quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O SILÊNCIO DA PEDRA BRUTA

Para D. Hélder Câmara, por sua luta obstinada contra a miséria e a fome". MARCÍLIO SAMPAIO Angola Biafra Moçambique Etiópia Nordeste do Brasil. Gritos de dor, de angústia e de miséria, gritos de fome e de morte. Gritos que ecoam pelo mundo afora E o mundo não escuta (ou faz que não escuta). Angola Biafra Moçambique Etiópia Nordeste do Brasil. Corpos esquálidos, secos, esqueléticos, corpos que antes de morrer já estavam mortos. E o mundo ? Onde está o mundo ? Será que não existe ? Ou será que se escondeu ? Porque, então, não ouve esses gemidos ? Porque, então, não vê os vivos mortos de Angola de Biafra e Moçambique da Etiópia e do Nordeste do Brasil ? O mundo existe, sim ! O mundo existe ! É que por trás do fausto (irmão do fútil) e do banquete farto (gêmeo do furto) esconde-se o mundo. A opulência - pródiga no supérfluo-, herdeira espúria da hipocrisia, transforma o mundo em laje monolítica dura e fria. Pedra que não ouve. Pedra que não sente. Pedra que não vê. E o rolo compressor, de pedra bruta, que não sente, que não vê, que não escuta, vai esmagando em seu silêncio vil, os vivos - mortos, inativos corpos, de Angola de Biafra e Moçambique da Etiópia e do Nordeste do Brasil.

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