terça-feira, 1 de março de 2011

CRÔNICA DE UMA DECLARAÇÃO INGÊNUA


Por Douglas Menezes – 1981

Todo dia eu te fabrico uma esperança nova, como um amanhecer no sertão, como o riso ruidoso da estudante. Como quem sente saudade da cidade lá distante e que só existe na memória: aquela onde a gente nasce e só lembra  de coisa boa. Acendo em mim a paixão mais vulcânica. Pra ti, imagino uma lua inexistente, sol de verão, já sem graça, pois cantado muito, por todo mundo.

A poesia que te faço agora não tem limite de ternura: pura, branca e azul, tirada dos nervos, do sangue daqui de dentro, lugar abissal. Intenção apenas de mostrar que só existe o hoje. Só o presente do poeta maior, só o instante, não a busca efêmera do futuro, que a morte pode levar, e  aí,  tenha certeza, amanhã é amanhã e não se sabe o que virá, se virá.
Só te ofereço esse momento, instantâneo, porque não recordo do  ontem, desconheço o  quem vem depois: a vida pulsa aqui, agora, moça.

Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.

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