pé, de súbito quebrava a fita. A interrupção, os espectadores gritando: olha o roubo, olha o roubo...! Até hoje não entendo o que era roubado. Quando do retorno da exibição, cenas adiante eram mostradas, aumentando o inconformismo. Talvez fosse isso o roubo tão gritado pelos cinéfilos do Cabo. Matinês aos domingos. Duas sessões finais de semana. Cinema em Recife só para os intelectuais e os “ricos”. Nossa sala de espetáculo era o Cine Santo Antônio. Boa ou ruim só havia ela. Tão importante que até determinava as horas:dez horas, o cinema terminou. Foi assim por décadas. Alimentando uma fantasia. Fazendo arte sem nem se dar conta. Aceitemos ou não, foi um estimulador cultural do Cabo. Nosso Cine Paradise. Incentivou a criatividade das crianças, diminuiu o vazio, fez a gente pensar um pouco. Teve até cinema de arte, promovido por jovens idealistas, como Roberto Menezes, Murilo Lages, Wilson Nascimento. Tudo isso na época que menino fazia seu brinquedo, inventava suas brincadeiras. A noite era mais iluminada com o Cine Santo Antônio. Ele acabou, como todos os cinemas de rua. A rua da Matriz, movimentada durante o dia é só tristeza à noite. Morreu a alegria noturna. O cine Santo Antônio se foi, levado pra nunca mais voltar. Douglas Menezes é professor, escritor e membro da Academia Cabense de Letras.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

CARNAVAL HOMENAGEIA GETÚLIO CAVALCANTI

O maçom Getúlio de Souza Cavalcanti, nasceu em Camutanga, em fevereiro de 1942. Aprendeu a tocar violão aos 14 anos. Aos 15 compôs sua primeira música. Profissionalmente, começou como cantor, na TV Radio Clube. Chegou ao disco pelas mãos do maestro Nelson Ferreira, gravando Você gostou de mim, composição sua, classifica em terceiro lugar no concurso da prefeitura, em 1962 (perdeu para Capiba, e Nelson Ferreira). Embora incursione por vários gêneros musicais, é mais conhecido pelos frevos-de-bloco, vários deles se tornaram obrigatórios no repertório dos blocos-líricos. O bom Sebastião (em que homenageia o compositor Sebastião Lopes), Último regresso, Um amor a mais, são alguns dos seus frevos-de-bloco mais conhecidos. Em sua cidade natal, cursou as primeiras quatro séries do ensino fundamental nas escolas Típica Rural e Manoel Guedes, sendo transferido, depois, para o Ginásio Timbaubense, onde permaneceu interno para poder concluir o curso ginasial. Em 1957, ele veio morar no Recife, onde cursou o ensino médio no então Colégio Padre Félix, no bairro da Boa Vista. Ainda adolescente, Getúlio participaria de muitas serenatas e serestas sob o luar de Camutanga, que marcaram substancialmente toda a sua obra poético-musical. Ao iniciar as suas atividades laborais no Recife, o compositor ajudaria o pai em seu estabelecimento comercial e, depois, exerceria a função de encarregado de depósito no Diario de Pernambuco. De 1962 em diante, Getúlio compôs e gravou muitas músicas de grande sucesso, a exemplo de: O bom Sebastião (frevo-de-bloco, 1975); Antônio Maria (frevo-de-bloco, 1976); Clube do limão (frevo-canção, 1977); Boi castanho (frevo-de-bloco, 1978); Sete anos de saudade (frevo-de-bloco, 1979); Recado a Capiba (frevo-canção, 1980); Último regresso (frevo-de-bloco, 1981); Cantigas de roda (frevo-de-bloco, 1982); Freviocando (frevo-canção, 1983); O frevo tá na praça (frevo-canção, 1984); Tributo a Faustino (frevo-de-bloco, 1985); Chora batutas (frevo-de-bloco, 1986); Um amor a mais (frevo-de-bloco, 1987); Agonia de um bloco (frevo-de-bloco, 1988); No pequeno olhar e Tributo a Bajado (frevos-de-bloco, 1990); Escuta boêmio e Cadê o apito (frevos-de-bloco, 1991); Sai pra lá baiano (frevo-canção, 1992); Relembrando Moysés (frevo-de-bloco, 1993); Cheirando a motel (frevo-canção, 1994); Revendo Olinda (frevo-de-bloco, 1995); Maré me leva (frevo-canção, 1995); Depois de banhistas (frevo-de-bloco, 1996); Bloco das Flores (frevo-de-bloco), Madrigal (frevo-de-bloco); Ilusão fatal (frevo-de-bloco); Urso safado (frevo-canção); Segurando o talo (samba-canção); Cinco anos de ilusões (frevo-de-bloco); Blocos da minha vida (frevo-de-bloco); Aurora dos carnavais (frevo-de-bloco); Estrela guia (frevo-de-bloco); Perseguidor (frevo-de-bloco); De volta ao Chantecler (frevo-canção); Velho coração (frevo-de-bloco), e outros. Vencedor de vários concursos de músicas carnavalescas, as composições musicais de Getúlio foram gravadas por vários cantores e conjuntos brasileiros renomados, tais como o Coral Banhistas do Pina, o Coral Mocambo, o Maestro Zezinho e a Banda Capibaribe, a Orquestra de José Menezes e o Coral de Joab, o Conjunto Romançal, as Pastoras do Boi Castanho, o Coral Bloco da Saudade, o Coral Bloco das Ilusões, a Banda de Pau e Corda, a Turma do Pingüim, o Coral Frevança, o Coral Vitória Régia, Guedes Peixoto/orquestra e coral, Claudionor Germano, Noite Ilustrada, André Rio, Nando Cordel, Leonardo, Altemar Dutra, Antônio Nóbrega, Têca Calazans, Alessandra (sua filha), e outros. Em 1987, gravou algumas músicas pela Fundação Joaquim Nabuco, através de um LP da série “Compositores Pernambucanos”. Ao ser entrevistado pela autora do presente trabalho, o compositor deixaria registrado que, um dos seus maiores sonhos, era o de poder vivenciar a valorização dos compositores pernambucanos, por parte das autoridades e das entidades que atuam em prol da divulgação cultural. A esse respeito, ele lembrou o incidente ocorrido durante o Baile Municipal do Recife, no carnaval de 2005, quando o prefeito da cidade contratou Elza Soares para cantar, ao invés de valorizar e trazer os compositores e intérpretes pernambucanos e/ou nordestinos, e o público presente, como forma de protesto, vaiou a famosa cantora, que não possuía qualquer relação com músicas carnavalescas. Um dos maiores sucessos musicais de Getúlio é o frevo-de-bloco Último regresso, cuja letra é apresentada a seguir. Falam tanto que meu bloco está Dando adeus prá nunca mais sair E depois que ele desfilar Do seu povo vai se despedir No regresso de não mais voltar Suas pastoras vão pedir Não deixem não Que um bloco campeão Guarde no peito a dor de não cantar Um bloco a mais É o sonho que se faz Nos pastoris da vida singular É lindo ver o dia amanhecer Com violões e pastorinhas mil Dizendo bem Que o Recife tem O carnaval melhor do meu Brasil. O poeta e compositor Getúlio Cavalcanti, ao mesmo tempo em que prima pela simplicidade, possui um enorme talento, carisma e inteligência. Através da beleza e da simplicidade dos seus versos, ele vem abrilhantando sempre o carnaval, ao mesmo tempo em que deixa um legado inestimável para a cultura do País, e mais especificamente para o carnaval de Pernambuco, que representa, sem dúvida alguma, a festa mais popular de todo o Brasil. Fontes consultadas: BARRETO, José Ricardo Paes. Getúlio Cavalcanti: o menestrel do frevo-de-bloco. Recife: Cia. Pacífica, 2000. ______; PEREIRA, Margarida M. de Souza; GOMES, Maria J. Pereira. Dicionário dos compositores carnavalescos pernambucanos. Recife: Cia. Pacífica, 2001. GETÚLIO Cavalcanti: 40 anos de carnaval. Recife: [s. n], [19--]. (Série nossos valores).

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

É preciso não esquecer nada

CECÍLIA MEIRELES É preciso não esquecer nada: nem a torneira aberta nem o fogo aceso, nem o sorriso para os infelizes nem a oração de cada instante. É preciso não esquecer de ver a nova borboleta nem o céu de sempre. O que é preciso é esquecer o nosso rosto, o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso. O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos, a idéia de recompensa e de glória. O que é preciso é ser como se já não fôssemos, vigiados pelos próprios olhos severos conosco, pois o resto não nos pertence. CECÍLIA MEIRELES Videopoema: "Retrato", poema da poetisa brasileira Cecilia Meireles, na voz de Paulo Autran - imagens: pinturas de autoria de José Ulisses

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A NAÇÃO É A CIDADE

DOUGLAS MENEZES Ninguém vive nesse conceito abstrato chamado nação. O país é o conjunto de cidades. O povo habita o município. É lá que ele vive tristezas e alegrias. Onde as famílias são constituídas. Onde as tradições são sedimentadas e formam o bem material e, principalmente, imaterial, constituindo este a base espiritual, afetiva das cidades. As raízes de que falamos tanto são os sentimentos surgidos da alma, da afetividade nativista que nos tornam seres sensíveis, ligados ao torrão natal. As raízes nos fazem cantar nossa aldeia, como diria o poeta. Quando nos preocupamos com o fim da identidade do povo em relação ao município é com medo que venhamos a perder esses bens espirituais, notadamente as tradições e o amor natural, que incentiva a cidadania. E, infelizmente, os grandes centros urbanos perderam essa identificação, fruto, talvez, do crescimento desordenado e da imigração sem controle. Mas, mesmo assim, o país é a cidade. E sentimos isto, cada vez que visitamos algumas delas. As marcas registradas que elas possuem. Caruaru continua cheirando a forró e a ter um comércio forte, apesar do crescimento meio caótico. Estar ali, é conviver com a intensa tradição cultural do barro e da música. Caruaru conseguiu da matéria, espiritualidade, que nem o modismo superficial, principalmente na música, conseguiu destruir. O povo sustenta sua identidade como se fosse a sobrevivência. Na verdade, milhares de caruaruenses sobrevivem do bem adquirido através da história. Sua feira não é só uma atividade econômica, mas um ser vivo, com uma alma diferente das feiras de outros lugares. Pulsa como um ente único. Faz o povo vivê-la no corpo e no espírito, alimentando um orgulho saudável e identificador. A nação é a cidade. A escola, o posto médico, o comércio, a religião, os amores, a elite e o povo simples,”o homem e o vassourão limpando o chão da manhã”, como diz o poeta, o bem e o mal habitam o município. Injustificáveis os parcos recursos que a maioria detém. Corpo federativo injusto, o do Brasil. De pires na mão, sempre ele, mendigando o retorno daquilo que lhe pertence. Assim vivem as cidades brasileiras, embora saibamos que não são todas. Nas crises, os bancos são salvos. A indústria automobilística é salva. Algo mais, então, é tirado das cidades. Seus habitantes, na grande maioria, não possuem carros, não têm conta nos bancos. No entanto, veem o posto médico sem funcionar direito. Ou a escola em condições degradantes. A lógica deveria ser outra: fortalecer o município, que é onde o povo vive. O poder próximo à população está na cidade. Lá, também, as instituições que lidam, de uma forma ou de outra, com os munícipes. É no município onde as soluções aparecem para promover o verdadeiro desenvolvimento. A cidade é a extensão da própria família do cidadão. O bem estar municipal é o bem estar de cada residência. E, segundo o escritor Ledo Ivo, “Os homens não amam as cidades que os humilham e sufocam, mas aquelas que parecem amoldadas às suas necessidades e desejos. Uma cidade deve ter a medida do homem”. A nação é o município. A nação é a cidade. Douglas Menezes é professor, formado em Letras pela Unicap e Bacharel em Comunicação Social pela UFPE. Pós-graduado em Literatura Brasileira e Leitura, Compreensão e Produção Textual pela UFPE. Membro da Academia Cabense de Letras.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CREDO DO LIVRO A LEI DO TRIUNFO

“Creio em mim mesmo. Creio nos que trabalham comigo. Creio no chefe. Creio nos meus amigos. Creio em minha família. Creio que Deus emprestará tudo o que eu necessito para triunfar, contanto que eu me esforce para alcançá-los por meios lícitos e honestos. Creio nas orações e nunca fecharei os meus olhos para dormir sem pedir antes a divina orientação a fim de ser paciente com os outros e tolerante com os que não acreditam como eu acredito. Creio que o triunfo é o resultado do esforço inteligente e não depende de sorte, magia, de amigos duvidosos, de companheiros ou do meu chefe. Creio que tirarei da vida exatamente o que nela colocar, e, assim sendo, serei cauteloso quanto a tratar os outros, como quero que eles sejam comigo. Não caluniarei aqueles de quem não gosto. Não diminuirei o meu trabalho por ver que outros o fazem. Prestarei o melhor serviço de que for capaz, porque jurei a mim mesmo triunfar na vida e sei que o triunfo é sempre o resultado do esforço consciente e eficaz. Finalmente, perdoarei os que me ofendem, porque compreendo que algumas vezes ofendo os outros e necessito do seu perdão".