domingo, 7 de fevereiro de 2010

CARNAVAL HOMENAGEIA GETÚLIO CAVALCANTI

O maçom Getúlio de Souza Cavalcanti, nasceu em Camutanga, em fevereiro de 1942. Aprendeu a tocar violão aos 14 anos. Aos 15 compôs sua primeira música. Profissionalmente, começou como cantor, na TV Radio Clube. Chegou ao disco pelas mãos do maestro Nelson Ferreira, gravando Você gostou de mim, composição sua, classifica em terceiro lugar no concurso da prefeitura, em 1962 (perdeu para Capiba, e Nelson Ferreira). Embora incursione por vários gêneros musicais, é mais conhecido pelos frevos-de-bloco, vários deles se tornaram obrigatórios no repertório dos blocos-líricos. O bom Sebastião (em que homenageia o compositor Sebastião Lopes), Último regresso, Um amor a mais, são alguns dos seus frevos-de-bloco mais conhecidos. Em sua cidade natal, cursou as primeiras quatro séries do ensino fundamental nas escolas Típica Rural e Manoel Guedes, sendo transferido, depois, para o Ginásio Timbaubense, onde permaneceu interno para poder concluir o curso ginasial. Em 1957, ele veio morar no Recife, onde cursou o ensino médio no então Colégio Padre Félix, no bairro da Boa Vista. Ainda adolescente, Getúlio participaria de muitas serenatas e serestas sob o luar de Camutanga, que marcaram substancialmente toda a sua obra poético-musical. Ao iniciar as suas atividades laborais no Recife, o compositor ajudaria o pai em seu estabelecimento comercial e, depois, exerceria a função de encarregado de depósito no Diario de Pernambuco. De 1962 em diante, Getúlio compôs e gravou muitas músicas de grande sucesso, a exemplo de: O bom Sebastião (frevo-de-bloco, 1975); Antônio Maria (frevo-de-bloco, 1976); Clube do limão (frevo-canção, 1977); Boi castanho (frevo-de-bloco, 1978); Sete anos de saudade (frevo-de-bloco, 1979); Recado a Capiba (frevo-canção, 1980); Último regresso (frevo-de-bloco, 1981); Cantigas de roda (frevo-de-bloco, 1982); Freviocando (frevo-canção, 1983); O frevo tá na praça (frevo-canção, 1984); Tributo a Faustino (frevo-de-bloco, 1985); Chora batutas (frevo-de-bloco, 1986); Um amor a mais (frevo-de-bloco, 1987); Agonia de um bloco (frevo-de-bloco, 1988); No pequeno olhar e Tributo a Bajado (frevos-de-bloco, 1990); Escuta boêmio e Cadê o apito (frevos-de-bloco, 1991); Sai pra lá baiano (frevo-canção, 1992); Relembrando Moysés (frevo-de-bloco, 1993); Cheirando a motel (frevo-canção, 1994); Revendo Olinda (frevo-de-bloco, 1995); Maré me leva (frevo-canção, 1995); Depois de banhistas (frevo-de-bloco, 1996); Bloco das Flores (frevo-de-bloco), Madrigal (frevo-de-bloco); Ilusão fatal (frevo-de-bloco); Urso safado (frevo-canção); Segurando o talo (samba-canção); Cinco anos de ilusões (frevo-de-bloco); Blocos da minha vida (frevo-de-bloco); Aurora dos carnavais (frevo-de-bloco); Estrela guia (frevo-de-bloco); Perseguidor (frevo-de-bloco); De volta ao Chantecler (frevo-canção); Velho coração (frevo-de-bloco), e outros. Vencedor de vários concursos de músicas carnavalescas, as composições musicais de Getúlio foram gravadas por vários cantores e conjuntos brasileiros renomados, tais como o Coral Banhistas do Pina, o Coral Mocambo, o Maestro Zezinho e a Banda Capibaribe, a Orquestra de José Menezes e o Coral de Joab, o Conjunto Romançal, as Pastoras do Boi Castanho, o Coral Bloco da Saudade, o Coral Bloco das Ilusões, a Banda de Pau e Corda, a Turma do Pingüim, o Coral Frevança, o Coral Vitória Régia, Guedes Peixoto/orquestra e coral, Claudionor Germano, Noite Ilustrada, André Rio, Nando Cordel, Leonardo, Altemar Dutra, Antônio Nóbrega, Têca Calazans, Alessandra (sua filha), e outros. Em 1987, gravou algumas músicas pela Fundação Joaquim Nabuco, através de um LP da série “Compositores Pernambucanos”. Ao ser entrevistado pela autora do presente trabalho, o compositor deixaria registrado que, um dos seus maiores sonhos, era o de poder vivenciar a valorização dos compositores pernambucanos, por parte das autoridades e das entidades que atuam em prol da divulgação cultural. A esse respeito, ele lembrou o incidente ocorrido durante o Baile Municipal do Recife, no carnaval de 2005, quando o prefeito da cidade contratou Elza Soares para cantar, ao invés de valorizar e trazer os compositores e intérpretes pernambucanos e/ou nordestinos, e o público presente, como forma de protesto, vaiou a famosa cantora, que não possuía qualquer relação com músicas carnavalescas. Um dos maiores sucessos musicais de Getúlio é o frevo-de-bloco Último regresso, cuja letra é apresentada a seguir. Falam tanto que meu bloco está Dando adeus prá nunca mais sair E depois que ele desfilar Do seu povo vai se despedir No regresso de não mais voltar Suas pastoras vão pedir Não deixem não Que um bloco campeão Guarde no peito a dor de não cantar Um bloco a mais É o sonho que se faz Nos pastoris da vida singular É lindo ver o dia amanhecer Com violões e pastorinhas mil Dizendo bem Que o Recife tem O carnaval melhor do meu Brasil. O poeta e compositor Getúlio Cavalcanti, ao mesmo tempo em que prima pela simplicidade, possui um enorme talento, carisma e inteligência. Através da beleza e da simplicidade dos seus versos, ele vem abrilhantando sempre o carnaval, ao mesmo tempo em que deixa um legado inestimável para a cultura do País, e mais especificamente para o carnaval de Pernambuco, que representa, sem dúvida alguma, a festa mais popular de todo o Brasil. Fontes consultadas: BARRETO, José Ricardo Paes. Getúlio Cavalcanti: o menestrel do frevo-de-bloco. Recife: Cia. Pacífica, 2000. ______; PEREIRA, Margarida M. de Souza; GOMES, Maria J. Pereira. Dicionário dos compositores carnavalescos pernambucanos. Recife: Cia. Pacífica, 2001. GETÚLIO Cavalcanti: 40 anos de carnaval. Recife: [s. n], [19--]. (Série nossos valores).

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