quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

TODAS AS DORES DA VIDA


 
CRÔNICA: DOUGLAS MENEZES

             Reli, outro dia, um texto do jornalista Cláudio Abramo, intitulado Inventário da Infância Perdida, onde o autor expõe a decadência e a  amargura   por que passa o ser humano a partir dos quarenta anos. Publicada há cerca de quinze anos, essa crônica nos traz uma preocupação que, na verdade,  se torna fonte de angústia, ao longo da existência.

               Ousei, em sala de aula, trabalhar   o escrito citado. Senti, entretanto, não haver  empatia por parte dos alunos, adolescentes  com outras preocupações. Uma aluna questionou:    “Que texto depressivo!”. Peixe fora d’água eu estava. Filosofia vã em plena era digital. Mas resolvi comentar aqui  o porquê do autor ser tão pessimista, tão desconstrutivo no tocante à maturidade e à velhice. E fiquei a pensar: realmente, em parte, o autor tem razão quando questiona  a visão romântica de que a infância é um doce paraíso de pureza e sonho. Consagrados autores brasileiros desconstruíram a concepção idílica da primeira idade. A aurora da vida  foi  para Sérgio de o Ateneu uma  dolorosa  experiência de descobertas nocivas: a constatação da hipocrisia, da falsidade, da ganância e apenas o domínio da aparência sobre a essência. O grande mago Machado de Assis  já observava isso: a total descrença no ser humano. José Lins do Rego, no  Romance Doidinho realiza uma Intertextualidade  com o livro de Raul Pompéia, analisa e desmistifica  essa infância cheia de luz e amor. Não-raro, o sonho de um futuro promissor, o quando crescer vou ser isto ou aquilo, torna-se uma sucessão de mediocridades e de vida comum. Afinal, não são muitos os famosos do mundo. Não caberia fama, prestígio a todas as crianças sonhadoras. A existência, então, impõe-se como algo que se aproxima mais do personagem da música de Raul Seixas às avessas: a gente se senta num trono de apartamento  esperando a morte chegar. E, mais das vezes, a busca pelos aspectos místicos, por algum tipo de religião, transforma-se, aí sim, num bálsamo, num alento, numa espécie de redenção de fim de vida. Na verdade, diante das frustrações óbvias, as pessoas se enganam, talvez, com qualquer consolo, desde que esse algo dê tranquilidade e coloque a ilusão de que valeu a pena.

               Todavia, dói saber que ter o a carro do ano, morar na zona sul do Recife, ou aposentar-se com proventos maiores, isto não foi  o bastante. Ou tenha sido tão-somente uma fuga, uma satisfação por não ter conseguido dar um maior sentido à vida. E as conquistas materiais alimentam um discurso já não suficiente.

                 Por isso, o texto  de Cláudio Abramo é pedagógico e, embora amargo, encerra a concepção de que somos nada ou talvez tudo, dependendo de como encaramos as dificuldades da existência. Mostra-nos, inclusive, o falso conceito de que a maturidade traz equilíbrio e sensação de dever cumprido. O vulcão jogando labaredas imensas. Apenas não é visto. Só o sofrido cristão sabe. Então, essa pretensa felicidade é mais uma utopia humana, que jogamos para os filhos e netos. Se dói ou não, alguém ou muitos pensam assim. E, por certo, não estão totalmente sem razão. Há suicidas que dedicaram a vida a vender felicidade aos outros, em livros e palestras, indicando a fórmula de ser feliz.

                      Mas, enfim, você, leitor, pode perguntar: E você? Eu vejo tudo com um misto de otimismo velado e um pessimismo calcado no que a realidade  nos mostra. Deixando sempre uma ponta futurista que acredita num mundo melhor.

                      Mas talvez ainda a pergunta que não quer calar. E você? Eu... eu, por enquanto escrevo pela madrugada. Escrevo para não morrer.

Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras

domingo, 1 de novembro de 2015

O MEDO NOSSO DE CADA DIA



O MEDO NOSSO DE CADA DIA
DOUGLAS MENEZES
A tortura começa logo cedo. Saindo de casa já o medo estampado. Nos coletivos a expectativa de uma arma na cabeça a qualquer momento. Rotina de terror dos brasileiros e brasileiras, A vida cada vez valendo menos. A dúvida sempre se vai voltar à noite. Um país doente que expõe seu povo trabalhador ao constrangimento e ao terror da violência gratuita, além de um desemprego que disarticula o todo social e infelicita milhares de famílias e o aumento da violência tem muito a ver com isso. Um estado falido. Uma culpa geral de quem comanda, seja no município, na esfera estadual ou federal. Enquanto discutem suas querelas distantes da massa que paga impostos caros, a gente está aqui, aguentando até o que diabo enjeita. Os ajustes sempre feitos à revelia e penalizando o lado social: Educação, Saúde, Infraestrutura e Segurança, estas pagando um preço altíssimo pela incompetência e corrupção.
 
Sopro de esperança quase nenhum. No horizonte o vazio de lideranças que tenham verdadeiramente espírito público. Ilusão as pessoas acharem que a crise é só econômica. Não é, fundamentalmente ela é política e só será resolvida com desprendimento e sentimento nacionalista. Tudo neste país parece travado, um pedacinho de esperança ainda aparece ao ler os jornais pela manhã, a ingênua busca, com os olhos nas letras, de encontrar notícias que nos façam sair do beco, que nos conduzam ao reencontro de uma existência mais digna e menos penosa. Mas as letras e imagens criam a desilusão de que nada vai mudar e todo dia, denúncias e mais denúncias de desvio do dinheiro público, numa cantilena monótona e já desinteressante. O povo olha descrente e anestesiado por tudo o que escuta e vê.
 
Quisera, neste domingo ensolarado do primeiro dia do mês, fazer uma crônica dizendo de moças bonitas, de rapazes sarados e crianças brincando ao redor do mar. Ou mesmo descrever o amor como sentimento maior. Mas assustado, caminho na minha cidade quase deserta , olhando para os lados, como se essa paranóia, esse terror de ser agredido no meu direito de ir e vir, levassem, de vez, a esperança de uma nação mais humana. Um país cheio de jardins, sem flores, é o que sinto, é o que vejo.
 
Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras
 
Cabo de Santo Agostinho, primeiro de novembro de 2015.
.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

POEMA – MÁQUINA DE ESCREVER


 
Mãe, se eu morrer de um repentino mal,
vende meus bens a bem dos meus credores:
a fantasia de festivas cores
que usei no derradeiro Carnaval.
Vende esse rádio que ganhei de prêmio
por um concurso num jornal do povo,
e aquele terno novo, ou quase novo,
com poucas manchas de café boêmio
.
Vende também meus óculos antigos
que me davam uns ares inocentes.
Já não precisarei de duas lentes
para enxergar os corações amigos.
Vende , além das gravatas, do chapéu,
meus sapatos rangentes. Sem ruído
é mais provável que eu alcance o Céu
e logre penetrar despercebido.

Vende meu dente de ouro. O Paraíso
requer apenas a expressão do olhar.
Já não precisarei do meu sorriso
para um outro sorriso me enganar.
Vende meus olhos a um brechó qualquer
que os guarde numa loja poeirenta,
reluzindo na sombra pardacenta,
refletindo um semblante de mulher.

Vende tudo, ao findar a minha sorte,
libertando minha alma pensativa
para ninguém chorar a minha morte
sem realmente desejar que eu viva.

Pode vender meu próprio leito e roupa
para pagar àqueles a quem devo.
Sim, vende tudo, minha mãe, mas poupa
esta caduca máquina em que escrevo.
Mas poupa a minha amiga de horas mortas,
de teclas bambas, tique-taque incerto.
De ano em ano, manda-a ao conserto
e unta de azeite as suas peças tortas.

Vende todas as grandes pequenezas
que eram meu humílimo tesouro,
mas não! ainda que ofereçam ouro,
não venda o meu filtro de tristezas!

Quanta vez esta máquina afugenta
meus fantasmas da dúvida e do mal,
ela que é minha rude ferramenta,
o meu doce instrumento musical...
Bate rangendo, numa espécie de asma,
mas cada vez que bate é um grão de trigo.
Quando eu morrer, quem a levar consigo
há de levar consigo o meu fantasma.

Pois será para ela uma tortura
sentir nas bambas teclas solitárias
um bando de dez unhas usurárias
a datilografar uma fatura.
Deixa-a morrer também quando eu morrer;
deixa-a calar numa quietude extrema,
à espera do meu último poema
que as palavras não dão para fazer.

Conserva-a, minha mãe, no velho lar,
conservando os meus íntimos instantes,
e, nas noites de lua, não te espantes
quando as teclas baterem devagar
.
GIUSEPPE GHIARONI

domingo, 30 de novembro de 2014

SAUDADE DA "VOZ"...




Ah! Saudade rude, saudade atroz;

Que me faz, o peito, anginar;

E o cansado coração acelerar;

Lembrando o divulgar da “voz”.

Ah! O relembrar das lutas, com pujança;

A desfilar artigos, simples e brilhantes;

Entrevistas inesquecíveis, tão marcantes;

Visões de um futuro, pleno de esperança.

Acompanhamos o reescrever risonho;

Da “voz”, ressaltando verdade e alegria;

Embalando os sonhos de todos nós.

Mas, a saudade amargura o coração;

Sem poder ler, ouvir no dia a dia;

Ah! Saudade da “voz”, da tua voz, meu irmão...


Ronaldo Menezes de Oliveira

Cabo, 08/07/2014

Em homenagem ao Mano Antonino de Oliveira Júnior (Tuninho).

sexta-feira, 18 de abril de 2014

NA DESPEDIDA DE GABRIEL GARCIA MARQUEZ - UMA LIÇÃO


Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!… Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas: amo-te, amo-te. Convenceria cada mulher e cada homem de que são os meus favoritos e viveria apaixonado pelo amor.

Aos homens, provar-lhes-ia como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O DUQUE DE CAXIAS

O Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, fundador da República e o 13º Grão Mestre da Maçonaria, foi iniciado em 20 de setembro de 1873 na tradicional Loja Maçônica "ROCHA NEGRA", do Oriente de São Gabriel, Estado do Rio Grande do Sul. Deodoro, era a esse tempo, o coronel comandante do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, sediado em São Gabriel. Em sua memorável cerimônia de iniciação, foram seus companheiros, os capitães João Vicente Leite de Castro, Antonio Fernandes Barbosa e Idalino Favorino Vilaça: o alferes Cândido Marques da Rocha e os civis: Augusto Fayette, Thomaz Borges Fortes, Fiuzo Francisco Gonçalves e Gaspar Ferreira Cardozo. Comemoramos de forma expressiva o Aniversário da Proclamação da República, instaurada no país. Conta-nos a história do dia 15 de novembro de 1889 que "na casa de Deodoro, reuniram-se no dia 11 de novembro de 1889, os maçons: Benjamin Costant, Aristides Lobo, Quintino Bocaiúva, Francisco Glicério, Rui Barbosa, Cel Catuária, Major Frederico Sólon Ribeiro, Almirante Wanderkolk, Frederico Lorena e outros, ficando combinadas as medidas necessárias não sem um certo trabalho do incansável Irmão Benjamim Constant, que só após alguns esforços, conseguiu vencer os escrúpulos de Deodoro, pois este apenas era apologista da revolução que derrubasse o gabinete Ouro Preto, e só depois de ouvir longamente Benjamim Constant, que era a alma do movimento republicano, foi que deixou escapar as suas primeiras palavras em prol da REPÚBLICA." Eu respeito muito o Imperador, está velho e eu queria acompanhar-lhe o caixão ao cemitério, mas já que ele quer, faça-se a República". E a quinze de novembro, o Irmão Deodoro da Fonseca, que havia passado o dia anterior acometido de dispneia tão forte que os seus amigos chegaram a pensar em adiar o movimento, assumia o comando das forças para proclamar a Republica. Foi o 13º Grão Mestre GOB no período de 1890 a 1891 e faleceu em 1892, três anos após ter proclamado a República. Coroava-se de pleno êxito mais uma luta da Maçonaria pela grandeza de nossa Pátria. Fonte: Revista "A Verdade" - Novembro de 1972.

O PASSADO É PASSADO

O Passado é Passado, mas o Amanhã durará para Sempre Em nossas vidas, tantas vezes olhamos para trás... pensando em como tudo aconteceu e como tudo poderia ter sido. Não há nada errado em olhar para trás, mas certamente é um erro ficar ruminando o passado e perguntando: "E se...?". Ao contrário, devemos nos concentrar no dia de hoje, no amanhã e nos amanhãs que estão por vir. Ainda há muitos dias maravilhosos no porvir. O passado é passado... mas o amanhã durará para sempre. Deixe que cada amanhã preencha seu coração com amor e risadas; os seus dias, com sonhos tornados realidade e sua vida, com uma esperança infinita de felicidade. Autor: A. Rogers

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

TUDO TEM SEU TEMPO DETERMINADO

TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. (Rei Salomão)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

HIROSHIMA SEM AMOR

DOUGLAS MENEZES

  O cogumelo parece sair das entranhas da terra. Como um deus sentenciando a todos. A rosa que o poeta falou: sem cor, sem brilho, sem cheiro, fabricando um jardim disforme, florido de flamejantes flores do inferno. A floresta do mal enegrecida pela intolerância do império. A história sempre foi assim: o poder não tem sentimentos. Não precisa de justificativa, a existência é feita de paradoxos: há vida, porque há morte. Na ação, todos os inocentes são culpados.
    Hiroshima não foi diferente. Hiroshima não é diferente. Ficou o mundo sob o domínio do medo. Até hoje os nascidos agora refletem o pesadelo. O argumento é forte: destruir para renascer. Hiroshima não tem amor. Dói muito, no entanto. Nascemos todos depois, mas é como tivéssemos nascidos antes. Ficar fazendo parágrafos para relembrar uma data que poderia ter sumido no tempo. Afinal, foi mais um ato histórico comum.
     Porém os eventos de outrora deixam vestígios de destruição, mas são congelados no passado, mumificam-se com o passar dos séculos. Hiroshima é outra história: o passado vive no presente e no futuro. Ainda estão nascendo os frutos daquela árvore: cancerosos, acéfalos, anencéfalos, mal pensantes, raquíticos, cegos e surdos. Hiroshima Meu Amor, a paz que reencontra o medo, o trauma, a vivência que não apaga da memória o horror. Templo nenhum que console os que surgiram pranteando aquele momento, que insiste em viver. Há mais de seis décadas Hiroshima foi o recado dado ao mundo: há sempre um rei em todos os tempos, e essa história imutável carrega o barco da humanidade de uma esperança  que deve ser a última a morrer, sem sabermos quando.
       Que se tenha em mente a necessidade de reviver. O esquecimento pode incentivar a repetição, pois eles se multiplicam como a Hidra de Lerna, da mitologia para os dias de hoje. E o dilúvio que destruiu um tempo nas águas da ira de Deus, poderá retornar trazendo não a força da enxurrada líquida,  mas a luz incandescente e envenenada do cogumelo do mal. Hiroshima, Hiroshima ....
Douglas  Menezes é membro da Academia Cabense de Letras (7 de agosto de 2013)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A VIDA É CURTA?

"Dizem que a vida é curta, mas não é verdade.
A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades.
E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando de esconde-esconde.
Infelizmente às vezes não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos.
A vida é mais emocionante quando se é ator e não espectador; quando
se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e
não montaria.
E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos..
Esta mensagem é um tributo ao tempo.
Tanto àquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto
àquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro.
Porque a vida é agora."

Revista Isto é no. 1773 24 Set. 2003 Editora Três

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O AMOR

Por Khalil Gibran 

E alguém disse:
Fala-nos do Amor:

- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem
vos possa ferir.

E quando vos falar, acreditai nele;
apesar de a sua voz
poder quebrar os vossos sonhos
como o vento norte ao sacudir os jardins.

Porque assim como o vosso amor
vos engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura
e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes
sacudindo o seu apego à terra.

Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo
para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.

Então entrega-vos ao seu fogo,
para poderdes ser
o pão sagrado no festim de Deus.

Tudo isto vos fará o amor,
para poderdes conhecer os segredos
do vosso coração,
e por este conhecimento vos tornardes
o coração da Vida.

Mas, se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez
e sair do campo do amor,
a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir,
mas nunca todos os vossos risos,
e chorar,
mas nunca todas as vossas lágrimas.

O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.

O amor não possui
nem quer ser possuído.

Porque o amor basta ao amor.

E não penseis
que podeis guiar o curso do amor;
porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.

O amor não tem outro desejo
senão consumar-se.

Mas se amarem e tiverem desejos,
deverão se estes:
Fundir-se e ser um regato corrente
a cantar a sua melodia à noite.

Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor,
e sangrar de bom grado e alegremente.

Acordar de manhã com o coração cheio
e agradecer outro dia de amor.

Descansar ao meio dia
e meditar no êxtase do amor.

Voltar a casa ao crepúsculo
e adormecer tendo no coração
uma prece pelo bem amado,
e na boca, um canto de louvor.
 
Khalil Gibran

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A GERAÇÃO DIGITAL E O POVO NAS RUAS

Por Douglas Menezes

Eles chegam às ruas como se conhecessem e não se conhecem. Gritam palavras de ordem que não partem de nenhum comandante. Se perguntados quem é o líder, a resposta pode ser invariável: é o “face”. Em outras palavras, inaugura-se no Brasil um modo diferente de se mobilizar, de se fazer política de massa. A bofetada arremessada contra \os p...olíticos e seus partidos nesses dias tensos de manifestações, expressa uma mudança até pouco tempo inimaginável no país, um modo avançado de se juntar povo nas ruas, baseado totalmente na tecnologia, na civilização digital, e um aviso de que “nada do que foi será do jeito que já foi um dia”. A história está sendo reescrita ou seja, digitada pela nova geração. E a ausência de um conteúdo ideológicos nos protestos, antes de ser um componente alienante, serve para marcar espaço, para dizer que as velhas práticas políticas, com seus conceitos arcaicos e dissociados do momento atual, deve ser substituído por algo novo, que não sabemos, na verdade, o que é. Há, nisso tudo, um elemento sensitivo, à flor da pele, não sendo cerebral, é captado de modo espontâneo, baseado nas carências do dia a dia, que mexem, principalmente, com a sobrevivência de cada indivíduo: Educação, Saúde, Transporte, Inflação, Impostos e Corrupção dos políticos.

Por outro lado, observamos um aspecto cuja evidência ficou constatada nas manifestações: a classe política mostrou-se totalmente despreparada para entender e aplicar as novas tecnologias em suas ações. As velhas práticas seculares de anestesiar o povo, principalmente com o assistencialismo, o sempre deixar para amanhã o que é urgente, a distância entre a sociedade e seus gabinetes, o sentimento de impunidade, a esperteza, a endêmica incompetência, tudo isso parecia intocável para os políticos, mas a gota d’água chegou através dos gastos astronômicos com a copa do mundo, a ser realizada no próximo ano. Na verdade, o argumento da copa foi o acordar de um vulcão que há muito já soltava suas lavas.

A juventude digital, então, não perdoou. Se os excessos acontecem, a legitimidade do que ocorre nas ruas é incontestável. Que se cuidem as velhas direita e esquerda. Elas ainda cultivam ultrapassados líderes ditatoriais, que tratam seus países como feudos e impedem suas populações de terem acesso aos avanços tecnológicos e às transformações pelas quais passa o planeta. A Sociedade desorganizada está protestando, já alguns tímidos resultados aparecem. O que virá daqui para frente, não sabemos. Sentimos, no entanto, os ventos da mudança soprando. A continuidade das velhas práticas cansou a todos. A geração “ face book” deixa o recado claro: “ Nada do que foi será do jeito que já foi um dia” .

Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

UMA FLOR ENTRE AS PEDRAS

                  

DOUGLAS MENEZES

   Vi agora, no visual árido, uma flor que vai brotando, como se o impossível fosse possível, e foi. Um alerta, um alento. A aridez  e a explosão nascida de uma flor que nem sei o nome. Exuberante, desafiando o  que se pensa não ter vida. A natureza põe poesia na existência. A crônica se faz das coisas singelas. Constatação óbvia, verdadeira, no  entanto.

   Vi essa imagem no velho computador, na luz artificial, alguém a colocou para o mundo. Gente sensível, que conheço, compartilhou como se mostrasse a senha para que consigamos viver o simples e entendamos a essência das coisas. A fertilidade pode estar onde aparentemente o estéril domine.

     Não se trata apenas de uma filosofia de vida, mas de uma verdade. Tirar leite de pedras é mais comum do que se pensa. Pessoas há que fazem do pessimismo paranoico uma marca de existência: enxergam falta de saída em tudo. Não conseguem regar a planta do seu dia a dia e veem sempre para si um mundo deserto. Claro, o otimismo piegas, alienado, sem consistência, também é um lado da moeda a ser evitado. Não mais das vezes, gente assim torna-se parecida com personagem de  livros de auto ajuda, que engordam as contas das editoras e autores e não fazem uma leitura real da vida.

     O que  pensamos, na verdade, é que, muitas vezes, podemos dar soluções a problemas que não possuem a gravidade que imaginamos. Sem necessidade, tornamos nossas próprias dores ilimitadas. Não reconhecemos a força que possuímos,  subestimamos nosso valor,  nossa capacidade de reagir.

     Por que não compreendermos melhor a força da natureza, da qual fazemos parte? Por que não fazermos dos fracassos, combustíveis para consequentes vitórias? Afinal, uma flor nasceu entre as pedras, celebrando, assim, a poesia da vida, em qualquer lugar do planeta.
 
Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

ACÁCIA. . .


Ah... como te vejo em diferentes formas...
altaneira...suave...bela.
Da janela do meu quarto, vejo-te Acácia.
Compartilho contigo teus estágios
em diferentes mutações das estações.
Perpassam em meus pensamentos
teus valores religiosos,
tua tradição e teus inúmeros símbolos.
Ao contemplar-te recordo do que representou
a arca da aliança, a coroa de espinhos.
Ainda, aquele que foi plantado
no túmulo de Hiram e
todo o pensamento judaico-cristão.
Símbolo solar de renascimentos e imortalidade.
Ao olhar-te percebo a tua fortaleza
ante as vicissitudes da vida.
Sinto tua sede quando todas as tuas folhas
tombam no inverno.
Compreendo que te despedes
para adubar as plantinhas
que nascem ao teu redor e deixar,
por algum período,
que o sol as revitalize com a tua energia.
Estou sempre a reverenciar-te e,
muitas vezes, com sentimentos de gratidão
e misericórdia; outras, com ternura, amor e esperança.
Procuro aprender contigo as lições da perseverança e da
obediência às leis naturais que vem transmitindo através dos tempos.
Aos poucos estou entendendo, com o teu exemplo, que é preciso saber
morrer para renascer...
a cada estação, a cada emoção,
a cada encontro,
a cada decepção,
a cada sonho
e a cada adeus...
JOSE MENDES

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A NITIDEZ POLÍTICA E A DITADURA

  
DOUGLAS MENEZES

  Não é saudosismo, e talvez até seja. Não nego que uma  coisa que me deixa com saudade no período da ditadura, claro, não o regime em si, era a transparência de lado que existia na política. Mesmo abrigados na oposição consentida do MDB, e da situação, expressa pela Aliança renovadora nacional (ARENA), os grupos de direita, centro e esquerda delimitavam seu território. Sabíamos onde estávamos pisando. Os políticos não escondiam suas posições, apesar dos riscos. Lembro, ainda menino, criei verdadeiros ídolos, que nos faziam vibrar pelas  atuações combativas. Estavam lá povoando o sonho de mais liberdade na visão do ainda adolescente, Marcos Freire, Jarbas Vasconcelos, Maurílio ferreira Lima, Fernando Lyra, Cristina Tavares, Egídio Ferreira  Lima,  entre tantos outros.

   A luta contra o regime de exceção era uma verdadeira escola política, Como foi pedagógica para milhares de jovens adquirirem consciência democrática. A juventude brasileira entendia valer a pena correr riscos, e os anos de chumbo não eram brinquedo.

  Crescemos nesse ambiente de ebulição, aprendendo que liberdade se conquista na luta e, apesar dos exageros próprios da idade, foi um período de aprendizagem que moldou o caráter, para o bem, de muita  gente. As pessoas aprendiam ter lado, a definir objetivos, inclusive no aspecto cultural. Havia uma “guerra” na música. Definíamos nossa preferência também pela posição dos artistas, pela postura contra ou a favor do sistema. A MPB  fervia, e grandes nomes confirmaram  através dos anos o valor artístico de suas obras. Estão aí, eternos, Vinicius, Chico, Tom, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Vandré, Edu Lobo, e tantos que enriqueceram nossa cultura, a partir da postura política, de buscar a democracia e a liberdade de expressão pela arte.

   Tempo diferente de hoje. Se as conquistas democráticas se configuraram e vivemos num estado de direito quase pleno, por outro lado, abdicamos, e isso é muito ruim, de uma nitidez política necessária a qualquer democracia que se preze. Hoje, partidos que deveriam apresentar uma linha mais definida, como o PT e PCDB, na busca das transformações ainda muito necessárias ao país, Se apresentam como partidos que trocaram um projeto Brasil, por uma continuidade de poder: temos ainda, uma péssima distribuição de renda, uma Educação ruim, uma saúde capenga, que não corresponde às reais necessidades do povo e uma segurança que deixa a desejar. Sem falar da tentativa de controlar e cercear a livre expressão da imprensa.

    Que aqueles anos não voltem mais. Todavia, dá saudade sim, de ver o povo nas ruas pedindo Diretas Já, mobilizado, “sem ódio e sem medo”, numa consciência política pouco vista hoje. Agora, o noticiário é de escândalos, de desvio de dinheiro público de violência e de outras mazelas que nos fazem menor. Além de uma juventude sem rumo. Essa mesma que um dia assumirá o comando do país.

    Que voltemos a ter um confronto nítido de ideias, projetos claros para o país. Que retornemos ao Nacionalismo que tanto acalentou gerações, para que não tenhamos saudade do que passou.

Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras

PRODUÇÃO DE TEXTO: A PARÁFRASE

 

Douglas Menezes*

Paráfrase significa transposição. Em redação, é transformar um poema (texto em versos) numa produção escrita em prosa ( texto em linhas contínuas).
A Paráfrase não se trata de uma interpretação do poema, mas uma redação que contenha o mesmo conteúdo. É como se você se transformasse no próprio poeta, sendo que o novo texto, seria em prosa e com suas próprias palavras. O conteúdo do poema não muda, mudam os vocábulos, aparecem novas ideias e exemplos, enriquecendo o texto que deu origem à Paráfrase. É uma técnica que contribui muito para o desenvolvimento intelectual daqueles que pretendem escrever bem.
Na Paráfrase há uma ampliação do conteúdo. Procure introduzir conceitos seus. Fazendo isto, você estará demonstrando personalidade e passando a escrever com desembaraço.
Veja um exemplo de um texto parafraseado. Trata-se do poema Sobre a Ambição, de Guilherme de Almeida. Note que a Paráfrase não é uma imitação, mas uma recriação de um conteúdo, portanto não é plágio, mas um processo de Intertextualidade.


SOBRE A AMBIÇÃO: PARÁFRASE
"SOBRE A AMBIÇÃO"
GUILHERME DE ALMEIDA 
Só de pó Deus o fez. Mas ele, em vez de se conformar,
 quis ser sol, e ser mar, e ser céu... Ser tudo, enfim.
 Mas nada pôde! E foi assim que se pôs a chorar de furor... 
Mas ah! foi sobre sua própria dor que as lágrimas tristes rolaram. 
E o pó, molhado, ficou sendo lodo - e lodo só!

Veja, agora, uma Paráfrase resumida deste poema.

SOBRE A AMBIÇÃO
A ambição do ser humano não tem limite. Quanto mais tem, mais quer. Não importa se para conseguir seus objetivos, tenha que “pisar” nos semelhantes. Sua sede de conquista é tão grande que até mesmo seu Criador é esquecido.
Embora tenha surgido do nada, criado para servir a Deus, o homem, através dos séculos, vem procurando dominar tudo o que aparece à sua frente. No entanto, a limitação que ele possui termina causando-lhe uma profunda frustração, pois, por mais que avance, esbarra na condição de que veio do pó e para o pó irá voltar.
Por isso, não adianta riquezas, ostentações, orgulho, poder, pois quando menos se espera, eis que a trama da vida é cortada e simplesmente o homem retorna à origem. Pior: apodrece, enche-se de vermes, no estranho processo onde todos são iguais, sem distinção de cor e raça ou nação. Enfim, o padecimento, a constatação de que nada mais é a não ser lama.
Douglas Menezes
Você observou que o conteúdo, apesar de manter sua essência, foi ampliado por novas ideias e um vocabulário próprio.

*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras

quarta-feira, 15 de maio de 2013

FALSOS HERÓIS

Por Luiz Maia* 
Cansei de ver prosperar a mentira, o endeusamento de falsos ídolos, o triste modismo do culto exagerado ao corpo. Não dá mais para se ler um jornal, assistir ao noticiário da tevê, escutar a rádio sem esconder um sentimento de indignação. Cansei de olhar a vida sem a perspectiva de que algo decente pudesse ocorrer em nosso país. Eu queria ver as pessoas usufruindo da boa música, de um filme que enalteça a superação e ao final todas pudessem sair do cinema felizes. Quem se atreve hoje a ligar a televisão para assistir a um programa ao lado da família, sem receio de vir a se decepcionar? Ninguém. O que se vê é a prevalência do mau político sobre o homem de bem, o corrupto que bate no peito se dizendo orgulhoso pelos atos praticados. Pena que mesmo assim sejam eles eleitos pela sociedade.

Eu não compreendo a razão de se dar tanto destaque à mediocridade em detrimento daquilo que tem valor. É difícil entender o jogador de futebol que é exaltado como se fosse um deus. Pseudo artistas que se tornam famosas por possuírem um corpo malhado, gente que se presta a posar nua na primeira revista que lhe ofereça um cachê compensador. Neste sentido o apelo erótico funciona apenas como atalho para alcançar seus objetivos de ordem material. A mídia, que deveria elevar o padrão de sua programação, infelizmente parece mesmo disposta a nivelar-se por baixo. É necessário que se dê um basta nesse festival de mau gosto. Lamento que os meios de comunicação queiram nos impor falsos heróis goela abaixo. Esses não representam em nada o Brasil real. É preciso de uma vez por todas rever o conceito do que é decente e do que merece ser realmente valorizado. No meu modo de ver, heróis de verdade são as pessoas simples que trabalham noite e dia para se sustentarem, muitas vezes sendo preciso apanhar quatro conduções para chegar ao trabalho. Gente honesta que se acorda cedinho e que vai dormir tarde da noite para obter o pão, ganhando pouco e sofrendo às vezes sérias humilhações. Heróis são os garis que limpam as cidades que nós ajudamos a emporcalhar, são pedreiros que sujam as mãos na massa e no cimento trabalhando pesado para erguer os prédios nos quais iremos morar.

Verdadeiros heróis são aqueles homens do povo, os motoristas que se debruçam sobre a direção de ônibus e caminhões, colaborando para levar o progresso aos quatros cantos do país. Não podemos esquecer a laboriosa classe dos professores, homens e mulheres que levam o conhecimento às pessoas, heróis anônimos ignorados neste país. Heróis de verdade são todas as criaturas humildes que trabalham noite e dia, gente simples deste imenso Brasil, homens e mulheres sofridos que ganham a vida distante do glamour dos holofotes, longe do brilho falso dos palanques daqueles que detêm o poder. Indivíduos que carregam consigo apenas a marca da honestidade, característica nobre que simboliza as pessoas de bem.
Diario de Pernambuco - Recife, terça-feira 14 de maio de 2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

CASTELOS NA AREIA


São pequenas coisas que nos ensinam muito.
Num dia de verão, eu estava na praia, espiando duas crianças na areia. Trabalhavam muito, construindo um castelo de areia molhada, com torres, passarelas e passagens internas....
Quando estavam perto do final do projeto, veio uma onda e destruiu tudo, reduzindo o castelo a um monte de areia e espuma.
Achei que as crianças cairiam no choro, depois de tanto esforço e cuidado, mas tive uma surpresa: em vez de chorar, correram para a praia, fugindo da água, rindo, de mãos dadas e começaram a construir outro castelo.
Compreendi que havia recebido uma importante lição: tudo em nossas vidas, todas as coisas que gastam tanto de nosso tempo e de nossa energia para serem construídas, tudo é feito de areia; só o que permanece é o nosso relacionamento com as outras pessoas.
Mais cedo ou mais tarde, a onda virá e irá desfazer o que levamos tanto tempo para construir.
“Quando isso acontecer, somente aquele que tem as mãos de alguém para segurar será capaz de rir.”
[Autor desconhecido]

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A DIFERENÇA ENTRE FORÇA E CORAGEM


É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil.

É preciso ter força para se defender, mas é preciso coragem para baixar a guarda.

É preciso ter força para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render.

É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para ter dúvida.

É preciso ter força para manter-se em forma, mas é preciso coragem para ficar de pé.

É preciso ter força para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.

É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los.

É preciso ter força para suportar o abuso, mas é preciso coragem para fazê-lo parar.

É preciso ter força para ficar sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio.

É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado.

É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para viver.

Se você sente que lhe faltam a força e a coragem, queira Deus que o mundo possa abraçá-lo hoje com Calor e Amor !

E que o vento possa levar-lhe uma voz que lhe diz que há um Amigo, vivendo num outro lado do Mundo, desejando que você esteja bem.
(texto de autoria desconhecida)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

UM MOMENTO



 



POR DOUGLAS MENEZES


EU NÃO QUERIA VER SÓ DE RELANCE
UMA LUA CHEIA DIGITADA
UM SOL NET QUE A GENTE FABRICA
EU NÃO QUERIA DEDOS
NERVOSOS
MAS MENTES TRANQUILAS
FABRICANDO SONS E LUZES
EU NÃO QUERIA ME VER ASSIM
FRENTE A UM BRILHO QUE ME OFUSCA OS OLHOS
E BUSCANDO CRIANÇAS PERDIDAS,
NUNCA ACHADAS.
MUNDO QUE SE VÊ E OUVE,
MAS NÃO SE PEGA, NÃO SE CHEIRA, NÃO SE SENTE.
MUNDO DE AMIGOS DE SUPERFÍCIE
DE IMAGENS MAQUIADAS
E PIADAS SEM GRAÇA
O QUE QUERO, ENFIM
É A GRAÇA DO BÊBADO NA FEIRA
É A MOLHADA TERRA DA CHUVA.
O QUE QUERO, ENFIM
É O SOL QUENTE DA PRAIA QUE NÃO VEJO MAIS
OU UMA LUA NATURAL DE NAMORADOS E ASTRONAUTAS.
QUERO SIM, ME LIVRAR DA MENTIROSA LUZ
QUE ME AFASTA DA VIDA
E CEGA ESSES OLHOS CANSADOS DE OLHAR O QUE NÃO QUEREM.

DOUGLAS MENEZES É DA ACADEMIA CABENSE DE LETRAS.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

QUANDO ME AMEI DE VERDADE


Quando me amei de verdade pude compreender
que em qualquer circunstância, eu estava no
lugar certo, na hora certa. Então pude relaxar.

Quando me amei de verdade pude perceber que
o sofrimento emocional é sinal de que estou indo
contra a minha verdade.

Quando me amei de verdade parei de desejar
que a minha vida fosse diferente e comecei a ver
que tudo o que acontece contribui para o meu
crescimento.

Quando me amei de verdade comecei a
perceber como é ofensivo tentar forçar alguma
coisa ou alguém que ainda não está preparado
- inclusive eu mesmo.

Quando me amei de verdade comecei a me livrar
de tudo o que não fosse saudável.
Isso quer dizer: pessoas, tarefas, crenças e
qualquer coisa que me pusesse pra baixo.
Minha razão chamou isso de egoísmo. Mas hoje
eu sei que é amor-próprio.

Quando me amei de verdade deixei de temer
meu tempo livre e desisti de fazer planos.
Hoje faço o que acho certo e no meu próprio
ritmo. Como isso é bom! ...

Quando me amei de verdade desisti de querer ter
sempre razão, e com isso errei muito
menos vezes.

Quando me amei de verdade desisti de ficar
revivendo o passado e de me preocupar com o
futuro. Isso me mantém no presente, que é onde
a vida acontece.

Quando me amei de verdade percebi que a
minha mente pode me atormentar e me
decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço
do meu coração, ela se torna uma grande e
valiosa aliada.

Trechos do Livro:
"QUANDO ME AMEI DE VERDADE"
(Kim McMillen & Alison McMillen)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

CRESCENTE


Por Ângela Gomes

Seu sorriso azul

É a lua festejando o sol

No espelho do céu

Imagem da web: "O beijo" (1931) - Pablo Picasso

segunda-feira, 25 de março de 2013

A CINZA DAS HORAS, DE MANUEL BANDEIRA


Este primeiro trabalho literário de Manuel Bandeira, “A Cinza das Horas”, é caracterizado pelo lúgubre aparato que rodeia o imaginário do poeta, com poemas parnasiano-simbolistas, paralelos à época do seu adoecimento (1917). O poeta não tinha intenção de enveredar na carreira literária,  e apenas extravasar o seu descontentamento frente a nova situação, quando foi desenganado pela medicina. Daí, a motivação para sua intensa produção literária, que começou com “A Cinza das Horas”, de onde apreciamos estes dois poemas.

EPÍGRAFE

Sou bem-nascido. Menino,          
Fui, como os demais, feliz.          
Depois, veio o mau destino         
E fez de mim o que quis.  


Veio o mau gênio da vida,
Rompeu em meu coração,          
Levou tudo de vencida,     
Rugia e como um furacão,           


Turbou, partiu, abateu,      
Queimou sem razão nem dó -     
Ah, que dor! 
Magoado e só,        
- Só! - meu coração ardeu:           


Ardeu em gritos dementes           
Na sua paixão sombria...  
E dessas horas ardentes  
Ficou esta cinza fria.          
- Esta pouca cinza fria.      



DESENCANTO Eu faço versos como quem chora          
De desalento. . . de desencanto. . .         
Fecha o meu livro, se por agora  
Não tens motivo nenhum de pranto.      


Meu verso é sangue. Volúpia ardente.   . .
Tristeza esparsa... remorso vão...           
Dói-me nas veias. Amargo e quente,     
Cai, gota a gota, do coração.       


E nestes versos de angústia rouca,        
Assim dos lábios a vida corre,     
Deixando um acre sabor na boca.          


- Eu faço versos como quem morre.      

sexta-feira, 22 de março de 2013

A ARTE DE NÃO ADOECER


Se não quiser adoecer...

...Fale de Seus Sentimentos.
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos “segredos”, nossos erros... O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia!
Se não quiser adoecer...
...Tome Decisões.
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.
Se não quiser adoecer...
...Busque Soluções.
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.
Se não quiser adoecer...
...Não Viva de Aparências.
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.
Se não quiser adoecer...
...Aceite-se.
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável.Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.
Se não quiser adoecer...
...Confie.
Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.
Se não quiser adoecer...
...Não Viva Sempre Triste.
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia!
Por Dr Dráuzio Varella