sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL - ABCL


O ano de 1988 foi de eleição à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Quando um candidato nos procurou, nossos olhos ganharam um brilho especial. "É agora!" - pensamos. Queridos e respeitados em nossa localidade, usamos essa qualidade como argumento ao candidato e lhe expusemos nosso projeto. Este nos emprestou uma sala que servia de comitê eleitoral e, reunidos os elementos suficientes para formar a diretoria, foi fundada a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, no dia 7 de setembro de 1988. Na diretoria, assim constituída, eram somente três os cordelistas: o presidente, Gonçalo Ferreira da Silva, o vice, Apolônio Alves dos Santos e o diretor cultural, Hélio Dutra.

Nossas primeiras reuniões foram realizadas na sala de um político, que não cobrou pelo aluguel. Passados, porém, os momentos iniciais de euforia e vencido o prazo de cessão da sala, iniciamos um doloroso período de peregrinação. Como Groo, o errante, nossa instituição não tinha pousada certa.

HINO DA ABCL

Da inspiração mais pura,
no mais luminoso dia,
porque cordel é cultura
nasceu nossa Academia
o céu da literatura,
a casa da poesia.
Com infinita alegria,
com sentimento fraterno
dedicaremos eterno
amor à Academia,
ela será nosso guia
na alegria e na dor,
pois não há maior doutor
nem mais nobre formatura
que eleve a criatura
como a formada em amor.

Decreto celestial
há milênios redigido
é finalmente cumprido
quando a posição astral
oferece visual
de pura e rara beleza
em que vemos com clareza
unidos nossos destinos
nos estatutos divinos
no livro da natureza.

Autor: Gonçalo Ferreira da Silva

Penosamente, algumas das reuniões foram realizadas em bares, lanchonetes e restaurantes, até que um dia, em visita da diretoria da Academia Internacional de Letras, a figura de Abelardo Nunes se agigantou, abrindo-nos caminho em direção à Federação das Academias de Letras do Brasil, onde passamos a fazer nossas reuniões. Era o ano seguinte àquele em que foi fundada nossa academia. Aí, sim, tivemos como elaborar um calendário acadêmico, criamos um quadro de beneméritos e iniciamos uma sólida ponte de informações culturais, unindo nossa entidade aos principais centros de difusão da literatura de cordel no Brasil e no mundo. Com a comunidade acadêmica nos olhando de soslaio entre perplexa e zombeteira, partimos para a consolidação do nosso quadro acadêmico. Era o ano de 1990.

UMBERTO PEREGRINO

Umberto Peregrino, então Diretor da Biblioteca do Exército e fundador da Casa de Cultura São Saruê, grande amante da Literatura de Cordel, conhece Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da ABLC, e se tornam grandes amigos. Com esta aproximação, surge em Umberto Peregrino a idéia de fazer a transferência do acervo cultural de São Saruê para a Academia.

Hoje o corpo acadêmico da ABLC é composto de 40 cadeiras de membros efetivos, sendo que 25% destas cadeiras podem ser ocupadas por membros não radicados no Rio de Janeiro.

Fonte: Site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel  http://www.ablc.com.br/


Um comentário:

  1. João, que grande serviço você presta aqui em seu blog neste momento, divulgando uma das mais belas manifestações literárias do nordeste. Eu nem sabia que a ABLC tem sede no RJ. Sei que lá moram muitos nordestinos, mas achei estranho. Eu a procuraria no mínimo no Recife, que pra mim é a São Paulo ou a RJ do nordeste...

    Quando menino, aí com uns oito ou dez anos, em minha terra natal (Paranavaí - PR), cidade formada em parte por mineiros (sou filho de um), paulistas (mamãe), catarinos, mas também uma penca enorme de pernambucanos, paraibanos, cearenses, alagoanos e nordestinos mais, eu vi na estação Rodoviária, dependurado num barbante, um livrinho com uma capa engraçada. Tinha a figura do capeta lutando com alguém. Já naquele tempo eu gostava muito de desenho, e foi o desenho da capa que me acudiu a atenção. É tudo que me lembro.

    Ali eu tomava conhecimento do que fosse um livro de CORDEL. Lembro-me como se fosse hoje. Tempos depois vi uns desses livretos na casa de ALCIDES MAIA SOBRAL, um pernambucano, amicíssimo papai, Sontonho. Peguei pra ler e me apaixonei pelos escritos, a forma especial de versejar. (Às vezes até ensaio autoria nalguma bobagenzinha...)

    João, é uma pena que grande parte da juventude aqui do sul (e também d’outros Estados) não se dê conta das belezas que há nos cordéis. O tempo passa, mas quem sabe um dia eles não descubram?! Você está fazendo sua parte...

    Particularmente entendo que a evolução do homem só é possível pela leitura, pela literatura, pelo saber, pela cultura. Sem isso, nada feito! O resultado é um homem bruto, e essa violência que se vê grassar Brasil afora...

    Abs e bom final de semana.

    ZR

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