segunda-feira, 28 de junho de 2010

SONEGAÇÃO DA TERNURA

“inútil é rolar em descaminho/ e ao desencanto de si mesmo opor/ a suavidade mansa de um carinho/ e o vício sensual do próprio amor.// é desencanto vão andar sozinho/ por estradas de ódio ou de rancor./ é preciso saber ser o caminho/ para as sombras do antigo desamor.// inútil aprender o desencanto/ da chuva estagnada em nosso pranto/ sem roubar do horizonte céus secretos:// há um caminho de sal e onda, impreciso,/ entre a algidez de areia do teu riso/e a brancura hibernal dos meus sonetos”.

(Soneto de Alzira Pacheco, in “Sonegação de Ternura” (1968), Livraria 4 Artes Editora).

Trata-se do segundo livro de poemas da poetisa Alzira Pacheco Lomba Kotona, figura das mais respeitadas, na região do Vale do Ribeira/SP, tanto na Literatura como no Direito. O livro recebeu menção honrosa no “Prêmio Governador do Estado”, em 1965. Arquiteta sem comparação na Arte Real de sutilmente maquinar versos justos e perfeitos. Minha amiga Alzira Pacheco apresentou, nessa obra, uma bela seleção de poemas, que nos levou ao delírio, à reflexão, ao encanto. Percebeu que neste soneto, todo ele foi escrito em letras minúsculas?

Um comentário:

  1. Tinha um livro de Alzira Pacheco Lomba e um poema se intitulava RENATO. Eu amava esse livro, perdi e gostaria tanto de comprar outro, mas não sei onde encontrar.
    Marta
    Sete Barras/SP - Vale do Ribeira

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