sexta-feira, 12 de abril de 2013

UM MOMENTO



 



POR DOUGLAS MENEZES


EU NÃO QUERIA VER SÓ DE RELANCE
UMA LUA CHEIA DIGITADA
UM SOL NET QUE A GENTE FABRICA
EU NÃO QUERIA DEDOS
NERVOSOS
MAS MENTES TRANQUILAS
FABRICANDO SONS E LUZES
EU NÃO QUERIA ME VER ASSIM
FRENTE A UM BRILHO QUE ME OFUSCA OS OLHOS
E BUSCANDO CRIANÇAS PERDIDAS,
NUNCA ACHADAS.
MUNDO QUE SE VÊ E OUVE,
MAS NÃO SE PEGA, NÃO SE CHEIRA, NÃO SE SENTE.
MUNDO DE AMIGOS DE SUPERFÍCIE
DE IMAGENS MAQUIADAS
E PIADAS SEM GRAÇA
O QUE QUERO, ENFIM
É A GRAÇA DO BÊBADO NA FEIRA
É A MOLHADA TERRA DA CHUVA.
O QUE QUERO, ENFIM
É O SOL QUENTE DA PRAIA QUE NÃO VEJO MAIS
OU UMA LUA NATURAL DE NAMORADOS E ASTRONAUTAS.
QUERO SIM, ME LIVRAR DA MENTIROSA LUZ
QUE ME AFASTA DA VIDA
E CEGA ESSES OLHOS CANSADOS DE OLHAR O QUE NÃO QUEREM.

DOUGLAS MENEZES É DA ACADEMIA CABENSE DE LETRAS.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

QUANDO ME AMEI DE VERDADE


Quando me amei de verdade pude compreender
que em qualquer circunstância, eu estava no
lugar certo, na hora certa. Então pude relaxar.

Quando me amei de verdade pude perceber que
o sofrimento emocional é sinal de que estou indo
contra a minha verdade.

Quando me amei de verdade parei de desejar
que a minha vida fosse diferente e comecei a ver
que tudo o que acontece contribui para o meu
crescimento.

Quando me amei de verdade comecei a
perceber como é ofensivo tentar forçar alguma
coisa ou alguém que ainda não está preparado
- inclusive eu mesmo.

Quando me amei de verdade comecei a me livrar
de tudo o que não fosse saudável.
Isso quer dizer: pessoas, tarefas, crenças e
qualquer coisa que me pusesse pra baixo.
Minha razão chamou isso de egoísmo. Mas hoje
eu sei que é amor-próprio.

Quando me amei de verdade deixei de temer
meu tempo livre e desisti de fazer planos.
Hoje faço o que acho certo e no meu próprio
ritmo. Como isso é bom! ...

Quando me amei de verdade desisti de querer ter
sempre razão, e com isso errei muito
menos vezes.

Quando me amei de verdade desisti de ficar
revivendo o passado e de me preocupar com o
futuro. Isso me mantém no presente, que é onde
a vida acontece.

Quando me amei de verdade percebi que a
minha mente pode me atormentar e me
decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço
do meu coração, ela se torna uma grande e
valiosa aliada.

Trechos do Livro:
"QUANDO ME AMEI DE VERDADE"
(Kim McMillen & Alison McMillen)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

CRESCENTE


Por Ângela Gomes

Seu sorriso azul

É a lua festejando o sol

No espelho do céu

Imagem da web: "O beijo" (1931) - Pablo Picasso

segunda-feira, 25 de março de 2013

A CINZA DAS HORAS, DE MANUEL BANDEIRA


Este primeiro trabalho literário de Manuel Bandeira, “A Cinza das Horas”, é caracterizado pelo lúgubre aparato que rodeia o imaginário do poeta, com poemas parnasiano-simbolistas, paralelos à época do seu adoecimento (1917). O poeta não tinha intenção de enveredar na carreira literária,  e apenas extravasar o seu descontentamento frente a nova situação, quando foi desenganado pela medicina. Daí, a motivação para sua intensa produção literária, que começou com “A Cinza das Horas”, de onde apreciamos estes dois poemas.

EPÍGRAFE

Sou bem-nascido. Menino,          
Fui, como os demais, feliz.          
Depois, veio o mau destino         
E fez de mim o que quis.  


Veio o mau gênio da vida,
Rompeu em meu coração,          
Levou tudo de vencida,     
Rugia e como um furacão,           


Turbou, partiu, abateu,      
Queimou sem razão nem dó -     
Ah, que dor! 
Magoado e só,        
- Só! - meu coração ardeu:           


Ardeu em gritos dementes           
Na sua paixão sombria...  
E dessas horas ardentes  
Ficou esta cinza fria.          
- Esta pouca cinza fria.      



DESENCANTO Eu faço versos como quem chora          
De desalento. . . de desencanto. . .         
Fecha o meu livro, se por agora  
Não tens motivo nenhum de pranto.      


Meu verso é sangue. Volúpia ardente.   . .
Tristeza esparsa... remorso vão...           
Dói-me nas veias. Amargo e quente,     
Cai, gota a gota, do coração.       


E nestes versos de angústia rouca,        
Assim dos lábios a vida corre,     
Deixando um acre sabor na boca.          


- Eu faço versos como quem morre.      

sexta-feira, 22 de março de 2013

A ARTE DE NÃO ADOECER


Se não quiser adoecer...

...Fale de Seus Sentimentos.
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos “segredos”, nossos erros... O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia!
Se não quiser adoecer...
...Tome Decisões.
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.
Se não quiser adoecer...
...Busque Soluções.
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.
Se não quiser adoecer...
...Não Viva de Aparências.
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.
Se não quiser adoecer...
...Aceite-se.
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável.Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.
Se não quiser adoecer...
...Confie.
Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.
Se não quiser adoecer...
...Não Viva Sempre Triste.
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia!
Por Dr Dráuzio Varella 
 

quarta-feira, 20 de março de 2013

SER FELIZ OU TER RAZÃO?

Para reflexão...                   
Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber: - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais... E ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!
   

MORAL DA HISTÓRIA:
    

Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais frequência: 'Quero ser feliz ou ter razão?' Outro pensamento parecido, diz o seguinte:
 
“NUNCA SE JUSTIFIQUE”. OS AMIGOS NÃO PRECISAM E OS INIMIGOS NÃO ACREDITAM.

REFLEXÕES DE MULHERES ILUSTRES


"Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores."
Cora Coralina, poetisa

" Há dois tipos de pessoas: as que fazem as coisas e as que ficam com os louros. Procure ficar no primeiro grupo: há menos competição lá."
Indira Gandhi, estadista

"Aprendi com as primaveras a me deixar cortar e voltar inteira."
Cecília Meireles, poetisa

"Amor é como mercúrio na mão. Deixe a mão aberta e ele permanecerá: agarre-o firme e ele escapará."
Dorothy Parker, escritora

"Ninguém pode escolher como vai morrer ou quando. Só podemos decidir como viver para que não tenha sido em vão."
Joan Baez, cantora

"Dai-me, Senhor, a preserverança das ondas do mar que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço,"
Gabriela Mistral, poetisa

"Não tenho tempo de desfraldar outra bandeira que não seja a da compreensão, do encontro e do entendimento entre as pessoas."
Elis Regina, cantora

"Quando nada é certo, tudo é possível."
Margareth Drabble, escritora

"Quem não sabe chorar de todo o coração também não sabe rir."
Golda Meir, estadista

"Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos."
Marie Curie, física

"Quando precisar que algo seja dito chame um homem. Quando quiser que algo seja feito chame uma mulher."
Margareth Tatcher, estadista

"Vamos! Corra a fazer alguma obra de caridade!"
Santa Terezinha, quando notava tristeza nalgum semelhante

" Ri, alegremente e o mundo rirá contigo: chora e chorarás sozinho. Esta velha e boa Terra precisa pedir emprestada qualquer alegria, porquanto já tem aborrecimento de sobra."
Ella Wilcox, poetisa

"Amor não tem nada a ver com o que esperas conseguir, apenas com o que esperas dar: quer dizer, tudo."
Katharine Hepburn

"O fanático é um homem com os dois pés plantados firmemente nas nuvens."
Eleanor Roosevelt

"Quando uma porta da felicidade se fecha, outra se abre. Muitas vezes ficamos tanto tempo a olhar para a porta fechada que não vemos a que se abriu."
Helen Keller
Nota: cega, surda desde
bebé, Helen tornou-se educadora e advogada. Revelou uma incrível capacidade de superação e notável inteligência .
"O futuro não traz nem nos dá nada, Nós é que, para construí-lo, devemos dar-lhe tudo."
Simone weil, filósofa e ativista

" Não devemos permitir que alguém se afaste de nós sem se sentir melhor e mais feliz."
Madre Teresa de Calcutá

quinta-feira, 14 de março de 2013

ESSA CRÔNICA VONTADE DE DIZER

  Por DOUGLAS MENEZES

 Desejo de dizer sempre. Busca de luz pela palavra que teima em ser difícil. Quero cantar uma coisa que não sai porque a vida não deixa. Procura de um otimismo cá dentro existente, mas conflituoso, pois a existência é antítese: ilusão não entender isto. Bem ou mal convivem e não temos o direito de negar pra ninguém. Ir e voltar. Ofender pedindo perdão logo adiante.  “Existirmos a que será que se destina?”. Poeta fala coisa que queremos dizer e não sabemos como, ele sabe mais que os racionais, os pragmáticos de plantão.
  Não à toa que alguém falou ser a Literatura mais coerente que a vida. Coerência própria, interna: a Arte não nega nem a fantasia, o sonho, o mágico; nem a realidade mais concreta desse mundo. Não insana a loucura. Insanidade maior essa briga por espaços, por dinheiro, desenfreada. Poder pelo poder. Sujeira disfarçada. Gentilezas artificiais dessas figuras pegajosas, de cumprimentos leves, macios, falsos por demais. Corra desse: fala mansa, sempre resolvendo tudo, artificial humildade, oportunista em tudo, no entanto: Terra cheio dessa gente que faz da hipocrisia a marca da existência.
   Marinita, não. Diz o que quer entre uma merenda e outra e sempre expressando verdade. Verdade dos humildes sem mãos macias, calejadas de honestidade. “Sou um atleta sexual, Marinita”. A merendeira não perde o ritmo: “Só gosto de mentira quando eu conto”. Não me ofende, Marinita. Pois ali, pureza; pois ali, sinceridade; ali, amizade que os títulos, os cursos e os livros, aos montes, não trazem. Não de graça que loucos bons, feito Manuel Bandeira e o Buarque Francisco gostavam e gostam tanto desse povo simples. Gente que faz a história da vida.
   Ah, essa crônica vontade de dizer. Letras no lugar do som da voz. Tão tímida que não emite quase ruído. Esse cuidado covarde no falar da boca. Essa coragem de dedos e mente, porque expressar é preciso. Cabeça pior se não engendrar frases e períodos, mesmo que poucos leiam e aumente a ilusão de que isto serve para alguma coisa.
   Madrugada tão alta. O calor da existência aparece devagar, como os gestos calmos de Débora, lembrando dia que chega. Os dedos não têm sono, mas querem terminar esse pedaço apenas. Pois sei, vida afora, até a morte, não vai cessar nunca, haja o que o houver , essa vontade crônica de dizer.
Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.

sexta-feira, 8 de março de 2013

SER MULHER E MORAR NO CABO DE SANTO AGOSTINHO

Tereza Soares*
Vou dizer aos leitores dessa mensagem o que é morar no Cabo de Santo Agostinho do ponto de vista de uma mulher: é não ter mais a liberdade de andar nas ruas sem ser assediada por homens estúpidos, mal educados, estranhos à nossa cultura, usando ou não uniformes de fábricas, que invadiram uma cidade que já foi pacata e muito mais segura. É entrar num ônibus e ouvir conversas atravessadas de um ponto a outro do coletivo, conversas que só interessariam a eles, mas que somos obrigadas a ouvir, flagrando muitas vezes, ideias inescrupulosas. Quero dizer que por isso e muito mais sentimo-nos atrapalhadas em nosso cotidiano por essa incidência de homens em desigualdade com o número de mulheres.

Atrapalhadas por olhares insidiosos sobre nós, sem respeito à nossa condição, se casada, solteira, celibatária...querendo fazer de todas elas "presas sexuais", coisa que no litoral agrava-se ainda mais. Atrapalhadas quando a cidade cheia de gente, os homens na maioria andando em grupos, fazem verdadeiros paredões dentro de supermercados, bancos e calçadas...Consultórios odontológicos conveniados parecem mais clínicas de Medicina do Trabalho: repletas de trabalhadores no corre-corre dos intervalos dos empregos de Suape.

Eu mesma já fui desrespeitada por um dentista de convênio que se vendeu ao pagamento adiantado de cinco procedimentos odontológicos de uma só vez de um desses trabalhadores. O dentista, sem nenhuma cerimônia, atendeu na minha frente um deles, pois estava com dinheiro na mão, quando minha consulta já estava previamente marcada. Reclamar pra quem se quem dita nesse caso é o dinheiro???

Agora uma pergunta...Que cultura é essa que anda se formando no Cabo de Santo Agostinho de “abrir as pernas” pra quem vem de fora? Por quem foi implantada esta cultura? Pelo governador Eduardo Campos que nada sofre com tudo isto??? Há quem diga que muita gente está ganhando muita grana com tanta obra.  Para mim cada obra que chega, leva embora o nosso imposto sem garantia de retorno para a cidadania.

Quanta tristeza sente uma mulher cidadã, que não bastasse a falta de infraestrutura da cidade para os próprios moradores ainda têm que enfrentar esses, me perdoem a expressão "brutamontes" em toda a parte, fazendo suas festinhas com música às alturas, músicas com letras que afrontam a condição feminina, passando por cima de leis de poluição sonora, confrontando o cotidiano de quem tem filhos para botar pra dormir com os interesses de trabalhadores alojados em casas de aluguel esperando o salário no final do mês pra sentirem-se felizes.

O que virou o Cabo de Santo Agostinho! Um alojamento de trabalhadores de Suape que vem de várias partes do País para despejarem suas tristezas, frustrações, espermas e o pouco dinheiro que ganham comprando apenas o necessário por aqui? O que deixam? Filhos indesejados, lixo, processos na justiça por brigas com os pernambucanos, dívidas em casas de aluguel...maus inquilinos, maus cidadãos  e pessoas insatisfeitas porque queriam fazer daqui um paraíso ao seu favor, onde “deitar e rolar” é o lema. Um choque cultural inevitável que tem rendido um saldo de mortos de baianos, esses que tem sido considerados por pernambucanos “uns folgados”.

Então o que me resta no Dia Internacional da Mulher é reclamar de ser mulher moradora da cidade que é o 4° PIB de Pernambuco, mas sem ninguém para lembrar que o trabalho doméstico também alimenta o PIB, sem ninguém pra lembrar que o atendimento à Saúde da Mulher está cada vez mais difícil com vias de se tornar inacessível para tantas mulheres  na Mata Sul que precisam do atendimento do polo médico que se tornou o Cabo de Santo Agostinho.

Para as mulheres que trabalham em Suape, seja do Cabo ou não, desejo que tenham seus direitos trabalhistas respeitados. Para as moradoras da área rural, que os benefícios cidadãos também as alcance levando mais dignidade ao campo. Para as mulheres da Cohab, Vila Roca, Contra Mocampo, Garapu, Vila Claudete, Praias, Charneca, Charnequinha, Pirapama, Ponte dos Carvalhos, Pontezinha, Juçaral... que acordem e procurem denunciar os desmandos que lhe afetam numa cidade em que ser mulher tornou-se ainda mais inseguro, com perdas lamentáveis visíveis para a cidadania,  com o aumento da cultura machista e do desrespeito a direitos conquistados “na marra”.

*Tereza Soares é Jornalista, poetisa e integrante da Academia Cabense de Letras. Ativista ambiental na Mata das Duas Lagoas em Itapuama e moradora de Enseada dos Corais no Cabo de Santo Agostinho. 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A ORFANDADE DE CECÍLIA



Por  DOUGLAS MENEZES

                                         
                                            ORFANDADE

                            “A menina de preto ficou morando atrás do tempo/ sentada no banco, debaixo da árvore / recebendo todo o céu nos grandes olhos admirados. /  Alguém passou de manso, com grandes nuvens no vestido, /  e parou diante dela, e ela, sem que ninguém falasse, murmurou: A MAMÃE MORREU. /  Já ninguém passa mais, e ela não fala mais, também. / O olhar caiu dos seus olhos, e está no chão, com as outras pedras, / escutando na terra aquele dia que não dorme / com as três palavras que ficaram por ali”. ( Cecília Meireles)

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      É inegável a força do Simbolismo na poesia de Cecília Meireles, responsável, mesmo, pela reabilitação desse estilo dentro da Literatura brasileira. E a presença da linguagem vaga, imprecisa, escondida na conotação evidente confirma ser a poetisa  carioca a mais simbolista dos modernistas brasileiros. Toda a sua obra é marcada, também, pela musicalidade, sonoridade constante, típicas dessa escola do final do século dezenove.
    E essa melodia é evidenciada na assonância do seu poema Orfandade, materializada na repetição da vogal E (alguém, ninguém). Outro elemento que nos indica musicalidade se refere à Aliteração, concretizada na consoante P (passam, parou, passa), o que confere um ritmo regular, próprio da música, embora com a métrica instável, marca do Modernismo.
     Ainda vislumbramos uma outra presença que configura sonoridade e empresta uma beleza plástica fundamental ao texto. Trata-se dos dois últimos versos: “ Escutando na terra aquele dia que não dorme/  Com as três palavras que ficaram por ali”. A terra, junto com as pedras, como que repetem a frase constantemente: “ A mamãe morreu”.
      A primeira imagem forte do texto diz respeito à visão de que morar atrás do tempo é, na verdade, viver de memória. Daí, já sentirmos ser o texto profundamente introspectivo, apesar do “eu lírico” apresentar-se na terceira pessoa.

      Depois, visualizamos a cor branca da espiritualidade, presente no primeiro verso da segunda estrofe: “Alguém passou de manso, com grandes nuvens no vestido”.

       O poema Orfandade, expresso quase que totalmente por Figuras de Linguagem, mostra em termos de conteúdo, confirmando nossa análise, aspectos bastante encontrados na estética simbolista, como o pessimismo, confirmado  pelo fato negativo passado por alguém que perdeu a mãe; o sentimento de solidão (“Já ninguém passa mais”); e a forte imagem associada ao Simbolismo, expressa na presença da Sinestesia, que capta elementos sensoriais, como forma de ligar o ser à natureza e a seus sons: “ O olhar caiu (visual); Escutando na terra (auditiva)”. Além de tornar concreto, elementos abstratos, ao misturar as palavras com as pedras, e a terra.

          No mais, a imagem geral de que a dor nunca dorme, nunca acaba, estará sempre como marca da vida: “Aquele dia que não morre”.

   Fevereiro de 2013.
 
Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras.
 
 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

UM PASSO ATRÁS


                                                                                                                                           

José Maurício Guimarães

Uma renúncia nem sempre é ato de fraqueza. Dar um passo atrás (ou vários, de marcha a ré) pode ser uma atitude no mínimo corajosa; no máximo, heróica.    
Não estou falando do "pulo do gato", salto prá trás para se safar. Refiro-me ao metafísico do Shaolin, do  Kung Fu, Caratê ou Jujutsu; e do bambu, que se deixa envergar para retornar à posição inicial através do impulso de sua flexibilidade. Refiro-me ao abandono de algum direito, o afastar-se com passo de Mestre sem desistir de suas convicções, sem perder o interesse pela causa, sem desistir da luta ou dar-se por vencido.    
Enquanto o "pulo do gato" é para se safar (daí o termo safado - sujeito que não tem vergonha de seus atos censuráveis), a renúncia de algum direito, especialmente de um cargo, tem a marca da grandeza e da verdadeira humildade. E mais: de respeito aos semelhantes.        
Não pretendo discutir sobre religião, nem analisar o complexo cenário diante do qual se desenrola a renúncia do atual Papa Joseph Ratzinger*, cujo nome episcopal é Benedictus PP. XVI.
"Mais que as razões de saúde, existiriam razões de Estado que teriam levado Bento XVI a anunciar a renúncia de seu papado", dizem os observadores especializados; mas o que valoriza o atual momento histórico é a coragem de dizer NÃO e do passo atrás, seja por decisão própria (foro íntimo) ou pela pressão insuportável de circunstâncias externas.   
Joseph Ratzinger disse NÃO às milenares tradições da Igreja Católica Romana e deu o tal passo onde muitos bem-safados insistiriam sob o falso pretexto de "honra" ou alegando "cumprimento do dever".
O primeiro dever de um homem é diante de sua consciência e o bem do próximo.         
As instituições estão em crise desde a segunda metade do século passado, agravando-se o desgaste das religiões e o estado de incerteza das ordens sacerdotais, monásticas, esotéricas e escolas ditas herméticas. Presenciamos os diversos aspectos da "evaporação da fé" - palavras do próprio Papa Joseph Ratzinger ao constatar que "a sociedade se tem se tornado mais dura" e que "o cristianismo se encontra imerso em uma profunda crise que é consequencia da crise de sua pretensão de verdade" (do livro “Deus existe?” transcrito do debate entre Joseph Ratzinger e Paolo d’Arcais no ano 2000 Editora Planeta, 2009).
- No atual panorama, só mesmo a estupidez dos renitentes e o apego ao poder por parte dos confusos e obstinados líderes das instituições não nos deixa ver que o sentido e o espiritual da vida vem sendo desfeito desde o final da Segunda Grande Guerra Mundial. É a vaidade e as raízes secas do formalismo e da ritualística vazia que têm mantido esses sonhadores atrelados em seus frágeis baluartes, sob a alegação falaciosa de que o materialismo selvagem faz parte da "natureza humana".
O que temos visto são chefes de estado que, terminados seus mandatos, insistem em permanecer nas sombras do poder; são os pequenos mandatários que, após vencidas suas pífias gestões, assumem o papel de papagaio-de-pirata no ombro esquerdo do novo mandante; são esses pseudo-líderes alternando o estado e a respiração artificial com atos de governante, atropelando assim a sociedade pela covardia e o medo da renúncia, do adiós, hasta la vista!
Joseph Ratzinger compreendeu isso e pegou de surpresa aqueles que o consideram um homem rancoroso, um xerife da fé e um conservador radical. Ele demonstrou que renunciar não condiz com o conservadorismo, nem com o que se espera do mais alto cargo do Vaticano, uma das mais elevadas influências na política mundial.
Bravo foi Joseph Ratzinger, e o que virá em seguida dependerá da reposta deste século diante do que acaba de acontecer.
...
* NOTA:
Não estou defendo Joseph Ratzinger como um "bravo guerreiro". Apenas cito a renúncia como um exemplo para o mundo atual onde ninguém é capaz de abrir mão de um pirulito sequer.

José Maurício Guimarães
 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A PESSOA ERRADA


 
Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.

Existe uma pessoa, que se você for parar pra pensar, é a pessoa errada.

 Porque a pessoa certa, faz tudo certinho, chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas. Mas, nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.

Aí é a hora de procurar a pessoa errada.

A pessoa errada te faz perder a cabeça, fazer loucuras, perder a hora, morrer de amor.

A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar, que é pra na hora que vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira.

A pessoa errada é, na verdade, aquilo que a gente chama pessoa certa.

Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.

Essa pessoa vai te tirar o sono, mas em troca vai te dar uma noite de amor inesquecível.

Essa pessoa talvez te magoe, e depois, talvez te encha de mimos pedindo perdão.

Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você. Vai estar o tempo todo pensando em você.

A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo. Porque a vida não é certa. Nada aqui é certo. O que é certo mesmo, é que temos que viver cada segundo amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo. E, só assim, é possível naquele momento do dia em que a gente diz : “Graças a Deus, tudo deu certo”. Quando na verdade o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada para que as coisas comecem realmente a funcionar pra gente.

Nossa missão: compreender o universo de cada ser humano, respeitar as diferenças, brindar as descobertas, buscar a evolução.

(Autoria Desconhecida)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

PARA UM FINAL DE VERÃO

   DOUGLAS MENEZES

  Começo, neste dia cinzento, pensando  nos quase duzentos e cinquenta jovens assassinados em Santa Maria. Sim, foram mortos estupidamente pela negligência e irresponsabilidade de muitos  culpados, a começar por quem  deveria zelar pela segurança do povo. O estado que só cuida quando as tragédias acontecem. O choro dos políticos não vai trazer os jovens de volta, nem minimizar a dor maior. Mais uma lição sofrida para que a responsabilidade seja retomada, se é que já existiu.
   Nesta manhã cinzenta, penso, atrasado, naqueles que tinham uma vida pela frente,  enganados, partiram mais cedo, e, em um país sem memória, logo irão fazer parte do esquecimento de uma população acostumada a relegar a um plano secundário coisas sérias que deveriam estar sempre em pauta na vida das pessoas. O brasileiro parece anestesiado, conformado e vivendo num estado de letargia que passa a ideia de que vivemos instintivamente, apenas para sobreviver. Perdemos a gentileza e a solidariedade maior, apesar de ações pontuais, que deveriam ser coletivas e constantes.
    Nesta manhã cinzenta, faço crônica pessimista. Impaciente, digo coisas que não queria dizer. Olho ao redor, dorme minha gente, que sustenta e ampara a angústia e essa visão negativa que eu não queria que existisse. Sou dependente dela. O bálsamo, a ilusão de que haverá dias mais risonhos e só notícias boas a comentar.
    Assim, corro os olhos nos jornais. O real se sobrepõe, então. Esforço enorme para encontrar notícias que causem alento, que me façam acreditar num mundo mais feliz. Os jornais não têm cor. Iguais a esse mormaço, a  esse calor sem vento, a esse suor vindo não sei de onde. Iguais, os jornais,  a essa  tediosa e quase inútil manhã cinzenta.

    Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.

sábado, 26 de janeiro de 2013

VICENTE PINZÓN EM 26 DE JANEIRO, PARABÉNS AO CABO!


Por João Sávio

Tudo começa nos idos de 2001 quando um grupo de vereadores da Casa Vicente Mendes, estando em Brasília para cumprir uma pauta em defesa da cidade, acrescentou mais um item a agenda, com uma visita de cortesia a Embaixada da Espanha no Brasil. Nunca imaginariam que naquele momento, estariam fazendo história, ou melhor, dando importantíssimo passo no resgate histórico da visita dos espanhóis ao Brasil, capitaneados por Vicente Yáñez Pinzón, três meses antes do descobrimento oficial do Brasil, em 22 de abril de 1500 por Pedro Álvares Cabral.
O embaixador Cesar Alba Fuster que cordialmente recebeu a delegação cabense, mostrou-se inconformado com o fato do Cabo de Santo Agostinho está "passando batido", com uma história tão bela e que embora na Espanha, já fosse voz corrente, no Brasil, pouco se falava no assunto. Os vereadores deflagraram, naquele momento, o compromisso de usar todos os meios para a divulgação dos fatos históricos, até então, acanhados. Noutra reunião, com o adido cultural da Espanha no Brasil, Cesar Cell os vereadores traçaram os planos de um possível Intercâmbio Cultural entre o Cabo de Santo Agostinho e Palos de la Frontera, terra de Pinzón. Desse dia em diante, tratou-se de apresentar diversos projetos à Câmara de Vereadores do Cabo, correlacionados ao fato, entre eles: O dia municipal da nacionalidade hispânico/brasileira, a ser comemorado no dia 26 de janeiro com um feriado municipal, dia da chegada de Vicente Pinzón ao Brasil. A praça da Estação passou a ser chamada de Praça Vicente Pinzón, a implantação de Monumento alusivo a descoberta do Brasil pelos espanhóis, colocado em frente a antiga Petroflex, a Resolução criando a Sala das Sessões Santa Maria de la Consolación (primeiro nome do Cabo dado por Pinzón), a denominação de Av. Vicente Pinzón na artéria principal da Cidade Garapu, a introdução da história de Vicente Pinzón na grade currícular das escolas do município, a 1ª Missão Cultural de Visita a Espanha (Palos de La Frontera), com exposição cabense na Espanha e onde inaugurou-se a Rua Cabo de Santo Agostinho, com a presença das autoridades espanholas e cabenses, alem muitos outros projetos correlatos.

O que certamente tem que ser exaltado, é que esse fato foi encarado pelo enfoque político, passando a ser visto como uma história com "dono", e isso, prejudicou enormemente a cidade do Cabo de Santo Agostinho, a qual passou a perder todos os belos dividendos que poderiam advir dessa realidade, já defendida por vários historiadores, como: Luiz Lacerda, Pereira da Costa, Flávio Guerra, Hilton Sette, Luiz Isquierda e tantos outros, inclusive, sendo fato líquido e certo colocado pela Enciclopédia Britannica e Wikipédia. A verdade é absoluta e não merecia ter tido o tratamento que teve, tentando-se jogá-la ao esquecimento.
Mas, a memória do povo não é curta e certamente, novos ventos soprarão e as caravelas Santa Maria, Niña e Fraila navegarão a um horizonte de reconhecimento, esperança e prosperidade.
PARABÉNS AO CABO DE SANTO AGOSTINHO PELO 26 DE JANEIRO!

João Sávio Sampaio Saraiva é da Academia Cabense de Letras.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O CETICISMO NUM MUNDO ORIENTADO À MASSIFICAÇÃO

  
O senhor Whitson ensinava ciências para a sexta série. No primeiro dia de aula ele nos falou sobre uma criatura chamada cattywampus, um animal noturno extinto durante a Era do Gelo. Ele passou para os alunos um crânio enquanto falava. Todos nós fizemos anotações e depois respondemos a um teste sobre a aula. Quando recebi a prova corrigida fiquei surpreso. Havia um grande vermelho X em todas as minhas respostas. Eu havia falhado. Devia haver algum   engano! Eu havia escrito exatamente o que o professor Whitson havia dito na aula. Então percebi que todos na classe haviam falhado. O que havia acontecido? Muito simples, o professor explicou. Ele havia inventado tudo que falou sobre o cattywampus. Aquele animal nunca havia existido, ou seja, toda a informação em nossas anotações estava errada. Nós esperávamos crédito por respostas erradas?         
 
Desnecessário dizer, nós ficamos revoltados. Que tipo de teste era esse e que tipo de professor ele era? Nós deveríamos ter descoberto, o senhor Whitson disse, afinal, enquanto ele passava o crânio do cattywampus pela sala (que na verdade era o crânio de um gato), não estava afirmando que não havia sobrado nenhuma evidência do animal? Ele havia descrito sua incrível visão noturna, a cor de sua pelagem e muitos outros fatos que ele não poderia saber. Ele havia dado ao animal um nome ridículo e mesmo assim ninguém havia desconfiado. Os zeros em nossas provas iriam para a avaliação, ele disse. E eles foram. O professor Whitson disse que esperava que aprendêssemos uma lição dessa experiência. Professores e livros didáticos não são infalíveis. Na verdade, ninguém é. Ele nos disse para nunca deixar nosso cérebro ficar desatento e a tomar satisfação sempre que pensássemos que ele ou qualquer livro estivessem errados. Toda aula com o professor Whitson era uma aventura. Ainda posso lembrar-me de algumas aulas de ciências do começo até o final. Um dia ele nos disse que seu carro era um organismo vivo. Nós demoramos dois dias para bolar um argumento contrário que ele aceitasse. Ele não nos deixava sossegar até que ouvéssemos  provado não só que sabíamos o que era um organismo, mas também que tínhamos força para defender a verdade.              
  
Nós levamos nosso recém-adquirido ceticismo para todas as nossas aulas. Isso causou problemas para os outros professores, que não estavam acostumados a serem desafiados. Nosso professor de história começava a falar sobre algum assunto e de repente alguém limpava a garganta com um "ram-ram" e dizia "cattywampus".           
 
Se alguém me pedisse uma proposta para solucionar os problemas de nossas escolas, ela seria o professor Whitson. Eu não fiz nenhuma grande descoberta científica, mas ele deu a mim e meus colegas de classe algo tão importante quanto: a coragem de olhar outra pessoa no olho e dizer que ela está errada.
Ele também nos mostrou que você pode se divertir nesse processo.       
 
Nem todo mundo vê valor nisso. Uma vez contei sobre o senhor Whitson a um professor de ensino fundamental, que ficou horrorizado. "Ele não devia ter enganado você assim", disse. Eu o olhei nos olhos e disse que ele estava errado.
 
O texto acima é um dos materiais mais interessantes que já vi sobre como o professor pode - e deve - ser o veículo de transformação de maior importância para os alunos. Sou da opinião que a proposta de ensino do professor Whitson deve ser a pedra fundamental na formação de novos professores e na reciclagem dos veteranos, principalmente - mas não somente - nas disciplinas ligadas à Ciência. (Waldemar Henrique Dias)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

AMAR

Valéria Saraiva, 10-1-1997

Vês, a escuma branca
Da nossa praia
Com um sorriso claro
Que se iguala
À beleza das nuvens e da luz.

Vês, ainda escrevo teu nome na areia
Onde mora o silêncio.
Onde o sol não clareia
E apagam-se aos poucos
Os meus sonhos azuis.

Onde acabam-se os versos
Que um dia cantei.
Onde em dias dispersos
Te salvei
E te dei o meu mundo.

A todo instante, vejo fantasmas dizendo amém.
Vi a flor desabrochando,
Espalhando as pétalas dos sentimentos.
Senti teu beijo sonhando
E acordei do meu sono em contentamento.

Sou teu anjo de luz
Trago no peito
O amor que conduz
Todos os momentos,
Todos os pecados,
 Toda madrugada,
Toda primavera.

Sei que a distância
Insiste em nos separar.
Sei que o passado morre,
Mas o meu sangue corre
Indo te buscar.

Quero dormir para sempre.
Fechar meus olhos  para te olhar.
Ao menos assim,  eternamente,
Em cada sonho
Poderei te amar.