sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CONDE DA BOA VISTA (Francisco do Rego Barros)


Francisco do Rego Barros, Barão, Visconde e depois Conde da Boa Vista, nasceu no dia 3 de fevereiro de 1802, na cidade do Cabo de Santo Agostinho, no Engenho Trapiche, de propriedade de seus pais Francisco do Rego Barros, Coronel de Milícias e Mariana Francisca de Paula do Rego Barros.

Estudou com professores particulares no engenho onde nasceu e desde muito cedo interessou-se pela carreira militar. Em 1817, com apenas quinze anos de idade, alistou-se no Regimento de Artilharia do Recife.

Em 1821, já como cadete do Exército do mesmo Batalhão, participou do movimento conhecido como a Revolução de Goiana, encerrada com a Convenção do Beberibe, em outubro do mesmo ano. Foi preso e enviado para a fortaleza de São João da Barra, em Lisboa, Portugal, onde foi mantido até 1823. Posto em liberdade, viajou para Paris, bacharelando-se em Matemática.

De volta a Pernambuco, dedicou-se à política. Com apenas 35 anos de idade, em 1837, foi designado presidente da Província de Pernambuco, ficando no cargo até 1844.

Tendo sido educado em Paris, estava decidido a modernizar e higienizar o Recife. Seu governo operou transformações materiais e culturais importantes para a Província.

A vida da cidade ganhou em animação e teve um progresso até então nunca vistos. Francisco do Rego Barros mandou buscar engenheiros franceses de renome, incentivou as artes e as ciências, levando o Recife ao conceito das grandes cidades modernas da época.

Foram construídas estradas ligando a capital às áreas produtoras de açúcar do interior; a ponte pênsil de Caxangá, sobre o rio Capibaribe; o Teatro de Santa Isabel; o edifício da Penitenciária Nova, depois chamada de Casa de Detenção do Recife, onde funciona hoje a Casa da Cultura; o edifício da Alfândega; canais; estradas urbanas; um sistema de abastecimento d’água potável para o Recife; reconstrução das pontes Santa Isabel, Maurício de Nassau e Boa Vista. Mandou construir aterros para a expansão da cidade, sendo o mais importante deles o da Boa Vista que partia da Rua da Aurora rumo à Várzea, chamada de Rua Formosa, continuada pelo Caminho Novo que, a partir de 1870, recebeu o nome de Av. Conde da Boa Vista.

Em 1842, foi agraciado com o título de Barão, promovido a Visconde, em 1860 e elevado a Conde da Boa Vista, em 1866. Foi eleito senador, em 1850 e, em 1865, designado presidente da Província do Rio Grande do Sul, acumulando as funções de Comandante das Armas, estando aquela província já envolvida na Guerra do Paraguai.

Sentindo-se doente e sofrendo com problemas hepáticos, retornou ao Recife no início de 1870, onde morreu no dia 4 de outubro, na sua residência, situada no número 405 da Rua da Aurora, onde está localizada, hoje, a Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco.

FONTES:
GUERRA, Flávio. O Conde da Boa Vista e o Recife. Recife: Fundação Guararapes, 1973.
SILVA, Jorge Fernandes da. Vidas que não morrem. Recife: Secretaria de Educação, Departamento de Cultura, 1982. p. 201-205.
Lúcia Gaspar: Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco

Um comentário:

  1. João, por oportuna ao seu post, eis uma curiosidade: o sobrenome REGO BARROS do Conde de Boa Vista, foi inspiração para o nosso inesquecível romancista regionalista brasileiro, o paraibano JOSÉ LINS DO REGO, em sua belíssima obra FOGO MORTO (1943), sobretudo num diálogo entre os personagens, ambos orgulhosos de suas condições, o herói popular VITORINO CARNEIRO DA CUNHA – apelidado Papa-Rabo -, grandemente humanitário, e o mestre artesão JOSÉ AMARO, um seleiro, muito afetivo mas ao mesmo tempo amargo, diálogo que ora reproduzo não só por sua beleza, mas em especial pela presente ocasião eleitoreira nacional:

    Inicia o diálogo Vitorino:

    (...) – Compadre, as eleições estão aí. O Rego Barros é homem pra botar ordem nesta nossa Paraíba. Veja quem quem está lhe falando é homem que conhece política como a palma da mão.

    – Compadre, eu não estou pensando nesta coisas. Vivo aqui nesta tenda, e quero sair daqui para o cemitério.

    – Besteira. O compadre tem seu voto.

    – O que um voto, meu compadre?

    – Um voto é uma opinião. É uma ordem que o senhor dá aos que estão de cima. O senhor está na sua tenda e está mandando num deputado, num governador.

    – Compadre Vitorino, eu só quero mandar na minha família.

    – É por isto que esta terra não vai para adiante. É por isto. É porque um homem como o meu compadre José Amaro não quer dar valor ao que tem.

    – Não tenho nada, compadre. (...)”



    Abs, João, e tenha um ótimo sábado.

    P.S.: parabéns por repercutir aqui no blog o fim do PEBODYCOUNT.

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