sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SINTO VERGONHA DE MIM


Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente,

a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o "eu" feliz a qualquer custo, buscando a tal "felicidade" em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos "floreios" para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre "contestar", voltar atrás e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".


Rui Barbosa (05/11/1849 - 01/03/1923) foi, sem dúvida alguma, um dos maiores juristas que o país já teve. Somente não podemos afirmar ter sido ele o maior jurista, porque ao seu lado contamos com outros nomes de grande expressão no cenário jurídico nacional. Mas, sem dúvida alguma, foi uma inteligência impar. Era um orador nato. Sabe-se, no meio jurídico, que o mandado de segurança, editado em 1951, teve como inspiração Rui Barbosa, posto que o único remédio jurídico de que dispunha era o habeas corpus e, para tudo quanto fosse direito violado, ele o usava. Mesmo diante de decisões de caráter nitidamente políticos, Rui Barbosa jamais quedou-se. Rui Barbosa nasce aos 05/11/1849, em Salvador e começa seus estudos em 1854, assustando a todos por sua prodigiosidade e, segundo relata Nicola Aslam, "aos dez anos já conhecia os clássicos e principalmente Camões, Vieira e Castilho".

Em 1866 ingressa na Faculdade de Direito do Recife - a primeira faculdade de ciências jurídicas do país, fundada aos 11 de agosto de 1850, razão pela qual este é considerado o famoso "dia do pendura"entre os estudantes de direito.Por falecimento de sua mãe e aconselhado por seu pai, Rui Barbosa vai à São Paulo, para terminar seus estudos, ingressando na faculdade em 1868, tendo como contemporâneos Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves e Castro Alves. Em 01 de julho de 1869 Rui Barbosa é iniciado Maçom na Loja América e, no ano seguinte, apresenta à esta loja um projeto de lei que viria a ser transformado em lei maçônica pelo Grande Oriente do Brasil ao Vale dos Beneditinos.

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