quinta-feira, 6 de junho de 2013

UMA FLOR ENTRE AS PEDRAS

                  

DOUGLAS MENEZES

   Vi agora, no visual árido, uma flor que vai brotando, como se o impossível fosse possível, e foi. Um alerta, um alento. A aridez  e a explosão nascida de uma flor que nem sei o nome. Exuberante, desafiando o  que se pensa não ter vida. A natureza põe poesia na existência. A crônica se faz das coisas singelas. Constatação óbvia, verdadeira, no  entanto.

   Vi essa imagem no velho computador, na luz artificial, alguém a colocou para o mundo. Gente sensível, que conheço, compartilhou como se mostrasse a senha para que consigamos viver o simples e entendamos a essência das coisas. A fertilidade pode estar onde aparentemente o estéril domine.

     Não se trata apenas de uma filosofia de vida, mas de uma verdade. Tirar leite de pedras é mais comum do que se pensa. Pessoas há que fazem do pessimismo paranoico uma marca de existência: enxergam falta de saída em tudo. Não conseguem regar a planta do seu dia a dia e veem sempre para si um mundo deserto. Claro, o otimismo piegas, alienado, sem consistência, também é um lado da moeda a ser evitado. Não mais das vezes, gente assim torna-se parecida com personagem de  livros de auto ajuda, que engordam as contas das editoras e autores e não fazem uma leitura real da vida.

     O que  pensamos, na verdade, é que, muitas vezes, podemos dar soluções a problemas que não possuem a gravidade que imaginamos. Sem necessidade, tornamos nossas próprias dores ilimitadas. Não reconhecemos a força que possuímos,  subestimamos nosso valor,  nossa capacidade de reagir.

     Por que não compreendermos melhor a força da natureza, da qual fazemos parte? Por que não fazermos dos fracassos, combustíveis para consequentes vitórias? Afinal, uma flor nasceu entre as pedras, celebrando, assim, a poesia da vida, em qualquer lugar do planeta.
 
Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.

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