segunda-feira, 31 de maio de 2010

CHOPP

Carlos Pena Filho



Na avenida Guararapes,

o Recife vai marchando.

O bairro de Santo Antonio,

tanto se foi transformando

que, agora, às cinco da tarde,

mais se assemelha a um festim,

nas mesas do Bar Savoy,

o refrão tem sido assim:

São trinta copos de chopp,

são trinta homens sentados,

trezentos desejos presos,

trinta mil sonhos frustrados.

Ah, mas se a gente pudesse

fazer o que tem vontade:

espiar o banho de uma,

a outra amar pela metade

e daquela que é mais linda

quebrar a rija vaidade.

Mas como a gente não pode

fazer o que tem vontade,

o jeito é mudar a vida

num diabólico festim.

Por isso no Bar Savoy,

o refrão é sempre assim:

São trinta copos de chopp,

são trinta homens sentados,

trezentos desejos presos,

trinta mil sonhos frustrados




sexta-feira, 21 de maio de 2010

OS ESCRAVOS




Numa iniciativa do Núcleo de Cultura e Cidadania da Secretaria de Educação de Jaboatão dos Guararapes, Antonino Oliveira Júnior esteve em 20/05 na Escola Luiz Gonzaga Maranhão, em Jaboatão-Centro, lançando seu mais recente trabalho "OS ESCRAVOS -Um poema para ser encenado", dentro do Gíro Literário, que acontece na rede municipal de ensino daquele município.

Na oportunidade, Antonino Oliveira Júnior falou sobre Joaquim Nabuco, tendo como base o texto do abolicionista:

"Não adianta a abolição se não destruirmos a obra da escravidão".

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Nesta sexta, primeira Prévia Fliportiana‏

CONFLUÊNCIA POÉTICA



PELAS RUAS DA CIDADE
Por Tereza Soares
(Dedicada ao meu velho-novo eterno amigo Fred Menezes)

Pelas ruas da cidade...eu encontro com uma pequena luz...luzinha infinita e cor...bonita e feliz de se ver...pelas ruas da cidade...eu encontro com um iluminador...um oculto amigo que me segreda coisas que eu já sei de cor...

Pelas ruas da cidade...eu vejo aquele semeador...há quem olhe e não veja...há quem veja e não sinta...há quem nem saiba sua dor...mas aquele ser para mim quase finda minha sagrada angústia...despertando o novo e o velho propósito...de ver o mundo melhor...



FREDERICO MENEZES RESPONDE:
(Pra você, amiga Tereza. Beijos molhados de luz, do seu irmão Fred)


Fui abraçado pelo vasto sorriso do futuro. Um lindo brilho da transcendência.

Ele me falou, em sua linguagem de estrelas, sobre o mundo que sonhamos.

Tinha olhos este sonho e cintilava como se daqui não fosse...


Tinha voz esta cintilação, que nascia do seu coração em festa

Tinha leveza esperança esta festa, que parece não se encaixar neste mundo...

Esta leveza estava vestida de mulher e vi que ela era tecida de névoa, sonhando pelas singelas ruas da minha cidade.

* Frederico Menezes e Tereza Soares são membros da Academia Cabense de Letras.

terça-feira, 18 de maio de 2010

"SER FELIZ OU TER RAZÃO?"

Para reflexão...

Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber: - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais... E ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!

MORAL DA HISTÓRIA:

Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais frequência: 'Quero ser feliz ou ter razão?' Outro pensamento parecido, diz o seguinte: 'Nunca se justifique. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam. Passe esta mensagem aos seus amigos, para ver se o mundo melhora... Eu já decidi... EU QUERO SER FELIZ e você?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

QUANDO LIBERDADE?

Vera Rocha Vendido qual cereal, para quem? Interroga alguém. Este é meu, não abro mão E começa a via crucis. Trabalho duro, Direitos nenhum... Chicotes nas costas a malhar Cresce a revolta e a angústia. E um dia a rebeldia chega A fuga é a solução. Noite escura tal qual pele e alma Tolhido pelo capataz, liberdade sumia Ali estendido, corpo retalhado pelo chicote Vi com os olhos d`alma Que agora era liberta Da matéria grosseira em que vivia. Voltaria pela misericórdia Divina A palmilhar esta esfera. Agora, pele branca e Senhor, Mas outra vez escravo. Quem diria! Não mais o chicote, não mais as correntes Não mais a submissão, liberdade aparente, Escravo hoje de si mesmo, de suas imperfeições Escravo! Por que não? Acaso não é o homem escravo: Do poder, do vício, do dinheiro Do egoísmo, da vaidade? Quando liberdade? Vera Rocha é professora da Rede Municipal de Ensino e membro da Academia Cabense de Letras.

TON SEVERO

Tereza Soares Dedicada ao poeta e amigo Ton Severo Em tom severo e doce ouço a voz da inquietança, em sua música suave se enriquecem meus sentidos, retirando-me sombrias lembranças de algozes meus antigos perpetuando-me o afeto que antes recolhemos em campos semeados de dor, mas sempre regados com amor. *Tereza Doares é membro da Academia Cabense de Letras

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CELINA DE HOLANDA


Jornalista e poeta, Celina de Holanda Cavalcanti de Albuquerque nasceu no município do Cabo, a 19/06/1915, tendo depois se transferido para o Recife, onde atuou na imprensa.

Publicou seus primeiros poemas nos suplementos literários do Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco e o primeiro livro (O Espelho e a Rosa) foi editado quando ela tinha 55 anos de idade.

Além de participar de várias coletâneas (Palavra de Mulher, A Cor da Onda por Dentro, Antologia Didática de Poetas Pernambucanos, entre outras), sua obra é composta pelos seguintes livros:

O Espelho e a Rosa (1970); A Mão Extrema (1976); Sobre Esta Cidade de Rios (1979); Roda D'água (1981); As Viagens (1984); Pantorra, o Engenho (1990); Viagens Gerais, de 1985, coletânea dos livros anteriores e mais os inéditos "Afogo e Faca" e "Tarefas de Ninguém".

Morreu no Recife, a 04 de junho de 1999.


O LIMITE

Vi os que lutam
contra a opressão
sendo opressores (não há
claros limites entre uns
e outros) e disse :
ai de nós
os que comemos juntos, se
não partilhamos (só alguns
têm certeza da comida
sinal forte de felicidade
para os que têm fome).
Ai de nós
por essa consciência de puros
sem nada para ser perdoado
como o Publicano e o Bom Ladrão.

LA LIMITE

J’ai vu ces que luttent
contre l’oppression
étant des oppresseurs (il n’y a pas de
claires limites
entre les uns
et les autres) et il a dit :
aie de nous
qui mangeons ensemble, si
nous ne partageons pas (à peine
quelques-uns
ont la certitude de la nourriture
signe fort de bonheur
pour ceux qui ont faim).
Aie de nous
pour cette conscience de purs
sans rien pour être pardonné
comme le Publicain et le bon Ladron.

(Da antologia bilingüe “Poésie du Brésil”, seleção de Lourdes Sarmento, edição Vericuetos, como nº 13 da revista literária francesa “Chemins Scabreux”, Paris, setembro de 1997.Traduções de Lucilo Varejão, Maria Nilda Miranda Pessoa e outros.)

Publicado em setembro de 2008

MERIDIANO

Vivemos a grande noite.
Cada amor em seu amor
se oculta.
Quem nos roubou a ternura
escondida? O corpo claro
e diurno?
Como os animais e as crianças
um dia a vida será só vida.

A PEDRA

Nesta mesa
o povo está sentado.
Não divaga.
Tudo o de que necessita
é perto e urgente.
Frio e direto, toma
a pedra que sou e quebra.
Vai construir o mundo.

"Não sei de muitas vozes poéticas femininas que se equiparem à sua, pela limpidez do sentimento reflexivo e pela discrição da palavra."
Carlos Drummond de Andrade

“Se apago esta paixão talvez me apague.”
Celina de Holanda

IVAN MARINHO PARTICIPA DE COLETÂNEA NACIONAL

O poeta Ivan Marinho, membro da Academia Cabense de Letras, foi selecionado e vai participar de uma coletânea nacional de poetas, em publicação da Editora Scortecci. Ivan Marinho é professor da rede pública de ensino, Presidente da Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo e coordena as atividades do Ponto de Cultura "Tiro da Paz". O poema selecionado é FRAGMENTO DO ACASO FRAGMENTO DO ACASO Ivan Marinho Sem gravidade flutuam Estilhaços de um espelho E cada parte reflete Um fragmento do acaso. Giram dando a impressão De serem um universo E são, de certo, mil vezes, A expressão original De uma parte perdida A se olhar eternamente Ali, imagem pra sempre, Como se fosse real. E menos se vê no mundo E no mundo só se vê. Entérica alegria Buscando a rima vazia De não ser, só parecer.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

PONTOS DE VISTA SOBRE O ENVELHECIMENTO


Por George Carlin

Você sabia que a única época da nossa vida em que gostamos de ficar velhos é quando somos crianças? Se Você tem menos de 10 anos, Você está tão excitado sobre envelhecer que pensa em frações.

Quantos anos Você tem? Tenho quatro e meio! Você nunca terá trinta e seis e meio. Você tem quatro e meio, indo para cinco! Este é o lance!

Quando Você chega à adolescência, ninguém mais o segura. Você pula para um número próximo, ou mesmo alguns à frente. 'Qual é sua idade?

'Eu vou fazer 16!' Você pode ter 13, mas (tá ligado?) vou fazer 16 !

E aí chega o maior dia da sua vida! Você completa 21! Até as palavras soam como uma cerimônia: VOCÊ ESTÁ FAZENDO 21. Uhuuuuuuu!

Mas então Você 'se torna' 30. Ooooh, que aconteceu agora? Isso faz Você soar como leite estragado! Êle 'se tornou azedo'; tivemos que jogá-lo fora. Não tem mais graça agora, Você é apenas um bolo azedo. O que está errado? O que mudou?

Você COMPLETA 21, Você 'SE TORNA' 30, aí Você está 'EMPURRANDO' 40. Putz! Pise no freio, tudo está derrapando! Antes que se dê conta, Você CHEGA aos 50 e seus sonhos se foram.

Mas, espere! Você ALCANÇA os 60. Você nem achava que poderia!

Assim, Você COMPLETA 21, Você 'SE TORNA' 30, 'EMPURRA' os 40, CHEGA aos 50 e ALCANÇA os 60.

Você pegou tanto embalo que BATE nos 70! Depois disso, a coisa é na base do dia-a-dia; 'Estarei BATENDO aí na 4ª.. feira!'

Você entra nos seus 80 e cada dia é um ciclo completo; Você bate no lanche, a tarde se torna 4:30; Você alcança o horário de ir para a cama. E não termina aqui. Entrado nos 90, V.. começa a dar marcha à ré; 'Eu TINHA exatos 92.'

Aí acontece uma coisa estranha. Se Você passa dos 100, Você se torna criança pequena outra vez. 'Eu tenho 100 e meio

Que todos Vocês cheguem a um saudável 100 e meio!!


COMO PERMANECER JOVEM

Livre-se de todos os números não essenciais. Isto inclui idade, peso e altura. Deixe os médicos se preocupar com eles. É para isso que Você os paga.

Mantenha apenas os amigos alegres. Os ranzinzas, os que só reclamam da vida só deprimem.

Continue aprendendo. Aprenda mais sobre o computador, ofícios, jardinagem, seja o que for, até radioamadorismo. Nunca deixe o cérebro inativo. 'Uma mente inativa é a oficina do diabo. Trabalhe, estude! E o nome de família do diabo é ALZHEIMER.

Aprecie as coisas simples.

Ria sempre, alto e bom som! Ria até perder o fôlego.

Lágrimas fazem parte. Suporte, queixe-se e vá adiante. As únicas pessoas que estão conosco a vida inteira somos nós mesmos. Mostre estar VIVO enquanto estiver vivo.

Cerque-se daquilo que ama, seja família, animais de estimação, coleções, música, plantas, hobbies, seja o que for. Seu lar é seu refúgio.

Cuide da sua saúde: se estiver boa, preserve-a. Se estiver instável, melhore-a. Se estiver além do que Você possa fazer, peça ajuda.

Não 'viaje' às suas culpas. Faça uma viagem ao shopping, até o município mais próximo ou a um país no exterior, mas NÃO para onde Você tiver enterrado as suas culpas.

Diga às pessoas a quem Você ama que Você as ama, a cada oportunidade.

E LEMBRE-SE SEMPRE:

A vida não é medida pela quantidade de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração.

Se você não mandar isso para pelo menos 8 pessoas- quem se importa? Mas compartilhe isto com alguém. Todos nós temos que viver a vida ao máximo a cada dia!


A jornada da vida não é para se chegar ao túmulo em segurança em um corpo bem preservado, mas sim para se escorregar para dentro meio de lado, totalmente gasto, berrando: "PUTA MERDA, QUE VIAGEM!"


George Denis Patrick Carlin (Nova Iorque, 12 de maio de 1937 — 22 de junho de 2008) foi um comediante, ator e autor norte-americano, pioneiro, com Lenny Bruce, no humor de crítica social. A sua mais polémica rotina chamava-se "Sete Palavras que não se podem dizer em Televisão", o que lhe causou, durante os anos setenta, vários dissabores, acabando preso em inúmeras vezes que levou o texto a palco.
Até meados da década de 1960, Carlin manteve uma imagem tradicional, com fato e cabelo curto. Depois, ao escrever novo ato, decidiu deixar crescer o cabelo e a barba, tornando-se um ícone da contracultura. Crítico acérrimo das religiões, ateu convicto, principalmente do sentido da culpa e do controle social, defendia valores seculares.
Aplaudido por vários colegas, como Lewis Black e Bill Maher, George Carlin chegou ainda a participar em vários filmes e séries de TV. Dublou ainda filmes de animação, como Carros e outros.
Morreu em um hospital de Los Angeles de paragem cardíaca, depois de, nos últimos 20 anos, ter passado já por um enfarte e duas cirurgias no coração. Sobrevive-lhe a sua segunda mulher e sua filha.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

JÁ NO SÉCULO XVII AS MULHERES ESCREVIAM ASSIM

Tenho amor, sem ter amores. Este mal que não tem cura, Este bem que me arrebata, Este rigor que me mata, Esta entendida loucura É mal e é bem que me apura; Se equivocando os rigores Da fortuna aos desfavores, É remédio em caso tal Dar por resposta ao meu mal: Tenho amor, sem ter amores. É fogo, é incêndio, é raio, Este, que em penosa calma, Sendo do meu peito alma, De minha vida é desmaio: E pois em moral ensaio Da dor padeço os rigores, Pergunta em tristes clamores A causa minha aflição, Respondeu o coração: Tenho amor, sem ter amores. Soror Madalena da Glória (1672-?)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O PENSAMENTO FILOSÓFICO DA MAÇONARIA


Não é costume da maçonaria discutir sua doutrina fora dos seus templos, porém, sintonizado com a necessidade de maior aproximação com o mundo que nos rodeia, ao qual todos nós pertencemos, levou-me a tomar a decisão de expor um pouco da nossa filosofia, do nosso pensamento.
Permitam-me, que num esforço de síntese, provavelmente superior à minha capacidade intelectual, possa trazer-lhes algumas considerações sobre nossa filosofia de pensamento, nosso simbolismo.
No inicio do século XVIII apareceu em Londres uma sociedade, provavelmente já existente antes (há passagens bíblicas superponíveis ao seu simbolismo), ao qual ninguém sabe dizer de onde vinha, o que era e o que procurava. Expandiu com incrível rapidez pela Europa Cristã, principalmente na França e Alemanha, chegando até a América. Homens de todas as classes sociais, étnicas e religiosas entraram para o seu circulo – chamavam-se, mutuamente, de Irmãos.
Esta sociedade, intitulada Associação dos Pedreiros Livres, atraiu a atenção dos governos; foi perseguida; foi excomungada por dois Pontífices; suas ações levantavam suspeitas odiosas. No entanto ela resistiu a todas estas tempestades, difundindo-se, cada vez mais, até chegar aos nossos dias.
Podemos dizer que basicamente existem três correntes de pensamento maçônico:
- Maçonaria inglesa, de cunho tradicionalista, observadora e seguidora dos rituais; mantém-se imutável nos seus três séculos de existência documentada. É estática e conservadora.
- Maçonaria francesa, embora originária da Britânica, sofreu alterações através dos tempos, ditadas pelas condições do meio em que se desenvolveu, adquirindo feição mais latina, tornando-se conhecida pela ação exercida por seus membros, como cidadãos, nas áreas política, social e religiosa. A maçonaria brasileira e dos demais países hispano-americanos são, filosoficamente, a ela filiados. Formada no meio hostil e intolerante à liberdade de pensamento, partiu para a luta que visava transformar estas condições adversas. São muito vivas e documentadas as lembranças de sua participação na Revolução Francesa, quando sobressaíram grandes maçons como Danton, Robespierre e Diderot; na independência de quase todos os países da América Latrina, com a participação efetiva de notáveis maçons, como Simon Bolívar, San Martim, Sucre e Francisco Miranda; na independência do Brasil e na proclamação da republica, para citar alguns irmãos da Ordem, como Dom Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Ledo, Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa, Floriano Peixoto, Quintino Bocaiúva, dentre outros.
- Maçonaria Alemã, voltada para os estudos filosóficos de alta indagação: Goethe, Kant e Fichte são exemplos de filósofos e literatos que honraram nossa Instituição com suas adesões.
A maçonaria resistiu à prova do tempo, enquanto muitas outras organizações, aparentemente similares, desapareceram. Isto aconteceu porque ela é, por principio, uma Instituição com propósitos universalistas. A “sociedade separada dos maçons” se distingue da “grande sociedade humana” porque ela se isola para impedir a visão unilateral da divisão de trabalho, atingindo, com isto, a síntese da cultura humana.
A Igreja se opõe a outras Igrejas, o Estado a outros Estados, a Maçonaria não; ela toca no santuário do espírito, o problema ético individual; ela atua sobre a república dos espíritos, administra o pluralismo de opiniões.
Esta Instituição exalta tudo o que une e aproxima as pessoas e repudia tudo aquilo que divide e as isola. Isto acontece porque ela aspira, por principio, fazer da humanidade uma grande família de Irmãos e para atingir este desiderato, se põe sempre a serviço dos movimentos moralizadores e dos bons costumes.
Ela prepara o terreno onde florescerão a justiça e a paz. Sua única arma é a espada da inteligência; sabe que o único modo de produzir, mesmo socialmente, uma mudança profunda e durável de uma sociedade, é trabalhar para modificar a sua mentalidade.
Os pilares que sustentam esta vontade indomável de transformar, primeiro o homem e, por corolário, todo o universo dos homens, são três palavras mágicas: liberdade, igualdade e fraternidade.
“O amor à liberdade foi-nos dado juntamente com a vida e dos presentes do céu, o de menos valor é a vida” afirmou Goethe, o famoso literato alemão e nosso Irmão de Ordem; afirmo eu, corroborado pelos registros da história, que em nenhuma parte do mundo, jamais houve um grito de liberdade para um povo que não houvesse sido apoiado pela Maçonaria.
A liberdade é a essência intima e supremo desejo do homem e os indivíduos, pela sua colaboração mútua, visam criar uma alma coletiva; embalados pelo sopro do vento que libera os grilhões do obscurantismo, “A filosofia verdadeira, no dizer do grande filósofo e irmão de Ordem, o alemão Fichte, considera o pensamento livre como a fonte de toda a verdade independente”.
No que diz respeito à igualdade, a maçonaria reconhece que todos os homens nascem iguais e as únicas distinções que admite são o mérito, o talento, a sabedoria, a virtude e o trabalho.
Para dizer o pensamento da Ordem sobre a fraternidade, peço licença para repetir o que disse outro maçom, o imortal Victor Hugo: “A civilização tem suas frases, estas frases são séculos. A lógica das frases, expressão da idéia Divina, se condensam na palavra Fraternidade”.

HELIO MOREIRA
Membro da Loja Maçônia Asilo da Acácia 1248
Academia Goiana de Letras, Academia Goiana Maçônica de Letras

terça-feira, 4 de maio de 2010

A SAGA DE UMA CAMINHADA HERÓICA

Antonino Oliveira Júnior Nasci no agreste, Pequenino, frágil, Mas corajoso. Ainda um pequeno filete, Recebi pisadas e ameaças diversas, Mas segui adiante, Tomando corpo, Criando brilho próprio, Encantando as cidades por onde passei. Segui meu curso Em busca de novos ares, Na ânsia de chegar ao litoral, De me entregar ao mar, Como todo aquele que deixa o árido Em busca do frescor tropical. A caminhada da felicidade Tornou-se dolorosa E chorei, Sofrendo as dores da tortura, Da falta de ar, da vida se esvaindo, Fugindo de mim. O chegar à cidade tornou-se um sofrer, Uma certeza que o mal estava a caminho: Espumas tóxicas, dejetos humanos, Lixo contaminado matando meus frutos... Que dor horrível! Os peixes, coitados, morrendo afogados... Que dor horrível! Pessoas morando pertinho de mim, Suspensas em varas, distantes da vida... Mas eu sigo a viagem, Mulheres guerreiras, pedaço homem, pedaço mulher, Lavando as roupas, cantando cantigas alegres Em rostos felizes que escondem a tristeza Da alma que teima viver diante da morte... Aqui, acolá, Crianças brincando em gritos e risos, Inocência, pureza, Sem ver a sujeira que eu carregava; Levo doenças, sofrimento e até a morte. A canoa vai, A canoa vem... O homem olha triste para mim E não entende... Sua vida está ali... A minha agonia É a fome dos seis, Dos sessenta, dos seiscentos. O peixe afogado, O pescador sem sorriso, As crianças com fome... Que dor horrível! A espuma amarela A cor da doença, Prenúncio de morte... E eu sigo a viagem, Quase não respiro E tento (em vão) limpar-me com lágrimas... O mangue!!!! Tenho que ali chegar vivo, Ajudar a nascer novas vidas De peixes, crustáceos, de plantas... Estou chegando, Muito fraco, ofegante, Mas chegando, Levando espumas amarelas, Esgotos humanos, Restos de fábricas... Reencontro mulheres guerreiras, Pretas da pele e do mangue; Mulher e mangue se abraçam... Estou feliz... Ainda que muito ferido e abatido, Levei a vida Ao mangue que resiste, À mulher que teima em viver; E vou um pouco mais além... Que alegria!!! Vejo o mar, Sinto a brisa tropical, Chego fraco, abatido, Ajoelho-me diante do mar Tão forte, tão imponente, tão envolvente... Estou chegando mais perto E volto a lembrança lá atrás... As casas suspensas em varas, O triste olhar do pescador, A espuma amarela, Os dejetos, Os peixes afogados, As mulheres guerreiras, O mangue tinhoso... Não há tempo para nada... Estou sendo tragado... Estou sendo engolido... Cheguei ao final, Estou maior, Virei infinito... Agora sou Mar... Antonino Oliveira Júnior é poeta, escritor e membro da Academia Cabense de Letras.

sábado, 1 de maio de 2010

DESCRIÇÃO DO MAÇOM


“A escola maçônica tem um objetivo. O objetivo está no objeto, e o objeto é o homem”

Competência – A nossa humilde pretensão é atender a inúmeros “Irmãos não maçons” que nos consultam diariamente sobre o meio de como poderiam “alcançar um lugar entre nós”.
A única autoridade competente para falar sobre a Ordem Maçônica é o Sereníssimo Grão Mestre, cujo poder se apóia sobre a opinião dos Maçons que o estabeleceram.
O que citamos neste trabalho, não exprime em realidade, senão opinião pessoal, observada em três décadas de atividades maçônicas e o somatório de impressões que cremos ser verdadeiras. Ficamos felizes pelo sentimento que provocou nossa Iniciação entre os Maçons, porque foi a simpatia que a ditou, e, se a curiosidade de inicio nos atraiu, foi ao reconhecimento, que se deveu nossa apreciação pela Sublime Ordem.
Maçonaria – Há uma tendência manifesta da opinião de muitos em conhecer a Maçonaria, a única instituição clara, positiva, que poderia tornar os homens melhores e assegurar a paz da Humanidade. Quando os homens caminharem sob sua bandeira, se estenderão mãos fraternas. Esse é o sinal de que chegou o momento para levar a questão para o seu verdadeiro terreno.
A Maçonaria é uma Ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz; impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um; proíbe no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política partidária ou religiosa; visa ainda, o aperfeiçoamento moral dos seus membros, bem como de toda a Humanidade. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.
A Maçonaria reproduz o que o espírito concebe e quer. Ela se exala doce e suave como o perfume; é rápida como o relâmpago, ou lenta como a nuvem; ela é alternativamente triste e melancólica como a noite; jovem e alegre como o dia; é caprichosa como a criança, consoladora como a mãe e protetora como o pai; é límpida como o amor e grandiosa como a Natureza. Quando ela está neste último termo, confunde-se com a prece, glorifica a Deus, e coloca no arrebatamento aquele mesmo que a produz ou a concebe. Não é compreendida senão quando nela Iniciamos. Não pede para ser aceita cegamente; ela apela para a discussão e a luz. Em lugar da fé cega, que anula a liberdade de pensar, ela afirma não haver fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade. À fé, é necessária uma base, e essa base é a inteligência perfeita do que se deve crer; para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.
O homem - É o homem um ser essencialmente sociável. Quantos, porém, não se queixam de só encontrar na sociedade frieza e indiferença?
Sob qualquer aspecto em que é considerado, o homem é cheio de imperfeições. Essas imperfeições físicas ou morais fazem de alguma sorte, parte integrante de sua individualidade.
O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei da justiça, de amor e de caridade em sua maior pureza. Interroga-se à consciência sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo se não violou essa lei; se não fez o mal e se fez todo o bem que podia; se negligenciou voluntariamente uma ocasião de ser útil; se ninguém tem o que reclamar dele, se fez a outrem tudo o que quereria que se fizesse para com ele. Tem fé no futuro; por isso, coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Tem fé em Deus, em Sua bondade, em Sua justiça e em Sua sabedoria; sabe que nada ocorre sem Sua permissão e se submete, em todas as coisas, à Sua vontade. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seu interesse à justiça.
Em Maçonaria “homem livre” é aquele que não é escravo, nem servo, nem criado, servidor ou assalariado, enfim, aquele que não exerce profissão servil. Todo trabalho honrado é respeitado, mas é uma das regras mais antigas da Maçonaria, não admitir em seu seio aqueles que se ocupam de trabalhos servis.
Filosoficamente, o homem não é livre quando vive à mercê dos preconceitos. O preconceito deturpa a razão, oprime a consciência, faz com que se tome o bem pelo mal. É a causa de todas as idolatrias e o germe de todo o despotismo. O homem tende a libertar-se de todas as servidões, provenham elas da opressão ou de seus próprios vícios.
O que é Maçom? – Os Maçons só devem admitir nas suas lojas homens maiores de idade, de ilibada reputação, gente de honra, leais e discretos, dignos em todos os níveis de serem bons irmãos, e aptos a reconhecerem os limites do domínio do homem e o infinito poder do Eterno.
Os maçons regulares, também ditos tradicionais, são aqueles que trabalham nas suas Lojas sob invocação de Deus, Grande Arquiteto do Universo, sobre o livro sagrado, o esquadro e o compasso, para aí trabalhar segundo o rito, com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e os Regulamento Gerais da Obediência. Tomam as suas obrigações sobre juramento, a fim de dar o caráter solene e sagrado indispensável à sua perenidade.
Maçom é um homem instruído, de boa conduta, que não permite nenhuma má paixão vibrar em seu coração e também não admite em seu cérebro sequer uma idéia de injustiça ou de maldade, que procura sempre a Verdade e, por sua conduta ou honradez, se mostra um exemplo. O maçom é um estudioso que não se cansa de aprender, respeita todas as opiniões. É contrário a todas as opressões, ao humilde dá sua mão. Seus pensamentos acerca da Humanidade são puros e elevados.
O verdadeiro maçom é um homem de bem; pode-se reconhecê-lo por suas palavras e suas ações. Deus não se serve do mentiroso para ensinar a verdade.
Seus pensamentos e ações fazem aumentar a consideração, a simpatia, a confiança e o amor, mantendo a benevolência, porque só se colhe o que se semeia. O que pensa dos outros, eles pensam dele. Cumpre-lhe, pois, enviar os pensamentos que deseja que lhes devolvam.
O objetivo final de todo Maçom é alcançar a perfeição, da qual a criatura é capaz; o resultado dessa perfeição é o gozo da felicidade suprema, que lhe é a consequência, e a qual chega, mais ou menos prontamente segundo o uso que fazem de seus diferentes graus de adiantamento. Em qualquer causa atua como justo, embora suas ações sejam discretas.
Os maçons não são homens excepcionais. São homens comuns em um mundo em movimento. Homens com aspirações como quaisquer outros. Diferem por uma poderosa vontade, e uma vontade vigorosa é a mais poderosa de todas as forças, e agindo harmonicamente na ação direta sobre as pessoas que os cercam para alcançar um objetivo único: o progresso universal. Muitos, enganados pelo orgulho, supõem que têm uma vontade muito forte, porém, o homem calmo e comedido em todas as ocasiões da vida, por muito violentas que sejam, é o que demonstra possuir uma vontade poderosa. Isso se prende a que, sobre a Terra, vêem-se sempre mais máscaras do que rostos, e que os olhos ali estão obscurecidos pela vaidade, pela cobiça, pela farsa, interesse pessoal e todas as más paixões.
Considera o lar, um Templo. O maçom é um homem que se realiza através da compreensão, da tolerância, da prática das virtudes; homens que chegaram à conclusão de que a Fraternidade entre os homens começa com o homem na fraternidade.
Para um maçom “regular” a sociedade só será mais perfeita se isso decorrer do processo de aperfeiçoamento individual; cada qual é juiz de si próprio, e de sua consciência.
Para ser maçom não basta uma auto proclamação. É necessário que “os seus Irmãos o reconheçam como tal”, isto é, é essencial que se tenha sido Iniciado, por outros maçons, cumprido com as suas obrigações de maçom, esotéricas, simbólicas e as materiais, e que se integre numa Loja regular. Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor à Pátria, a submissão às leis e o respeito pelas autoridades constituídas; consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas. Os Maçons devem-se, mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio, indispensáveis a um perfeito controle de si próprio.
Enfim, compete-lhes ser atencioso para com os fracos, desesperados e injustiçados; levantar-lhes o moral e mostrar-lhes a vida sob um aspecto mais risonho excitando-lhes o ânimo.
Valdemar Sansão – M.’. M.’.

PS – Os interessados que se julgarem aptos, por favor, se apresentem, pois a Maçonaria necessita de tais homens. Esperemos por encontrá-los.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

TODAS AS DORES DA VIDA


CRÔNICA: DOUGLAS MENEZES

Reli, outro dia, um texto do jornalista Cláudio Abramo, intitulado Inventário da Infância Perdida, onde o autor expõe a decadência e a amargura por que passa o ser humano a partir dos quarenta anos. Publicada há cerca de quinze anos, essa crônica nos traz uma preocupação que, na verdade, se torna fonte de angústia, ao longo da existência.
Ousei, em sala de aula, trabalhar o escrito citado. Senti, entretanto, não haver empatia por parte dos alunos, adolescentes com outras preocupações. Uma aluna questionou: “Que texto depressivo!”. Peixe fora d’água eu estava. Filosofia vã em plena era digital. Mas resolvi comentar aqui o porquê do autor ser tão pessimista, tão desconstrutivo no tocante à maturidade e à velhice. E fiquei a pensar: realmente, em parte, o autor tem razão quando questiona a visão romântica de que a infância é um doce paraíso de pureza e sonho. Consagrados autores brasileiros desconstruíram a concepção idílica da primeira idade. A aurora da vida foi para Sérgio de o Ateneu uma dolorosa experiência de descobertas nocivas: a constatação da hipocrisia, da falsidade, da ganância e apenas o domínio da aparência sobre a essência. O grande mago Machado de Assis já observava isso: a total descrença no ser humano. José Lins do Rego, no Romance Doidinho realiza uma Intertextualidade com o livro de Raul Pompéia, analisa e desmistifica essa infância cheia de luz e amor. Não-raro, o sonho de um futuro promissor, o quando crescer vou ser isto ou aquilo, torna-se uma sucessão de mediocridades e de vida comum. Afinal, não são muitos os famosos do mundo. Não caberia fama, prestígio a todas as crianças sonhadoras. A existência, então, impõe-se como algo que se aproxima mais do personagem da música de Raul Seixas às avessas: a gente se senta num trono de apartamento esperando a morte chegar. E, mais das vezes, a busca pelos aspectos místicos, por algum tipo de religião, transforma-se, aí sim, num bálsamo, num alento, numa espécie de redenção de fim de vida. Na verdade, diante das frustrações óbvias, as pessoas se enganam, talvez, com qualquer consolo, desde que esse algo dê tranquilidade e coloque a ilusão de que valeu a pena.
Todavia, dói saber que ter o a carro do ano, morar na zona sul do Recife, ou aposentar-se com proventos maiores, isto não foi o bastante. Ou tenha sido tão-somente uma fuga, uma satisfação por não ter conseguido dar um maior sentido à vida. E as conquistas materiais alimentam um discurso já não suficiente.
Por isso, o texto de Cláudio Abramo é pedagógico e,embora amargo, encerra a concepção de que somos nada ou talvez tudo, dependendo de como encaramos as dificuldades da existência. Mostra-nos,inclusive, o falso conceito de que a maturidade traz equilíbrio e sensação de dever cumprido.O vulcão jogando labaredas imensas. Apenas não é visto. Só o sofrido cristão sabe. Então, essa pretensa felicidade é mais uma utopia humana, que jogamos para os filhos e netos. Se dói ou não, alguém ou muitos pensam assim. E, por certo, não estão totalmente sem razão. Há suicidas que dedicaram a vida a vender felicidade aos outros, em livros e palestras, indicando a fórmula de ser feliz.
Mas, enfim, você, leitor, pode perguntar: E você? Eu vejo tudo com um misto de otimismo velado e um pessimismo calcado no que a realidade nos mostra. Deixando sempre uma ponta futurista que acredita num mundo melhor.
Mas talvez ainda a pergunta que não quer calar. E você? Eu... eu, por enquanto escrevo pela madrugada. Escrevo para não morrer.

DOUGLAS MENEZES é professor, escritor e membro da Academia Cabense de Letras.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A HARPA



Por Cruz e Souza

Prende, arrebata, enleva, atrai, consola
A harpa tangida por convulsos dedos,
Vivem nela mistérios e segredos,
É berceuse, é balada, é barcarola.
Harmonia nervosa que desola,
Vento noturno dentre os arvoredos
A erguer fantasmas e secretos medos,
Nas suas cordas um soluço rola...
Tu'alma é como esta harpa peregrina
Que tem sabor de música divina
E só pelos eleitos é tangida.
Harpa dos céus que pelos céus murmura
E que enche os céus da música mais pura,
Como de uma saudade indefinida.



Cruz e Sousa (1861 - 1898)
João da Cruz e Souza nasceu em Desterro, hoje Florinaopolis, Santa Catarina. Seu pai e sua mãe, negros puros, eram escravos alforriados pelo marechal Guilherme Xavier de Sousa. Ao que tudo indica o marechal gostava muito dessa família pois o menino João da Cruz recebeu, além de educação refinada, adquirida no Liceu Provincial de Santa Catarina, o sobrenome Sousa.

De um lado, encontram-se aspectos noturnos, herdados do Romantismo como por exemplo o culto da noite, certo satanismo, pessimismo, angústia morte etc. Já de outro, percebe-se uma certa preocupação formal, como o gosto pelo soneto, o uso de vocábulos refinados, a força das imagens etc. Em relação a sua obra, pode-se dizer ainda que ela tem um caráter evolutivo, pois trata de temas até certo ponto pessoais como por exemplo o sofrimento do negro e evolui para a angústia do ser humano.

Poemas:
Inefável
Vida Obscura
Tristeza do Infinito
Música da Morte
Acrobata da Dor
Sinfonias do Ocaso
Dilacerações
Flor do Mar
Dança do Ventre
Velhas Tristezas
Encarnação
Braços
Siderações
Antífona

domingo, 18 de abril de 2010

VINTE CONSELHOS DAS UNIVERSIDADES DE MEDICINA

Harvard e Cambridge publicaram recentemente um compêndio com 20 Conselhos saudáveis para melhorar a qualidade de vida de forma prática e habitual: 01- UM COPO DE SUCO DE LARANJA diariamente para aumentar o ferro e repor a vitamina C. 02- SALPICAR CANELA NO CAFÉ (mantém baixo o colesterol e estáveis os níveis de açúcar no sangue). 03- TROCAR O PÃOZINHO TRADICIONAL PELO PÃO INTEGRAL O pão integral tem 4 vezes mais fibra, 3 vezes mais zinco e quase 2 vezes mais ferro que tem o pão branco. 04- MASTIGAR OS VEGETAIS POR MAIS TEMPO. Isto aumenta a quantidade de químicos anticancerígenos liberados no corpo. Mastigar libera sinigrina. E quanto menos se cozinham os vegetais, melhor efeito preventivo tem. 05- ADOTAR A REGRA DOS 80%: servir-se menos 20% da comida que costuma comer, evita transtornos gastrintestinais, prolonga a vida e reduz o risco de diabetes e ataques de coração. 06- LARANJA O FUTURO ESTÁ NA LARANJA, QUE REDUZ EM 30% o risco de câncer de pulmão. 07- FAZER REFEIÇÕES COLORIDAS COMO O ARCO-ÍRIS. Comer DIARIAMENTE, uma variedade de vermelho, laranja, amarelo, verde, roxo e branco em frutas e vegetais, cria uma melhor mistura de antioxidantes, vitaminas e minerais. 08- COMER PIZZA, MACARRONADA OU QUALQUER OUTRA COISA COM MOLHO DE TOMATE. Mas escolha as pizzas de massa fininha. O Licopeno, um antioxidante dos tomates pode inibir e ainda reverter o crescimento dos tumores; e ademais é melhor absorvido pelo corpo quando os tomates estão em molhos para massas ou para pizza . 09- LIMPAR SUA ESCOVA DE DENTES E TROCÁ-LA REGULARMENTE . As escovas podem espalhar gripes e resfriados e outros germes. Assim, é recomendado lavá-las com água quente pelo menos quatro vezes à semana (aproveite o banho no chuveiro), sobretudo após doenças, quando devem ser mantidas separadas de outras escovas. 10- REALIZAR ATIVIDADES QUE ESTIMULEM A MENTE E FORTALEÇAM SUA MEMÓRIA... Faça alguns testes ou quebra-cabeças, palavras-cruzadas, aprenda um idioma, alguma habilidade nova... Leia um livro e memorize parágrafos; escreva, estude, aprenda. Sua mente agradece e seus amigos também, pois é interessante conversar com alguém que tem assunto. 11- USAR FIO DENTAL E NÃO MASTIGAR CHICLETES . Acreditem ou não, uma pesquisa deu como resultado que as pessoas que mastigam chicletes têm mais possibilidade de sofrer de arteriosclerose, pois tem os vasos sanguíneos mais estreitos, o que pode preceder a um ataque do coração. Usar fio dental pode acrescentar seis anos a sua idade biológica porque remove as bactérias que atacam aos dentes e o corpo. 12- RIR. Uma boa gargalhada é um 'mini-workout', um pequeno exercício físico: 100 a 200 gargalhadas equivalem a 10 minutos de corrida. Baixa o estresse e acorda células naturais de defesa e os anticorpos. 13- NÃO DESCASCAR COM ANTECIPAÇÃO. Os vegetais ou frutas, sempre frescos, devem ser cortados e descascados na hora em que forem consumidos. Isso aumenta os níveis de nutrientes contra o câncer. Sucos de fruta têm que ser tomados assim que são preparados. 14- LIGAR PARA SEUS PARENTES/PAIS DE VEZ EM QUANDO. Um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard concluiu que 91% das pessoas que não mantém um laço afetivo com seus entes queridos, particularmente com a mãe, desenvolvem alta pressão, alcoolismo ou doenças cardíacas em idade temporã . 15- DESFRUTAR DE UMA XÍCARA DE CHÁ. O chá comum contém menos níveis de antioxidantes que o chá verde, e beber só uma xícara diária desta infusão diminui o risco de doenças coronárias. Cientistas israelenses também concluíram que beber chá aumenta a sobrevida depois de ataques ao coração. 16- TER UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO. As pessoas que não têm animais domésticos sofrem mais de estresse e visitam o médico regularmente, dizem os cientistas da Cambridge University. Os mascotes fazem você sentir-se otimista, relaxado e isso baixa a pressão do sangue. Os cães são os melhores, mas até um peixinho dourado pode causar um bom resultado. 17- COLOCAR TOMATE OU VERDURA FRESCAS NO SANDUÍCHE. Uma porção de tomate por dia baixa o risco de doença coronária em 30%, segundo cientistas da Harvard Medical School; vantagens outras são conseguidas atráves de verduras frescas. 18- REORGANIZAR A GELADEIRA . As verduras em qualquer lugar de sua geladeira perdem substâncias nutritivas, porque a luz artificial do equipamento destrói os flavonóides que combatem o câncer que todo vegetal tem. Por isso, é melhor usar á área reservada a ela, aquela caixa bem embaixo ou guardar em um tape ware escuro e bem fechado. 19- COMER COMO UM PASSARINHO. A semente de girassol e as sementes de sésamo nas saladas e cereais são nutrientes e antioxidantes. E comer nozes entre as refeições reduz o risco de diabetes. 2 0 - UMA BANANA POR DIA QUASE DISPENSA O MÉDICO, VEJAMOS: " Pesquisa da Universidade de Bekeley”. A banana previne a anemia, a tensão arterial alta, melhora a capacidade mental, cura ressacas, alivia azia, acalma o sistema nervoso, alivia TPM, reduz risco de infarto, e tantas outras coisas mais, então, é ou não é um remédio natural contra várias doenças? Por último, um mix de pequenas dicas para alongar a vida: -comer chocolate. Duas barras por semana estendem um ano a vida. O amargo é fonte de ferro, magnésio e potássio.. - PENSAR POSITIVAMENTE. Pessoas otimistas podem viver até 12 anos mais que os pessimistas, que, além disso, pegam gripes e resfriados mais facilmente, são menos queridos e mais amargos. - SER SOCIÁVEL. Pessoas com fortes laços sociais ou redes de amigos têm vidas mais saudáveis que as pessoas solitárias ou que só têm contato com a família. - CONHECER A SI MESMO. Os verdadeiros crentes e aqueles que priorizam o 'ser' sobre o 'ter' têm 35% de probabilidade de viver mais tempo, e de ter qualidade de vida... Não parece tão sacrificante, não é verdade? Uma vez incorporados, os conselhos, facilmente tornam-se hábitos... É exatamente o que diz certa frase de Sêneca: "Escolha a melhor forma de viver e o costume a tornará agradável" "Crie bons hábitos e torne-se escravo deles, como costumamos ser dos maus hábitos".

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A REINVENÇÃO DO LIVRO

quinta-feira, 15 de abril de 2010

FORA DE CONTROLE

Documentário inspirado no filme "UMA VERDADE INCONVENIENTE" produzido para a disciplina "ESTUDOS SOCIAIS E AMBIENTAIS" por Cyntia Saraiva.

LEMBRANÇAS DO CABO

Por Valeria Saraiva
Cabo, 18/07/1997


Terra de grandes paixões
De grandes ilusões
Terra que Pinzon chamou de
Santa Maria De La Consolación.
Terra, onde o tempo deixa cada vez mais bela a natureza.
Paisagens que o temo não destruiu,
Histórias que o tempo construiu
Com sangue em Pirapama próximo ao rio.
Um grito abafado com fogo e dor,
Uma história contada por um povo, que aqui morou,

Se a queimadura já cicatrizou
Não desperte Xaréu o vulcão da dor.
Paiva há de se queimar também,
Ou então Gaibu com seu mangue quase nu,
Menos nu do que Suape que perdeu um belo cobertor de mangue.
Mas ainda assim é grande, o amor dos pescadores por essa praia.
E os turistas admiram todo o complexo até o que não tem nexo
Mas há de ser bonito e fotogênico.

O reboliço mexe com o nexo da poesia,
mas há de Pirapama ser um dia,
dos mais belos rios de Pernambuco.
Sabe-se que está poluído,
Mas sabe-se que de sua barragem parte uma bela paisagem
Que se quebra entre rochas e lixos.

O Cabo tem história em Nazaré, o castelo, o farol, a igreja e o convento
Tem um forte em Gaibu que se escondeu com o tempo.
Escondeu-se na memória e quem esqueceu, agora lembrou.
O Cabo também tem gente que muito o amou.

Valéria Cristina Saraiva Lins é poetisa com foco nas contextualizações estereotipadas pelos reflexos intrínsecos, próprios da alma.

SESSÃO NOSTALGIA

Gene Tierney(1920-1991) Alguns de seus principais filmes: Laura *** (Preminger, 1944) O diabo disse não ** (Lubitsch, 1943) Tempestade sobre Washington * (Preminger, 1962) A volta de Frank James * (Lang, 1940) Sombras do mal * (Dassin, 1950) Amar foi minha ruína * (Stahal, 1945) Precisam ser [re]vistos: Caminho áspero (Ford, 1941) Paixão oriental (Hathaway, 1942) O fio da navalha (Goulding, 1946) O fantasma apaixonado (Mankiewicz, 1947) Passos na noite (Preminger, 1950) Desde cedo, demonstrou interesse pela carreira de atriz, representando muitas vezes para os pais e amigos. Ao retornar da Europa, passou a freqüentar a Broadway, conseguindo papéis em algumas peças. Ganhou destaque imediato por sua beleza física e, rapidamente, deu o salto para o cinema. Foi Darryl F. Zanuck, produtor da 20th Century Fox, quem a levou para Hollywood, onde estreou em 1940 no filme "A Volta de Frank James", ao lado de Henry Fonda. No ano seguinte, estrelou cinco filmes, dando início a uma carreira de sucesso. Em 1943, com o filme "O Céu Pode Esperar", teve a crítica a seus pés. O ano de 1944 foi, no entanto, o de sua consagração como atriz e estrela. Foi o ano de "Laura", onde fez o papel de uma mulher cobiçada por três homens. Em 1946, teve sua única indicação ao Oscar de Melhor Atriz, por sua excelente atuação em "Amar Foi Minha Ruina", de 1945, perdendo a estatueta para Joan Crawford por sua magnífica atuação em "Alma em Suplício".

terça-feira, 13 de abril de 2010

FLIPORTO 2010

A FLIPORTO 2010 muda de enreço e não mais acontecrá em Porto de Galinhas, mas, em Olinda, a Marim dos Caetés. A informação nos foi passada pelo Instituto Maximiano Campos, responsável pela realização do mais importante evento literário de Pernambuco. A Fliporto acontecerá de 12 a 15 de Novembro.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

BUDISMO MODERNO

Augusto dos Anjos Tome, Dr., esta tesoura e... corte Minha singularíssima pessoa. Que importa a mim que a bicharia roa Todo o meu coração depois da morte?! Ah! Um urubu pousou na minha sorte! Também, das diatomáceas da lagoa A criptógama cápsula se esbroa Ao contrato de bronca destra forte! Dissolva-se, portanto, minha vida Igualmente a uma célula caída Na aberração de um óvulo infecundo; Mas o agregado abstrato das saudades Fique batendo nas perpétuas grades Do último verso que eu fizer no mundo! SAUDADE... Hoje que a mágoa me apunhala o seio, E o coração me rasga atroz, imensa, Eu a bendigo da descrença em meio, Porque eu hoje só vivo da descrença. À noite quando em funda soledade Minh'alma se recolhe tristemente, Pra iluminar-me a alma descontente, Se acende o círio triste da Saudade. E assim afeito às mágoas e ao tormento, E à dor e ao sofrimento eterno afeito, Para dar vida à dor e ao sofrimento, Da saudade na campa enegrecida Guardo a lembrança que me sangra o peito, Mas que, no entanto me alimenta a vida. Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho de Pau d'Arco, Estado da Paraíba, a 20 de Abril de 1884, e morreu de tuberculose na cidade mineira de Leopoldina, no dia 12 de novembro de 1914, poucos meses depois de ter assumido o cargo de diretor de um grupo escolar. Estimulado pelo pai, que lhe incutiu bem cedo o gosto da leitura e dos estudos, descobriu no campo, em contato com a natureza, os primeiros sinais de uma vocação intelectual profundamente marcada pelos poetas do Romantismo e, mais tarde, influenciada pela Escola do Recife e pelo "Cientificismo", muito forte à época. Cientificismo este que "perpassará" a sua linguagem. Com a publicação de Eu, em 1912, Augusto promove uma "ruptura" com os padrões da poesia Parnasiana, porque ousa falar em "escarro", "vermes", "podridão", "putrefação", numa época em que a literatura dos "poetas de plantão" era conhecida como "Literatura Sorriso". O MEMORIAL AUGUSTO DOS ANJOS é um local onde os visitantes mergulham no ambiente em que o poeta passou a infância e parte da fase adulta. Instalado na casa onde morou a ama de leite de Augusto, o memorial conta com painéis, videoteca, biblioteca com vários livros sobre a obra do poeta paraibano e edições do livro Eu, documentos e raridades. Localização: município de Sapé, terra natal de Augusto, a cerca de 50 Km de João Pessoa. Visitação de terça a domingo, das 7 às 11h e das 13h às 17h.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ACADEMIA CABENSE DE LETRAS

Palestra Com O Jornalista Mário Hélio, membro da Academia Cabense de Letras Tema: 100 anos com e sem Joaquim Nabuco Próxima sexta, 9 de abril de 2010 - às 19 horas Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho Realização: ACADEMIA CABENSE DE LETRAS

quarta-feira, 7 de abril de 2010

PARTE, E TU VERÁS

Parte, e tu verás Como as coisas que eram, não são mais E o amor dos que te esperam Parece ter ficado para trás E tudo o que te deram Se desfaz. Parte, e tu verás Como se quedam mudos os que ficam Como se petrificam Os adeuses que ficaram a te acenar no cais E como momentos que passaram apenas Parecem tempos imemoriais. Parte, e tu verás Como o que era real, resta impreciso Como é preciso ir por onde vais Com razão, sem razão, como é preciso Que andes por onde estás. Parte, e tu verás Como insensivelmente esquecerás Como a matéria de que é feito o tempo Se esgarça, se dilui, se liquefaz E qualquer novo sentimento Te compraz. Repara como um novo sofrimento Te dá paz Repara como vem o esquecimento E como o justificas E como mentes insensivelmente Porque és, porque estás. Ah, eterno limite do presente Ah, corpo, cárcere, onde faz O amor que parte e sente Saudade, e tenta, mas Para viver, subitamente, mente Que já não sabe mais Vida, o presente; morte, o ausente - Parte, e tu verás... (Vinicius de Moraes)

terça-feira, 6 de abril de 2010

ARROGÂNCIA

Tenório Telles Os fracos e ignorantes dissimulam a própria fragilidade e ausência de esclarecimento pelo uso da presunção e da arrogância. Quando não, extrapolam do poder de que estão investidos para impor suas vontades e interesses. A empáfia e a grosseria tornaram-se tão comuns que são encaradas socialmente como sinais de força e autoridade. Esse tipo de conduta contaminou as relações entre os indivíduos. Neste tempo de inversão de valores, civilidade e tolerância são virtudes banidas do convívio social. Incomodou-me uma cena que testemunhei esses dias: num encontro com algumas autoridades e convidados, em meio ao diálogo surgiu uma divergência de ponto de vista entre o representante de um órgão público e seu superior. Para surpresa dos presentes, o funcionário foi desautorizado publicamente e instado a se calar. Nervoso e constrangido pediu desculpas a seu chefe. O mal-estar era evidente. Humilhado, retratou-se, quando deveria ter sido o contrário. Assistimos diariamente a exemplos como este de incivilidade e falta de cortesia e respeito pelo outro. O pior é que as pessoas que, normalmente, agem assim não são nenhum exemplo de correção. Pus-me a refletir sobre o porquê de pessoas agirem dessa maneira: se seria ausência de formação, de valores morais, autodefesa! A explicação mais convincente encontrei nos argumentos do escritor Eder Siegel: “A arrogância sempre é o véu que está na iminência de ser despido para efetivamente mostrar a ignorância tal como é: nua, crua e feia de doer”. De fato, atitudes assim são sintomáticas desse mal que assola o nosso tempo: soberba, grosseria e o uso da força como solução para as divergências e conflitos. O pior de tudo isso é que a arrogância é apenas um dos passos do caminho que leva à violência, à brutalidade e à destruição dos outros. As palavras do sábio romano Plínio, o velho, são mais que esclarecedoras: “Pasma ver até onde pode chegar a arrogância do coração humano estimulada pelo menor êxito”. Acredito ser a arrogância uma das consequências da falta de sabedoria. Um espírito esclarecido e nobre é incapaz de fazer uso desses expedientes para convencer ou dissuadir os outros dos seus argumentos. Até porque tem consciência das suas fragilidades e de seus limites. Os seres humanos elevados usam a força da argumentação e do convencimento para fazer valer suas ideias e princípios. Em nossos dias, raros são os líderes políticos que agem com serenidade e sabedoria. Tampouco com honestidade. Aliás, a arrogância é o instrumento que usam para intimidar e, assim, acobertarem seus atos e aquilo que realmente são. A soberba é uma doença. Causa sofrimento a quem é atingido pelo seu veneno. As consequências, entretanto, desse mal atingem principalmente o seu portador. O arrogante é a maior vítima da arrogância: torna-se indiferente à dor que causa e, por acreditar está certo, não reflete sobre seus atos. Pelo contrário, compraz-se com a sua dureza. O arrogante torna-se um ser enfermo, descontrolado e megalomaníaco. Por se achar superior e melhor que os outros, acredita que todos devem aceitar suas grosserias. O destino desse tipo humano é a solidão e a loucura. É preciso ter cuidado com ele, pois impõe-se destruindo a autoestima alheia. O poder que detém é aparente, esgota-se na força momentânea que possui e não na sua autoridade. Como ensina a sabedoria judaica: “A arrogância é o reino – sem a coroa”. Não pude pedir permissão ao professor Tenório para publicar o texto, enviado por um amigo. Mas o texto vale a pena.

quarta-feira, 31 de março de 2010

RENASCER

DOUGLAS MENEZES É bom lembrar: Páscoa é renascer. Buscar na vida uma manhã onde o sol não se ponha nunca. No amanhecer os pássaros cantam todos os dias, mas o canto parece inédito, não repetido, sempre novo. Nos versos do poeta do poeta nordestino, a manutenção da chama que é a vida,essa celebração que faz o milagre acontecer quando menos esperamos, aliviando o fardo da existência sofrida e desesperançada. Nascer de novo é nascer duas vezes ou mais. Disse o poeta: ”O entardecer é bonito; mas belo mesmo é o amanhecer, pois coisas novas podem acontecer”. Esse é o momento. Não o do paraíso consumista, da obrigação do peixe e do ovo de páscoa. Nem das solenidades coletivas dos templos repletos, muitas vezes mecânicas, superficiais até, rotineiras, para marcar uma data apenas. Mas o momento individual, reflexivo, onde você estará somente com você. Ao mesmo tempo sozinho e pensando nos outros. A busca da luz em meio às trevas. A cura da embriaguez do vinho amargo do orgulho, da soberba, da opressão, do egoísmo que embota os sentimentos bons. Renasçamos para, mesmo com os defeitos que levaremos até à morte, sejamos um pouco melhores. Na visão pós-moderna, a Páscoa tornou-se um grande feriado turístico, onde a Paixão transformou-se em algo rentável, fonte de riqueza para empresários e divertimento para pessoas em busca de lazer. Então, o espírito do nascer de novo deveria ser retomado, no sentido de entendermos bem o sacrifício DELE. É preciso um renascimento da consciência, alcançando todos os ângulos da vida, notadamente aquele que trata das injustiças, das condições existenciais degradantes de grande parte da humanidade: os desprovidos de tudo.As eternas vítimas de uma ordem desumana e hipócrita. Comamos o peixe e o chocolate, bebamos do vinho, sem, no entanto, esquecermos daqueles que nada disso possuem. *Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A LUZ DAS ACÁCIAS

Por Frederico Menezes Ela age no silêncio das horas. Sua ação eficaz gera benefícios amplos em muitas áreas da experiência humana. Quase sempre não se sabe quem deu origem àquela benfeitoria e sua autora, em geral, não se interessa em apresentar-se como tal. Refiro - me à maçonaria, instituição fraternal que vara os séculos mexendo no imaginário popular, quase sempre de maneira profundamente equivocada. Não sou maçon. Tenho, no entanto, muitos amigos que pertencem aos seus quadros, além de sempre, sempre, ser honrado com convites para proferir palestras em seus eventos. Encanta- me a filosofia que move seus esforços. Quantos ideais não receberam o apoio das acácias, com seu brilho suave e operante e o quanto a história da liberdade humana não deve à inspiração elevada de seu "coração" nobre...! São vidas que se recuperaram no anonimato da presença previdente desses operários de Deus. Clichês, estereótipos, são lançados pelo preconceito em expressões pejorativas, no entanto, quanto bem, em nome do Grande Arquiteto do Universo, do Geômetra Divino, do Matemático Perfeito ela, a Maçonaria, não vem prodigalizando no sagrado mister de dar dignidade à vida, elevando a civilização? Olho o brilho das acácias e lembro dos meus irmãos maçons. A felicidade dança no meu peito por saber que as ideias mais elevadas contam com as mãos e as mentes desses serviçais da luz. A luz que resplandece em nossos olhos ao fitar as acácias representam os espectros anônimos que se esgueiram pelos caminhos do mundo, cantando o amor e lutando para formatar um novo mundo, uma nova humanidade. Me emociona a solidariedade humilde de seus gestos e, de alguma forma, me parece que a magia dos mistérios dos templos sagrados se configura na atitude discreta do coração maçon. Debaixo da luz das acácias parece se agrupar os nobres elevados espíritos de ontem, inspirando os operários de hoje. Minha reverência a este símbolo do Bem Universal, da alma de Salomão aos raios da Alvorada da Paz, guardiães da liberdade espiritual. Frederico Menezes é Publicitário, Consultor de empresas, Diretor da Sociedade Espírita Casa do Caminho e Membro da Academia Cabense de Letras.

AÇÃO CRISTÃ

Acontece no dia 26 de março (sexta-feira), às 17 horas, a celebração da Páscoa Cristã Ecumênica, com a participação de Católicos, espíritas e Evangélicos. O Ato será co-celebrado por: Padre Josivaldo Bezerra, Frederico Menezes e Pastor Erivaldo Alves. Outros Padres, Pastores e lideranças espíritas já confrmaram presença no evento. A coordenação do Ato é do Centro de Estudos e Divulgação do Evangelho (CEDE).

quarta-feira, 17 de março de 2010

A MENTE APAGA REGISTROS DUPLICADOS

O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos. Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio.... você começará a perder a noção do tempo. Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea. Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar: Nosso cérebro é extremamente otimizado. Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia. Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade. Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. É quando você se sente mais vivo.. Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as experiências duplicadas. Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente. Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo. Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo. Como acontece? Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa , no lugar de repetir realmente a experiência). Ou seja, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa são apagados de sua noção de passagem do tempo. Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida. Conforme envelhecemos as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações, -.... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo. Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década. Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a... ROTINA A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos. Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque). Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos. Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas. Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia). Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais. Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo. Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente. Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes. Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes. Seja diferente. Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos.. . em outras palavras... V-I-V-A. !!! Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo. E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí. Cerque-se de amigos. Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes. Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é? Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.