DOUGLAS MENEZES
Vi agora, no visual árido, uma flor que vai
brotando, como se o impossível fosse possível, e foi. Um alerta, um alento. A aridez
e a explosão nascida de uma flor que nem
sei o nome. Exuberante, desafiando o que
se pensa não ter vida. A natureza põe poesia na existência. A crônica se faz
das coisas singelas. Constatação óbvia, verdadeira, no entanto.
Vi essa imagem no velho computador, na luz
artificial, alguém a colocou para o mundo. Gente sensível, que conheço,
compartilhou como se mostrasse a senha para que consigamos viver o simples e
entendamos a essência das coisas. A fertilidade pode estar onde aparentemente o
estéril domine.
Não se trata apenas de uma filosofia de
vida, mas de uma verdade. Tirar leite de pedras é mais comum do que se pensa. Pessoas
há que fazem do pessimismo paranoico uma marca de existência: enxergam falta de
saída em tudo. Não conseguem regar a planta do seu dia a dia e veem sempre para
si um mundo deserto. Claro, o otimismo piegas, alienado, sem consistência,
também é um lado da moeda a ser evitado. Não mais das vezes, gente assim
torna-se parecida com personagem de
livros de auto ajuda, que engordam as contas das editoras e autores e
não fazem uma leitura real da vida.
O que
pensamos, na verdade, é que, muitas vezes, podemos dar soluções a
problemas que não possuem a gravidade que imaginamos. Sem necessidade, tornamos
nossas próprias dores ilimitadas. Não reconhecemos a força que possuímos, subestimamos nosso valor, nossa capacidade de reagir.
Por que não compreendermos melhor a força
da natureza, da qual fazemos parte? Por que não fazermos dos fracassos,
combustíveis para consequentes vitórias? Afinal, uma flor nasceu entre as
pedras, celebrando, assim, a poesia da vida, em qualquer lugar do planeta.
Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.
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