sexta-feira, 8 de abril de 2011

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS

“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora”. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial”
Mário de Andrade (1893-1945)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

MONÓLOGO DAS MÃOS

Ghiaroni (imortalizado por Procópio Ferreira).

Para que servem as mãos? As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever......

As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário; Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não matou Porcena; foi com as mãos que Jesus amparou Madalena; com as mãos David agitou a funda que matou Golias; as mãos dos Césares romanos decidia a sorte dos gladiadores vencidos na arena; Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência; os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos vermelhas como signo de morte!

Foi com as mãos que Judas pos ao pescoço o laço que os outros Judas não encontram. A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda; o operário construir e o burguês destruir; o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar; o honesto trabalhar e o viciado jogar.

Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba! Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia! As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura, a arma que fere e o bisturi que salva.

Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas protegemos a vista para ver melhor. Os olhos dos cegos são as mãos. As mãos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes; no volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pássaros. O autor do «Homo Rebus» lembra que a mão foi o primeiro prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida; a primeira almofada para repousar a cabeça, a primeira arma e a primeira linguagem.

Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas. A mão aberta,acariciando, mostra a bondade; fechada e levantada mostra a força e o poder; empunha a espada a pena e a cruz! Modela os mármores e os bronzes; da cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia nas formas eternas da beleza. Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza; doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos. O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de felicidade. O noivo para casar-se pede a mão de sua amada; Jesus abençoava com as mãos; as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes.

Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, ainda por muito tempo agitando o lenço no ar. Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias. E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem. Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.

E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida.

A TRAGÉDIA DO OUTEIRO

Theo Silva

Longe, no outeiro da serra,
Com a alegria da terra
Que dá o fruto e a raiz,
Numa casinha pequena,
Com uma viola morena,
Vivia um caboclo feliz.

Em noites claras de lua
Quando o silêncio flutua
Nos arvoredos em flor,
Se ouvia a viola gemer
E o dono dela fazer
Toadas pra seu amor.

Mas a vida é diferente
E o destino não consente
Aquilo que a gente quer,
E quando a gente não espera
Vai cair na esparrela
Dos olhos d’uma mulher.

Foi o que aconteceu.
Sem saber como, morreu
O caboclo cantador,
Esse caboclo que amava
A viola que contava
Histórias do seu amor.

Numa noite de São João
O ciúme, o grande tição,
Queimando sem ninguém ver,
Fez seu melhor camarada
Numa raiva desgraçada,
Mata-lo pra não sofrer.

Chamando pra ele ir
Uma novena assistir
E alegrar uma função,
O esperou numa estrada
Na boca d’uma emboscada
E o feriu no coração.

Quando ele vinha vindo
Com sua viola sentindo
Os encantos do amor,
Recebe um tiro certeiro
Cai a viola primeiro
E depois o cantador.

E de manhã bem cedinho,
Quando o sol devagarzinho
Acordou se espreguiçando,
Veio encontrar na estrada
Uma viola espedaçada
E uma morena chorando.

*Theo Silva é um dos Patronos da Academia Cabense de Letras

terça-feira, 5 de abril de 2011

ESTRATÉGIAS MENTAIS



(O QUE VOCÊ DEVE FAZER DE DENTRO PARA FORA)
1. Pense sempre, de forma positiva. Toda vez que um pensamento negativo vier à sua cabeça, troque-o por outro! Para isso, é preciso muita disciplina mental. Você não adquire isso do dia para a noite; assim como um “atleta”, treine muito.
2. Não tenha medo de nada e ninguém. O medo é uma das maiores causas de nossas turbações interiores. Tenha fé em você mesmo. Sentir medo é acreditar que os outros são poderosos. Não dê poder ao próximo.
3. Não se queixe. Quando você reclama, tal qual um ímã, você atrai para si toda a carga negativa de suas próprias palavras. A maioria das coisas que acabam dando errado, começa a se materializar quando nos lamentamos.
4. Risque a palavra “culpa” do seu dicionário. Não se permita esta sensação, pois quando nos punimos, abrimos nossa retaguarda para espíritos opressores e agressores, que vibram com nossa melancolia. Ignore-os.
5. Não deixe que interferências externas tumultuem o seu cotidiano. Livre-se de fofocas, comentários maldosos e gente deprimida. Isto é contagioso. Seja prestativo com quem presta. Sintonize com gente positiva e alto astral.
6. Não se aborreça com facilidade e nem dê importância às pequenas coisas. Quando nos irritamos, envenenamos nosso corpo e nossa mente. Procure conviver com serenidade e quando tiver vontade de explodir, conte até dez.
7. Viva o presente. O ansioso vive no futuro. O rancoroso, Vive no passado. Aproveite o aqui e agora. Nada se repete, tudo passa. Faça o seu dia valer a pena. Não perca tempo com melindres e preocupações, pois só trazem doenças.

(O QUE VOCÊ DEVE FAZER DE FORA PARA DENTRO)
1. A água purifica. Sempre que puder vá a praia, rio ou cachoeira. Em casa, enquanto toma banho, embaixo do chuveiro, de olhos fechados, imagine seu cansaço físico e mental e que toda a carga negativa está indo embora por água abaixo.
 2. Ande descalço quando puder, na terra de preferência. Em casa, massageie seus pés com um creme depois de um longo dia de trabalho. Os escalde em água morna.
3. Mantenha contato com a natureza; tenha em casa um vaso de plantas pelo menos. Cuide dele com carinho. O amor que dedicamos às plantas e animais acalma o ser humano e funciona como relaxante natural.
4. Ouça músicas que o façam cantar e dançar. Seja qual for o seu estilo preferido, a vibração de uma canção tem o poder de nos fazer sentir vivos , aflorando a nossa emoção e abrindo o nosso canal com alegria.
5. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo o impeça de tentar.
6. Liberte-se!!! Sempre que puder livre-se da rotina e pegue a estrada, nem que seja por um único dia. Conheça novos lugares e novas pessoas. Viva a Vida!!!!!
7. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, “Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”
O medo nos afasta das derrotas....mas das vitórias também!!!!!!
Autor desconhecido

ENCHENDO O SACO


Deste o início da vida, ainda na primeira infância, por necessidade de fazer de nós criaturas civilizadas, nossos pais cuidadosamente vão enchendo o saco das negatividades. São as críticas, os nãos, as repreensões ou repressões, em que sempre se salientam nossos erros. Os acertos e façanhas, esforços e vitórias parecem não receber a mesma atenção. Por uma questão cultural, os acertos são vistos como obrigações das crianças e jovens, e, como não são louvados e levados em conta, o saco das positividades vai ficando vazio. Com o tempo, nossos erros passam a ser o ponto de referência para todas as coisas. E isso é desastroso numa personalidade em formação. Querendo nos fazer fortes, nos enfraquecem, acentuam em nós apenas erros, fracassos e desacertos. 

Claro que os pais sempre agem com boa intenção. E isso é desastroso numa personalidade em formação. Querendo nos fazer fortes, nos enfraquecem, acentuam em nós apenas erros, fracassos e desacertos.          

Claro que os pais sempre agem com boa intenção. É no louvável intuito de nos ajudar que nos atrapalham tanto. A criança faz cinco coisas certas e os pais, quando tinham de ficar esfuziantes, parece que tem um bloqueio para elogiar. Às vezes a criança precisa fazer oito ou mais acertos, daqueles muitos bons, para então, aí sim, receber um elogio - ainda que fraquinho... Mas se, depois de tantas coisas certas, cometer um único erro, recebe uma baita bronca com todas as letras.      

Fica difícil para a criança suportar esse desequilíbrio e manter em evolução o seu caráter de vencedora. Um exemplo nítido é a entrega do boletim escolar. O jovem chega em casa com as notas da escola. Conseguiu notas boas na maioria das matérias, mas uma delas, apenas uma nota baixa, faz o pai se aborrecer muito. O pai esquece que no mesmo boletim existem outras oito notas altas. Mas o elogio não vem.      Dessa maneira o pai enche o saco das negatividades de seu filho, que, depois de dez, quinze minutos, estará realmente com o saco cheio.     

No mundo, a ordem é falar mal. Todos derrotam todos, todos anulam todos - o que pode restar para oferecer a não ser a amargura e o sofrimento da derrota que nos impingiram desde crianças? Se você tem uma bacia com abacaxis, como vai poder dar uma maçã? Ninguém dá o que não tem. Mas não podemos sair por aí apenas dando o que nos deram. Temos de reciclar isso tudo.    

De um lado, o saco das negatividades passa a vida transbordando; de outro, o saco das positividades fica sempre magrinho, quase vazio. O que falta em nossa sociedade é o exercício do elogio, que encheria o saco das positividades. Mas quem elogia? Quase ninguém! Portanto, não se recebe elogio. E, se não se recebe elogio, não se elogia. Somente a crítica tem lugar de destaque em nossa sociedade. E assim caminha a humanidade...

Há que se inverter esse processo de derrota e injetar na sociedade um elemento de progresso e de conquista. Cada vez que você elogia uma pessoa é um estímulo para ela viver e um incentivo a fazer com que queira repetir o ato que lhe trouxe conforto e gratidão. Esse pequeno contaminado por tal vírus é positivo e estimulante. E é preciso coragem, porque o elogio implica lançar a pessoa para cima e às vezes ela pode subir mais alto que você; porém, se você ficar preocupado com o fato de que ela vai mais alto, é porque você mesmo se colocou num nível muito baixo.        

O elogio é um ato de desprendimento e de confiança em si mesmo. Quem se sente superior elogia muito; quem se considera para baixo fica mais cioso desse ato de glória; quem nunca elogia talvez nem se encontre mais.  

O elogio talvez seja o ato de maior força na sociedade e deveria ser mais usado. Em qualquer lugar, é fulminante. Seja em casa, seja na empresa, seja na escola. Se alguém começar a exercer mais o ato do elogio, pode passar a ser um ímã em qualquer ambiente - todos querem ficar ao seu lado.        

A felicidade, na verdade, está no fato de as pessoas tirarem o maior proveito das ocorrências do dia-a-dia, salientando ao máximo as coisas boas que acontecem e menosprezando as coisas ruins. A felicidade está na nota que se dá a cada coisa.           

Se você dá nota alta a um acontecimento ruim, claro que vai sentir-se mal, mas se der notas altas somente a coisas boas, viverá sempre feliz. As pessoas positivas são otimistas porque conseguem otimizar a positividade. O resgate que fazemos com as pessoas está muito dentro desse contínuo encher o saco da positividade, salientando as inúmeras vitórias que conquistam no seu dia-a-dia de trabalho com o corpo. Serão tantas as vitórias em seu treinamento que essas ocorrências enchem o saco outrora vazio.  

 O negócio é encher o saco de seus filhos, encher o saco de seus alunos, encher o saco de seu vizinho, encher o saco de todo mundo. Mas o esforço é no sentido de encher o saco certo. Encham o saco de seus funcionários e percebam como eles se tornam mais eficazes e felizes.   Cara feia, mau humor, críticas em demasia só vão encher o saco errado.           

 Por isso, quando perguntam por que meus pupilos vão sempre ao encontro do sucesso, eu respondo: "Porque eu encho o saco de todos eles..."           

(*) este texto foi retirado, na íntegra, do livro A SEMENTE DA VITÓRIA, de autoria de Nuno Cobra, 29a. Edição - Editora Senac - São Paulo -

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A LIBERDADE VISTA DE COSTAS


Por José Maurício Guimarães

Imaginem-se sobrevoando o Porto de New York e espichem o olho para a Estátua da Liberdade. Que espécie de liberdade é essa? Com L maiúsculo ou minúsculo? Varia... 
Dizem que Santo Agostinho cunhou a frase: "Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo; quem é mau, ainda que seja livre, permanece escravo." Não quero me aprofundar nas metafísicas desse santo homem, mas divirjo com um pé atrás; li apenas (e mal) parte das Confesiones, o De Magistro e De Libero Arbitrio onde não vislumbrei essa frase do Abençoado Doutor. Pode ser uma passagem dos Soliloquiorum, dos Apologéticos ou do Enchiridion, ad Laurentium... Se for autêntica, divirjo com dois pés atrás, pois entendo a Liberdade, antes de mais nada e ainda que tardia, como o amplo direito de ir e vir. Amplo porque, mesmo encarcerado numa cela subterrânea, o infeliz tem o direito de ir do catre até à parede oposta da masmorra e vice-versa. Mesmo um cão cruelmente acorrentado pode ir e vir de um a outro ponto do terreiro na extensão que lhe permita o pesado grilhão. Montesquieu disse que a Liberdade é o direito de se fazer tudo aquilo que as leis permitem. Ora essa, Montesquieu! uma liberdade circunscrita e demarcada por leis escritas não é Liberdade, é obediência... Essas falsas liberdades! – ditas, não ditas e constantemente perpetradas - são o mal secreto do nosso tempo, infortúnio análogo ao descrito por Raimundo Correia, "quanta gente que ri, talvez existe, cuja a ventura única consiste em parecer aos outros venturosa!"... ou parecer aos outros ser liberta.

Frases de efeito, discursos e arroubos de imaginação agitam-se por cima e acima da palavra Liberdade. A tal ponto, que o escultor Frédéric Auguste Bartholdi idealizou uma estátua com esse nome francês - Statue de la Liberté, presenteada pelo governo da França aos Estados Unidos em comemoração ao centenário (1876) da Declaração da Independência e virou The Statue of Liberty. Frédéric Auguste Bartholdi era maçom e foi tomado de inquietação sobre essa coisa abstrata – a Liberdade com L maiúsculo. E carregou no concreto: são quase 93 metros de altura (um prédio de aproximadamente 28 andares). Sobre a cabeça da estátua, um diadema e dilema atroz da sabedoria: sete inefáveis espigões. Frédéric vestiu a estátua com a túnica inconsútil dos inocentes e o manto virginal trespassado da esquerda para a direita.  Uma tocha iniciática na mão direita erguida sobre a cabeça e um LIVRO, na mão esquerda, apoiado sobre o coração. O Irmão Frédéric sabia das coisas: só pode erigir luz acima da cabeça quem carrega o conhecimento perto do coração. Bela frase, hem? E mais: Frédéric não hesitou em colocar na escultura o maior amigo da Liberdade - o LIVRO, contra o qual lutam os déspotas, os tiranos e os que, com palavras melífluas, desgovernam as instituições deste mundo. Mas, afinal: que livro é aquele nas mãos da estátua? Um exemplar da Bíblia? ou do Corão? o Sepher Yetzirah ou a Torah? "A origem das espécies" de Darwin ou "A interpretação dos Sonhos" de Freud? (talvez Freud, visto que a Liberdade ainda é sonho, libido, inconsciente e repressão). Um amigo meu aposta em três outros títulos: "A riqueza das nações" de Adam Smith (para ser lido na Wall Street); o "D. Quixote" de Cervantes ("a Liberdade é quimera, moinhos-de-vento"); e a "Teoria da relatividade" de Einstein (tudo nesse mundo é relativo!).

Livro e Liberdade... sempre achei curiosa a semelhança dessas palavras: em português, livro/livre; em francês, livre/libre; em espanhol, libro/libre; em italiano, libro/libero... será coincidência? coisa combinada? conspiração? final dos tempos?! Tranquilizem-se, pois o significado mais inquietante da obra do Irmão Frédéric Auguste Bartholdi  é que a estátua está andando. Imaginem-se, pois, num helicóptero a sobrevoar desde Jersey City em direção à entrada do Porto de New York. Contemplem a Liberdade vista de costas. Há evidente marcha cerimonial. O pé direito mal toca o pedestal. A liberdade não é estática, prossegue andando, talvez em direção em direção à Verrazano-Narrows Bridge. A Liberdade é uma ponte sobre muitas águas.

José Maurício Guimarães é Bacharel em Direito pela Universidade Federal de M.G. e Professor. Membro da Loja Inconfidência nº 47 jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais. Venerável Mestre da LOJA MAÇÔNICA DE PESQUISAS QUATUOR CORONATI PEDRO CAMPOS DE MIRANDA também jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais. Membro da ACADEMIA MINEIRA MAÇÔNICA DE LETRAS, Cadeira nº 39. Inspetor Geral Grau 33 do Supremo Conselho do Grau 33 da Maçonaria para a República Federativa do Brasil. Maçom do Arco Real Inglês (Capítulo 51 Belo Horizonte) Grande Bibliotecário da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais. Membro da Escola Maçônica Antônio Augusto Alves de Almeida da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais.

sábado, 2 de abril de 2011

JOÃO SALES LANÇA "AMOR NA REDE"


AMOR NA REDE é o novo CD do cantor JOÃO SALES. Com execelente repertório no mais autêntido forró pé-de-serra, o Cd é um convite ao arrasta pé, sendo impossível que se queira ouvir apenas uma faixa. JOÃO SALES lança um Cd marcante, com bons arranjos, excelente trabalho de mixagem, e um acompanhamento onde se destaca o sanfoneiro Adriano. Muito bom o CD de JOÃO SALES, um patrimônio artístico do Cabo de Santo Agostinho que nos brinda com um trabalho de muito bom nível, com 13 músicas fiéis ao mais autêntido forró pé-de-serra.

Saudade de Tu, Desassossego, Eu de cá e tu de lá e Minha Solidão, são algumas das músicas que nos chamaram atenção neste novo Cd de JOÃO SALES, apesar de serem todas de muita qualidade.

Seria importante um relançamento, com um trabalho dirigido na mídia, para que este CD de JOÃO SALES estoure no São João que está por vir. Quem desejar comprar o CDou contratar JOÃO SALES, deve fazê-lo pelo fone: (81) 8844 6199.

quinta-feira, 31 de março de 2011

VENCEDORES E DERROTADOS

 
Quando um VENCEDOR comete um erro, diz: “Enganei-me” e aprende a lição.
Quando um DERROTADO comete um erro, diz: “A culpa não foi minha“, e responsabiliza terceiros.

Um VENCEDOR sabe que a adversidade é o melhor dos mestres.
Um DERROTADO sente-se vítima perante uma adversidade.

Um VENCEDOR sabe que o resultado das coisas depende de si.
Um DERRROTADO acha-se perseguido pelo azar.

Um VENCEDOR trabalha muito e arranja sempre tempo para si próprio.
Um DERROTADO está sempre "muito ocupado" e não tem tempo sequer para os seus.

Um VENCEDOR enfrenta os desafios um a um.
Um DERROTADO contorna os desafios e nem se atreve a enfrentá-los.

Um VENCEDOR compromete-se, dá a sua palavra e cumpre.
Um DERROTADO faz promessas, não “mete os pés a caminho” e quando falha só se sabe justificar.

Um VENCEDOR diz: "Sou bom, mas vou ser melhor ainda".
Um DERROTADO diz: "Não sou tão mau assim; há muitos piores que eu".

Um VENCEDOR ouve, compreende e responde.
Um DERROTADO não espera que chegue a sua vez de falar.

Um VENCEDOR respeita os que sabem mais e procura aprender algo com eles.
Um DERROTADO resiste a todos os que sabem mais e apenas se fixa nos seus defeitos.

Um VENCEDOR sente-se responsável por algo mais que o seu trabalho.
Um DERROTADO não se compromete nunca e diz sempre: “Faço o meu trabalho e é quanto basta”.

Um VENCEDOR diz: “Deve haver uma melhor forma de o fazer. . .”
Um DERROTADO diz: “Sempre fizemos assim.Não há outra maneira.

Um VENCEDOR é PARTE DA SOLUÇÃO.
Um DERROTADO é PARTE DO PROBLEMA.

Um VENCEDOR consegue "ver a parede na sua totalidade".
Um DERROTADO fixa-se "no azulejo que lhe cabe colocar".

Um VENCEDOR submete essa mensagem ao debate construtivo...
Um DERROTADO a LÊ e a DESTRÓI.

UM CANTO EM SURDINA

Rua Vigário João Batista na década de 20, vê-se ao fundo a Igreja de Santo Amaro 

Gabriel Dourado

Cidade de minha infância,
Dos meus sonhos de rapaz,
Dos meus primeiros amores
-dize-me agora,
Aonde vais?

Cidade quase sem ruas,
Apertadinhas demais,
Cidade das boemias,
Dos verdes canaviais
(como aquelas...nunca mais!)

Terra do meu romantismo,
Dos engenhos patriarcais,
Do São João de seu Zumba,
Das loas de Inácio Pais,
Das glosas de Mergulhão,
Chico Taboca e Caju,
De seu “Vigário sem crôa”,
Dos coqueiros de Gaibu.

Cidade das serenatas,
Das cantigas ao luar,
Cidade de tanta história
Sem nenhuma prá contar...

Cidade da minha infância,
Dos verdes canaviais
-Minha cidade querida,
Dize-me agora,
Aonde vais?


Gabriel Dourado nasceu na Cidade do Cabo. Era formado em Odontologia, foi casado e pai de cinco filhos. Teve intensa vida intelectual e foi um dos fundadores do Grêmio Literário Cabense, entidade que marcou época na cidade e, pode-se dizer, foi o embrião da Academia Cabense de Letras. Escreveu poemas e sonetos importantes e teve em UM CANTO EM SURDINA o seu mais famoso trabalho literário. Como das outras vezes, estamos oferecendo aos nossos leitores a oportunidade de conhecer de perto um dos grandes poetas e intelectuais do passado de nossa cidade.

quarta-feira, 30 de março de 2011

ENCERRANDO CICLOS


Sempre é preciso saber quando uma etapa  chega ao final..
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu.
Pode dizer para si que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração.. 
.... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa, nada é  insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. 
Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu própria, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és...  E lembra-te:
“Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão” (Fernando Pessoa)

terça-feira, 29 de março de 2011

FRASES DE MAÇONS


As regras preconizadas pela Franco-Maçonaria são puramente morais; não derivam de nenhuma fé religiosa, de nenhum credo político, de nenhuma palavra de ordem. Os homens dilacerados podem aí reencontrar os caminhos, não da unidade que não é desejável, mas da  paz e de uma certa comunhão.
Roger Mériglier
Dar socorro aos que necessitam, dar alívio aos que padecem, é obrigação essencial do Maçon. A maior necessidade e enfermidade de um povo é, porém, a falta de doutrinação esclarecida. É esta que lhe multiplica as dores e os crimes; é esta que, de ordinário, o entrega surpreso e manietado às usurpações audazes.      
Mendes Leal
O conhecimento, para ser o que deve ser não se limita a uma simples teoria, mas comporta em si mesmo a realização correspondente.      
René Guénon
Aquele que crê possuir a verdade não se preocupa em procurá-la, da mesma forma que o justo satisfeito com a sua virtude negligencia o seu aperfeiçoamento moral... a intuição dirige-se aos espíritos inquietos, àqueles que não se satisfazem com aquilo que puderam aprender... Aquele que adere a um intangível credo religioso, filosófico, científico ou político comete um erro em dirigir-se à porta do Templo: aí só poderá comportar-se como um intruso... A vocação iniciática encontra-se no seio desses vagabundos espirituais que erram na noite após terem desertado da sua escola ou igreja por lá não terem encontrado a verdadeira Luz.      
Oswald Wirth
Para operar, os Templários da Escócia serviram-se da Associação ou Grêmio Secreto de Pedreiros ou Construtores de Catedrais que, tendo em si princípios ocultos que datam de tempos remotos, tinham todavia perdido a Palavra (isto é, o Sentido, Logos) do ritual que conservavam e das estruturas que erguiam. Nesse rito morto introduziram os Templários da Escócia a Palavra que traziam, erguendo-o; e, se o fizeram, é porque as analogias eram perfeitas.  
Fernando Pessoa
A julgar pelas aparências, a Franco-Maçonaria parece mais uma associação discreta do que um Templo defendido por muralhas intransponíveis. Os rituais de todos os seus graus já foram publicados. As palavras, os sinais, a organização interna, a hierarquia da Ordem maçônica já foram divulgados... portanto, apesar dessa larga difusão, a Maçonaria continua uma realidade misteriosa não só para os profanos, mas tambem para os próprios iniciados.
René Alleau
Não vejo nos segredos das Lojas senão um véu de modéstia deitado sobre a verdade e a benevolência para lhes elevar o valor e a beleza aos olhos de Deus e dos homens.     
Alphonse de Lamartine
A Franco-Maçonaria sempre existiu, senão em ato, pelo menos em poder de dever, visto que corresponde a uma necessidade primordial do espírito humano.
Oswald Wirth
O topo derruba-nos, não os degraus que aí conduzem: gostamos de errar na planície, com os olhos fixos no cume. Só uma parte da arte se pode ensinar, o artista tem necessidade de arte total... o trabalho do maçon faz-se ao ar livre e termina, senão sempre em segredo, pelo menos, pelo segredo.           
Goëthe
Ninguém pode ser reconhecido como maçom enquanto continuar servo das suas paixões, escravo das suas crenças e cego pelos bens deste mundo.
Jean Mourgues

segunda-feira, 28 de março de 2011

FESTA SURPRESA DO ROTARY CLUB CABO


Mais informações com o senhor Ely José, presidente do Club.
8763-0762

FILHOS SÃO DO MUNDO


Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos, até de nossas ordens. A partir de certa idade, só valem conselhos.
Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na barriga. E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede de sofrer quando fazem
escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.

Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter
coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então, de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem, biológica,
sociológica, psicológica e emocionalmente.

E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!

Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais tempo para os fllhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom se não fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo. O problema é que meu coração já é deles.
Santo anjo do Senhor...

É a mais concreta realidade. Só resta a nós, mães e pais, rezar e aproveitar todos os momentos possíveis ao lado das nossas 'crias', que mesmo sendo 'emprestadas' são a maior parte de nós !!!


"A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver "

José Saramago

sexta-feira, 25 de março de 2011

FADO TROPICAL

          Composição: Chico Buarque/ Ruy Guerra 1972-1973
          Para a peça Calabar

Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

``Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar,
trucidar
Meu coração fecha aos olhos e sinceramente chora...''
Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do Alentejo
De quem numa bravata
Arrebato um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

``Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto

Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intencão e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadura à proa
Mas o meu peito se desabotoa

E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa''
Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre Trás-os-Montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
          * trecho original, vetado pela censura

SAUDADES DO POETINHA...



Pela luz dos olhos teus

Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.
Um dia a maioria de nós
irá se separar.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora,
das descobertas que
fizemos, dos sonhos que tivemos,  dos tantos risos e momentos que
compartilhamos.
Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.


É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.


Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.


O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...



Vinícius de Moraes

SE NÃO TIVESSE AMIGOS

Erivaldo Alves*        

(Homenagem ao meu amigo Daniel Xavier, presidente da Associação das Pessoas com Deficiência de Ponte dos Carvalhos).    
Marcos 2.1-12           
“Sem amigos, ninguém gostaria de viver, mesmo que possuísse todas as coisas da vida”
Aristóteles

Imagine como devia ser a vida de um homem paralítico no mundo antigo! O tempo todo deitado em uma maca medindo 90 x 180 cm. Dependendo dos outros para tudo – beber, vestir, comer, tomar banho, conduzi-lo... Sem conhecer o que significa ser independente, uma condição que todos nós prezamos muito. Ele sonha que tem um corpo perfeito. Mas é só um sonho. Sem emprego, sem dinheiro, sem influência.
Acontece que ele tinha algo em seu favor: Tinha quatro amigos. Excelentes amigos! Verdadeiros amigos. Sua história existe por causa desses amigos extraordinários. Não teria se aproximado de Jesus, jamais teria sido curado, jamais teria recebido perdão, não fossem os amigos.      

ELE NÃO SE ISOLOU, MAS BUSCOU VIVER SUA DOR NA COMUNIDADE.

Em razão de sua condição física, não era fácil ter amigos. Sua etiqueta declarava: “Mercadoria com defeito.” Imagine que pessoas tidas como normais têm dificuldade de ter amigos verdadeiros, quanto mais pessoas com deficiências físicas!
Na antiguidade, a coisa era muito mais difícil para aqueles que tinham algum tipo de deficiência ou condicionamento físico ou mental.   

Os gregos defendiam a eliminação de recém nascidos com algum tipo de anomalia física. Segundo Aristóteles, “Deve haver alguma lei que impeça que as crianças deformadas sobrevivam”. 

Os romanos, no século V a.C., legislavam sobre o assunto da seguinte maneira: “Matar rapidamente uma criança deformada”.   

Os judeus atribuíam ao pecado, o fato da deficiência.       

Hoje apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas por quem tem alguma deficiência, existem respeito e direitos que foram adquiridos através da mobilização de entidades representativas.

Os amigos daquele paralítico se reuniam com ele todos os dias para: Cantar-orar-adorar a Deus comer estudar. Não é de admirar que fossem tão unidos! Alguém já disse que “as pessoas sábias não têm pressa quando o assunto é amizade”.

Talvez a maior barreira que a maioria de nós tem para ter um relacionamento mais intenso com as outras pessoas seja simplesmente o ritmo de nossa vida. Não precisamos ter pressa para ouvir. Não podemos ter pressa para chorar. Não temos que ter pressa para carregar a maca de alguém.       

ELE TINHA UMA MACA     

Necessitava de alguém que o carregasse (isso era muito constrangedor). As pessoas o viam e sentiam sua fragilidade,suasfraquezas. Cada um de nós tem uma maca e precisamos de alguém que nos ajude a carregar -            
• É um temperamento difícil de ser controlado,      
• É a incapacidade de construir relacionamentos duradouros,       
• É o medo de que as pessoas te conheçam com tu és verdadeiramente,           
• É a desconfiança nas pessoas,     
• É a mentira, 
• É baixa auto-estima (por se achar incapaz, feio, solitário),          
• É o descontrole financeiro. 

Com quem você pode contar para carregar a maca? Você deixa transparecer para seus amigos suas fraquezas e lutas interiores? Você pede a alguém que ore por você e diz pelo que orar? Quem tem permissão para ver suas fragilidades e mesmo assim tê-lo como amigo? Se você deseja ter amizades, não pode ser sempre à parte mais forte. Às vezes, terá de permitir que alguém carregue sua maca. 

ELE TINHA AMIGOS DEMOLIDORES DE TELHADOS 

Jesus chega a cidade dele. Seus amigos ficam sabendo. Um deles diz: “Não podemos ir até lá sozinhos. Temos que levar nosso amigo. Ele ficará muito contente. Talvez Jesus possa curar nosso amigo. Vamos levá-lo”! Mas atrasaram... Ao chegarem ao local da reunião, o salão estava totalmente repleto de pessoas e não havia mais lugar nem mesmo à porta. Acontece que seus amigos não desistem e têm uma idéia arriscada: “Vamos arrombar o telhado e apresentá-lo a Jesus”. E assim fizeram. Desceram o paralítico e o Senhor elogiou a fé daqueles homens e também curou o paralítico. Se não fossem os amigos, aquele paralítico não teria se aproximado de Jesus e consequentemente não teria sido curado.   

*Erivaldo Alves é Pastor da Igreja Batista da Cohab e membro da Academia Cabense de Letras